domingo, 29 de maio de 2011

Boiando no ócio

E cá estou, mais uma vez, sem fazer nada. Isso não é normal. Eu não devia estar assim, parado, esperando algo acontecer. Esperar é um saco! Não suporto isso, pois é justamente nesses momentos de marasmo desgraçado que eu percebo que a vida é muito solitária. Bate até um desespero cá no peito. Dá vontade de se matar só pra ver aonde isso vai dar. E as horas tardam em passar! Quando ocupados estamos, pelo menos, temos a sensação de que elas, as horas, correm soltas, livres. E quando nos damos conta do tempo, já é hora de deixar o expediente. Ufa! Coisa boa isso, se sentir útil, necessário pra alguém ou lugar. Mas, agora, neste instante, não tô fazendo nada! Saco. Merda. Puta-que-pariu. Estranho estou. Sinto-me irritado por estar assim, sem nada fazer. Cadê os problemas para serem resolvidos? Onde estão os chatos que teimam em aborrecer nessas horas? Não há nada nem ninguém. Droga! Se eu pudesse, sairia daqui rapidinho, mas não posso. Maldito horário comercial. Quem foi o imbecil que o inventou? Eu o mato se ele não estiver morto. Vamos lá, ponteiro do relógio, ande! Rode! Puxa vida, mas que lerdeza. Assim não pode continuar. Tenho que fazer alguma coisa, e logo. Estou quase tirando um cochilo inocente. Estou quase desmaiando de tédio. E isso não é saudável, não. Cadê o chefe? Cadê os demais funcionários? Cadê todo mundo? Tô quase com a cara na mesa! Tô aqui boiando no ócio. Quem aí vai me resgatar? Socorro!!! Me dê uma mão ou mande um tubarão. Rápido. Não sei nadar.

Saindo da rotina

Hoje, ela chegou mais cedo do que de costume. Não encheu o saco de ninguém, como de costume. Foi até simpática. Aparentava, descaradamente, um bom humor, uma felicidade nova; estava até meio corada, se não me engano. Sua pele, porque sim, admito, eu reparo na pele, estava bem cuidada, parecia mais macia, saudável, tenra, desejável. Bem, isso foi algo que só eu percebi. Mas o que todo mundo notou e comentou foi o seu novo corte de cabelo. Estava mais curto, mais liso e continuava negro e brilhante – ainda bem! –, pois eu a prefiro assim, ao natural. Essas luzes atuais não me apetecem – tá todo mundo usando. Enfim, ela estava diferente. Mais quieta e comportada. Menos estressada e afobada. Às treze horas, horário em que normalmente almoça, não almoçou. Estranho. Nunca deixou de se alimentar nesse horário sagrado. E nem de mau humor ficou. Quando deixa de comer, ela costuma ser um porre só. Sério. Às dezesseis horas foi embora. Saiu mais cedo. E se despediu de todo mundo com um sorriso sincero nos lábios. Coisa incomum. Coisa realmente rara de se ver. Muito estranho isso tudo. O que pensar disso tudo?! Melhor eu não pensar nada.

Tramoia entre amigos

- Ah, velho amigo! Por que me preocupar com a Morte? Ela será apenas mais uma daquelas visitinhas indesejadas que temos e não sabemos ao certo quando se dará, só temos certeza que ela virá, um dia, só isso. Ora, se nem nos lembramos das coisas – se é que teve coisas – antes de nós nascermos. Não vejo motivos plausíveis para temer a Morte. A vida é assim: um dia estamos e outro dia qualquer já não mais estamos. A nossa ausência é relativa. Poucos, muito poucos, sentirão nossa falta. E essa é a dura realidade. Viver a vida temendo a morte é perda de tempo. Temos mais é que nos preocupar com a vida que vivemos. Se não vivemos bem é porque tem coisa muito errada por aí. Felicidade é questão de como você leva sua vida, de como você a encara. E, cá pra nós, uma vida só de felicidade não tem graça. Precisamos dumas desgraças. E dumas desgraçadas, claro! Precisamos de algo que nos faça perder o equilíbrio, só assim pra continuarmos seguindo em frente, e mais experientes. Veja aí o teu caso: tu pensavas que era feliz, que vivias o felizes para sempre dos contos de fada, mas foi só descobrir que era corno e pronto, adeus felicidade conjugal. Quer saber? Nem tua ex era feliz. Viu só? Pra ti trair assim, e há tanto tempo... Meu velho, não tema nada, nem a morte. Tema a vida que leva, pois, meu caro, tema a mim. Sim! Tema a mim, pois cá estou aqui, diante de ti, na tua ilustre presença pra ti cobrar aquilo que tu me deves. Não me leve a mal. São só negócios, entende? E tenho contas, não contos, a acertar contigo, meu amigo. Chegue mais perto. Não se levante. Bem sei o que tu tavas tramando. Vingança, né? Então, meu caro, contamos até três ou...

