sábado, 28 de março de 2009

Voe para mim!

Chegue mais perto... Não se acanhe. Tenho algo a ti dizer. Sabe aqueles dias em que você não se sente tão bem assim? Aqueles dias, sabe, pachorrentos, estéreis; enfim, monótonos? Pois bem, hoje, a princípio, foi um dia desses. Sábado típico de outono: sem sol e sem sal, nublado. Acordei avaro, mesmo consciente de minhas obrigações acadêmicas. Até tentei ler alguns livros aí, mas, admito, não encontrei o que procurava: a Inspiração. Enquanto procurava tal graça, lá, sentado sozinho no sofá, acabei recebendo uma pequena visita inusitada - um pássaro. Sim! O danado adentrou minha alcova celibatária pela janela do quarto de mamãe. A janela estava pudicamente escancarada e o pequeno xereta adentrou avidamente... Mas por que menciono esse caso aqui? Veja bem, mesmo num dia tão chato e improdutivo, um pássaro se atreveu a voar! Pareço impreciso? Quase insano? Pois leia com atenção: um pássaro voou dentro da minha casa! Exibiu-se para mim com certo receio, é verdade, mas com coragem! Estava ávido de curiosidade, imagino, mesmo eu não sendo digno de tamanha característica celeste. Fui atrás dele. E lá estava a pequena criatura no peitoril da janela, toda serelepe e me encarando feita sua prima de rapina. O que ele buscava? Comida? Abrigo? Eu? Não sei, nunca saberei. Segundos depois voou embora... Não aguentou me encarar? Bem, só sei que ele me fez perceber que a curiosidade, o interesse virtuoso, legítimo brota até em dias inférteis! O pássaro representa a Liberdade? A Esperança? O Espírito Santo? Pode até ser pra um punhado de crédulos aí. Pra mim a pequena criatura representou um aviso. Mesmo não portando nada no bico, sua presença apenas, representou o mote deste registro virtual. Chegue mais perto, não voe para fora de minha janela! Voe para mim, ninfa estimulante!