sábado, 26 de fevereiro de 2011

As vozes do metrô

Desde pequeno convivo com o transporte público. Lembro-me de estórias que mamãe contava de mim aos berros numa longa viajem de ônibus. Um verão e um chorão. Lembro-me também de mim, meninote, caído no vão entre o trem e a plataforma, e mamãe, negligente e irritada, não sei bem por que, me mandando sair dali sozinho, e ninguém, dos que estavam lá sentados no vagão, me acudiu. Acho que saí sozinho, não tenho certeza, de como saí não me lembro... Ah, o metrô! Acho que todo mundo aí quando não sabia ler ainda, a cada estação que o metrô parava, perguntava pro parente próximo: “Que estação é essa?” Ou: “Tamo em qual estação?” “Ainda falta muito?” “Nós já chegamos?” “Qual é a nossa?” Essas coisas... Mas hoje, o que considero interessante são os avisos que os operadores costumam dar. Fora aquele “próxima estação tal”, repare bem no tom de voz deles quando dizem: “Por favor, não impeçam o fechamento das portas. Isso acarreta atrasos em todo o sistema. Colabore.” Quando assim, dito de primeira, soa até normal, nada anormal, mas quando a repetem duas, três vezes aí sim você percebe que o cara (ou moça) é humano, e não uma doce voz de estúdio. Ele ou ela diz o aviso em tom de raiva mesmo. Nota-se nitidamente o estresse, o enfezamento naquela voz. E a voz tá ti reprimindo, ti dando mó bronca, pois ela, a voz, disse “não impeçam”, no plural mesmo, e, mesmo se você estiver lá no bendito corredor, todo cercado, apertado e suado, ainda leva a culpa e o sonoro puxão-de-orelha por estar impedindo o fechamento das portas! Como se você, usuário – palavra curiosa, não? -, fosse uma entidade volumosa que bloqueia constantemente as esguias portas automáticas do metrô. Mas, aquela voz, nem sempre foi desse tom, não. Pelo menos, não me lembro dela irritada, enfezada na minha tenra infância. Isso aí é coisa de agora, deste século XXI. Se esta segunda década do século ficará conhecida na História como a década das quedas das ditaduras árabes, não sei bem ainda, mas digo, me atrevo a dizer, que o fim da voz viva do operador de metrô está próximo. Por mais que soe engraçado o próprio operador estressado, isso lá não será mui tolerado. Há muitas doces gravações aí sobre os trilhos ultimamente. E por mais agradáveis, simpáticas e confiáveis que essas gravações pareçam ser, ainda prefiro a voz viva. Mas não essa estressada e automática, que só fala, lê aquilo que lhe dão, não. Gostaria de ouvir uma com mais personalidade, sabe? Dessas tipo locutor de rádio, entende? Soaria algo assim, por exemplo: “Próxima estação: Palmeiras-Barra Funda. Acesso ao terminal rodoviário. Boa viagem pra você que sairá de São Paulo. Mas volte logo, viu? Precisamos de você.” Ou: “Próxima estação: Sé. Bem-vindo a estação mais populosa do sistema. Cuidado com bolsas, carteiras e celulares, pois os mesmos costumam sumir por aqui.” Ou: “Próxima estação: Luz. Desembarque pelo lado direito do trem. Motivo: o lado esquerdo é só pra embarque!” Ou ainda: “Seja gentil. Não dê apenas o seu lugar se você estiver no assento reservado. Pratique a cidadania. O transporte público é coletivo, logo pratique também a empatia.” Ou: “Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma. Sério, muito cuidado!” Ou: “Você mulher, amiga, mãe, leve sua bolsa na mão. Não a deixe no ombro. Ela pode atrapalhar os demais e queridos usuários.” Bem, essas são as minhas surreais sugestões. Tu tens umas aí, caro leitor, companheiro de metrô??

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Dois anos!!