sábado, 28 de maio de 2011

Incubadora

Incubadora
Incubadora
InCubadora
Incubadora
Incubado

Até a pouco tempo, pensava eu, que se eu permanecesse neste exílio voluntário, eu ficaria bem. Que nada! Recentemente descobri e vi na minha própria carne, que este isolamento está é me fazendo um grande mal. Tão mal que não passa um dia se quer sem eu ver o meu próprio sangue. É que aqui, onde estou cativo, anda fazendo um frio danado! Tão frio que ele, o frio, fere minha pele. Quando vi as manchas vermelhas pelo meu corpo, levei um baita susto. Até pensei que fosse algum bicho daqui que tinha me picado, mas não, foi o frio mesmo. Minha pele ressacada prova que foi ele, o frio. Estou cheio de feridas. Meu corpo todo está salpicado, parece até que me queimaram com cigarro. Coisa grave. E essas manchas são tão perceptíveis, pois tenho a pele mui alva, quase transparente. Tento não coçar essas feridas, pois sim elas coçam, e muito, mas à noite, inconscientemente, às coço, freneticamente. Eh, eu acordo todo dia sujo de sangue seco. Eh, não estou lá, digamos, mui apresentável. Mas isso passa, certo? Talvez eu devesse passar alguma coisa, né? Mas aqui não tem nada! Aonde arranjar alguma coisa que não coça? Não posso sair daqui. É questão de vida ou morte. E, sem dúvida, se eu sair daqui, morrerei. Preciso dar mais um tempo. Não tô afim de topar com a Morte logo ali na saída. Posso estar passando por provações epidérmicas, mas isso passará mesmo eu não passando nada. Tudo passa, certo? Até o passado passa... Se bem que é justamente por causa do passado que o meu presente está como está. O passado não deixa o meu presente passar. Se continuar assim, não terei um futuro-mais-que-perfeito. Provavelmente só lamento. Dor. Dor. E mais dor... Não posso sair daqui mesmo assim! Careço esperar. Preciso esperar o tempo passar, ou melhor, o clima mudar. Ainda é muito cedo. Tenho que aguardar que minhas feridas cicatrizem. Não posso arriscar sair daqui com elas abertas. Eh, preciso me salvaguardar, ainda mais um pouco.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

SSMS (51)

Nessa sexta-feira, ñ deu, ñ dava pra mim, mas, próxima sexta, é treze! Um bom número. Treze vezes dá, dará pra mim. Tu aguentas? Treze rodadas, treze quadras ou nada!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Conhecida da vizinhança

Ela não me encara de manhãzinha bem cedo. Aparentemente ignora minha existência, mesmo eu a encarando todos os dias. Ela é atraente, e eu pelo jeito não. Pegamos transportes distintos, cada um vai para um lado. Mas, às vezes, acabamos nos encontrando no Paraíso, no Metrô Paraíso, ou melhor, eu acabo encontrando-a. Ela me ignora, mas insiste em pisar no meu pé, e nem pede desculpas, nem se quer olha pra minha cara! Ela desce na estação Trianon-Masp acompanhada duma amiga, e as duas papeiam muito, sempre. E eu sempre acabo na Consolação, e sozinho. De volta do batente, à noitinha, às vezes também a vejo, e ela continua não me vendo. Ela fica lá de plantão em frente do portão. Ela espera... Aí eu a vejo sorrir, aí sim eu ouço sua voz. Ela tem um filho, e só tem olhos e ouvidos para ele. Menino de sorte.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

SSMS (50)

Fim de semana taí e nós tâmo onde?? Combinamos agora um programinha inocente ou deixamos pra depois um indecente?? Sejamos assassinos: matemos logo a saudade!!!

Sacrifício?

Imagino que nesses tempos modernos a prática samaritana de se sacrificar por outrem é algo beirando à extinção. Quase ninguém mais dá ou se dá para que o outro tenha alguma coisa; vemos poucas – muito poucas – manifestações com esse cunho. O que vemos por aí é algo mais pra satisfazer o próprio ego, ou orgulho, ou pra suprir certa necessidade afetiva mesmo. Um exemplo: maternidade. Mãe é mãe porque lhe deu vontade, ou não – acidentes acontecem – de ser mãe, de gerar, parir e criar uma cria. Dizem que é pra se sentirem completas, realizadas. É um sentimento de egoísmo. Toda mãe é egoísta, quase uma ditadora xiita. Depois que sente o poder que exerce naquela criaturinha frágil, que cresce a cada dia, não quer mais abrir mão dele, quer tê-lo a todo instante. O poder fascina, é deslumbrante. As mães solteiras podem até aparentar se sacrificar pelos seus filhos, mas só aparentam. O que elas têm em mente mesmo é o quanto aquele fruto frutificado lhe trará de retorno. É um investimento arriscado de longo prazo, afinal, no final, os filhos acabam sustentando os pais. É natural, ou era até tempos atrás. Sacrifício genuíno não aguarda troco, nem um agradecimento sincero. Sacrifício já foi mais fácil, e espontâneo, hoje é mais difícil, e artificial. Se você acha que alguém se sacrifica por você, não se engane. Tão é querendo algo de você, e algo bem caro, viu? E não estou falando de algo material, não. Falo é da tua Felicidade. Suponho que seja algo de grande valor pra você, não é? Pois então, aquela que sempre diz se sacrificar por você, por exemplo, tua mãe, tá é de olho na própria felicidade, de olho no próprio bem-estar. Se você faz algo que ti agrade, que ti faz mui bem, que ti inspire, entende? Mas não é do agrado dela, da mãe déspota, ela esmigalha essa coisa de imediato. A maternidade pode ser sim castrativa. Mãe não cria filhos, cria criaturas de estimação, cuja estima não existe praticamente. Sacrificar é dar-se por completo. Você realmente conhece alguém que tenha se sacrificado para garantir um bem maior? Não estou falando de Jesus Cristo! Esqueça ele. Nem dum herói de guerra. Falo de pessoas comuns, essas sim são interessantes, são bons universos a serem explorados. Tu conheces alguém do seu viver quotidiano que tenha se entregado ao sacrifício ou que tenha feito algo de sacrificante por outrem?? Pense bem. E me conte. Ainda quero acreditar nas pessoas.

domingo, 1 de maio de 2011

SSMS (49)

Passarei aí daki a pouco, muito qro provar. Prepara aí o rango ou a boia, pois a viajem foi longa. Curti a curto prazo, o frio foi de rachar, tu ne acolheras??