sábado, 20 de novembro de 2010

Abstinência

Meu corpo treme constantemente, mesmo fazendo um puta sol lá fora. Sinto-me fraco, apático; não consigo pensar em outra coisa. Preciso dela. Meu corpo a chama, ela me é vital. Até minha voz não é mais a mesma, ficou quase inaudível, fraca, triste; não tenho mais aquele tom agradável e límpido de antes, de antes da minha sina sinistra. Meus olhos não brilham mais de entusiasmo, parecem mortos de tão exaustos que estão de verter lágrimas. Olhos vermelhos. A dor é muito forte. E a Solidão, velha companheira, cada vez mais presente, mais fixa e persistente. Com ela eu não me sentia só. Sentia-me acolhido, quase que num ninho, abrigado, protegido e bem, muito bem, entende? Sinto-me perdido, deslocado, desamparado. As coisas que eu fazia antes não têm mais graça, agora não fazem mais sentido. E essa dor cá dentro de mim, que amola minhas entranhas. Sinto que a Solidão me acaricia com duas facas bem afiadas. Estas não chegam a me ferir gravemente, mas a cada passada delas na minha pele, um filete de sangue surge, e não estanca, continua escorrendo copiosamente sem indícios de cessar; ferida aberta dói. Preciso tanto dela! Somente com ela me sinto bem, bem melhor. Só ela me acalenta. Onde ela está? Por que a arrancaram de mim, assim, tão repentinamente? Vocês, os outros, não sabem o que é bom para mim! Só eu sei. Só eu. Eu só estou. Estou eu só. Eu estou só. E quem é ela? Quem é essa que me é tão essencial, tão vital?? Ora, é a Ilusão. Arrancaram-na de mim. Você a viu por aí?...

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