Este mês o presente blog completa dois anos! Quem diria que fosse perdurar tanto? Entretanto, ainda desconheço a maioria de seus leitores – se é que têm mais de um. Contudo, uma coisa é certa: de lá para cá, a quantidade de textos publicados aumentou. Estamos com uma média de quatro textos por mês, praticamente um texto por semana. E acreditamos que a qualidade deles também tenha subido de nível. Bem, teríamos algo mais palpável, mais possível de ser dito com mais segurança, se houvessem mais comentários deixados pelos leitores transeuntes. Não sei por que eles não comentam. Talvez vejam que não vale a pena ou, sei lá, são tímidos demais. Por isso, caros leitores, desde já fiquem cientes: também sou tímido! E, ainda assim, banco o descarado e solto meus comentários em blogs que vou encontrando e, também, claro, nos blogs que sigo. Expressar sua opinião, seu ponto-de-vista, sua ideia sempre vale a pena; é sempre mui importante. O destinatário quase sempre se surpreende e até o remetente se surpreende, quando comentam seu comentário. Afinal, a Internet é isso, certo? Possibilidades praticamente infinitas de conexões, de contato, de transmissão. Bem, voltando. O presente blog faz dois anos. E o que aprendi com ele até agora? Muita coisa. Isso soa um puta dum clichê, mas tem lá sua veracidade. Aprendi que escrever é uma excelente terapia; é algo que realmente me ajuda; me ajuda a organizar melhor meus pensamentos inquietos e persistentes. Aprendi que aprecio deveras essa forma de expressão. E, mesmo não tendo o retorno que eu gostaria, é uma atividade saudável e estimulante. Tenho sempre em mente a questão: qual vai ser o próximo? Nunca sei. A temática simplesmente surge, feito imbróglio, e a forma se apresenta enquanto o texto é feito. Às vezes a forma me vem primeiro, é verdade, quando quero um apelo mais visual logo de cara. Não sei também se esses meus filhos, esses textos, fazem bem ao leitor, não tenho esse poder, e nem sei de fato se eles detestam... A Internet possibilita essa troca, mas por enquanto, até agora, não está havendo tanto troca-troca. Quem sabe daqui a mais dois anos? E se, até lá, eu consigo uma coluna, um espaço num jornal local? Então, essa era o objetivo desde o inicio com o presente blog? Não. Essa ideia foi se formando no decorrer dessa minha atividade textual. Agora, se essa ideia será concretizada, aí é outra estória. Só estou aqui manifestando um possível ensejo, afinal, é mês de festa! Mas, e aí, o que é preciso para conquistar um espaço num jornal ou revista local?? Espero estar no caminho certo. Aliar prazer ao trabalho é algo que minha geração curte e, se eu conseguir conquistar isso, aí sim poderei dizer a todos e sem receio: sou feliz e estou realmente bem. Parabéns, queridíssimo blog!!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

SSMS (43)

Começou a facul e vc me abandonou. Antes sempre sorridente, agora nem mais me atende. Chutado. Passado. O q aconteceu? Ñ sei. Será eu? Ñ acredito! Sem crédito.

Venha ver vestidos veraneios

“Como eu gosto do verão, faz calor é muito bom!”. Aprendi essa frase cantarolada com um colega de trabalho e, cara, eu a entoo toda vez que vejo uma guria linda caminhando pela rua. Mas não a canto assim, só porque a menina é bonita, não, eu a expresso quando vejo o que a garota está exibindo, quando vejo tons de pele, partes do corpo que, em outras estações, costumam ficar escondidas, entende? Adoro saias, tops, regatinhas, bermudinhas, blusinhas, tomara-que-caias, shortinhos e, principalmente, tenho mó tara, por mulheres vestidas de vestido! Rapaz, digo-te, é uma tentação, um vislumbre. Sempre achei que as mulheres ficam mais femininas de vestido. Não sei bem desde quando exatamente carrego essa ideia fixa, mas que eu acho, eu ainda acho. Desculpe-me aí as mulheres que não usam - conheço umas que não vestiriam um vestido nem de noiva! -, mas, convenhamos, o vestido é feito pra ser apreciado, exposto no corpo curvilíneo feminino. E cá na Rua Augusta, vejo uns desfiles bem mais interessantes do que aqueles do Fashion Week. É cada deusa, é cada pitéu, é cada brotinho (?!), é cada mina mais vistosa, mais engraçadinha, mais provocante e mais tentadora que a outra! Ai, ai... Fico até sem folego! Meus olhos se rendem, ficam fixados nessas fêmeas de vestidos ousados, coloridos e que marcam! Aliás, não conheço o tecido, sou leigo quanto a isso, mas tem um aí que marca tão bem o corpo sinuoso... Em um dá até pra ver o relevo da calcinha! Êxtase! Frenesi! Tesão! Mas têm outros que não. Decepção. Ah, claro, não posso me esquecer de comentar outra coisa que me agrada, que só o vestido vestido pode me proporcionar: o colo. Ele, o vestido, possibilita uma visão generosa e privilegiada dos seios. Se reparares bem, meu caro, você verá até umas gotículas de suor entre eles. Sem dúvida, algo pra enlouquecer de vez qualquer doido aí solto. E têm as pernas, né? Dá pra ver cada pernão. É cada pernoca tostada, ou branquinha, que dá pra ver por aí. Entre a Antônio Carlos e a Matias Aires vejo muito! E têm mais. Os braços! Curto apreciar os braços femininos em exposição. Ultimamente vejo uns muito bem torneados, com um traçado bem delineado, sabe? As mulheres andam puxando ferro. Há muitas academias cá por perto. Mas ainda vislumbro braços mais macios, mais delicados, menos sarados. Se desceres mais os olhos, tu verás pés delicadíssimos, pintadíssimos protegidos apenas na planta por plásticos emborrachados. É um mimo a cada passo! Bem, as tatuagens que vejo por aqui dariam um texto à parte. Cá na Augusta há muitas mulheres tatuadas. E esses benditos desenhos na pele estão cada vez mais ousados, mais atrevidinhos. Curto, piro quando avisto metade deles abaixo do umbiguinho feminino, ou próximo ao bumbum e se estendendo até onde minha fértil imaginação ousa ir. O verão é realmente admirável!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Relacionamento Profissional ou o RH Hoje

Por que será que ele reage de um jeito comigo e de outro com o patrão? Tudo bem, aqui não dou ordens, mas colaboro, sou parceiro, eu o ajudo e ele me ajuda. Aqui há um sistema colaborativo. Ele é o responsável, sou o seu auxiliar, e também o responsável, de certa forma, né não? Pois então, quando digo algo é algo certo, de confiança e de sinceridade. Não estou de sacanagem. Defendo meu ponto de vista quando estou certo, mas também admito meus erros. Por que ele não? Só porque está numa posição acima? Quando é o patrão que duvida dele, ele até aceita, até admite, a contragosto, seu erro; guarda para si sua raiva, e engole seco, mas quando é comigo não. Levanta até o tom de voz... Pra quê? Só pra deixar claro aqui quem é que manda? Talvez. Mas isso é desnecessário. Não quero aqui, neste ambiente profissional, colidir grandes egos até que os portadores deles implodam. Por que é tão difícil aceitar outra opinião? E por que sempre desprezá-la, menosprezá-la?? Só porque sou novo? Absurdo! Ele está com receio de que eu pegue seu emprego? De que eu faça o seu trabalho? Hoje, eu já o faço, mas, também, faço aqueles servicinhos chatos, que ele não quer fazer. Isso é justo? É ético? É correto? Não! Claro que não. Por que não há colaboração sincera aqui? Motivação?! Será que não vê que a empresa é nossa também? Podemos não ser os donos judiciais, dos quais ele tem medo, mas somos a empresa, nós a representamos, ora bolas. Minha opinião vale menos do que a do patrão? Não! Sabe o que isso aí está parecendo? Comodismo. Puro comodismo. É tão difícil assim sair do seu próprio espacinho? Tudo bem que cada um trabalha de um jeito, ele sabe disso, mas sempre se esquece disso nos momentos mais decisivos, nos momentos de grande atividade. Eh, nem todos sabem manter a calma, praticar a bendita serenidade. Mas é só tentar, pô! Que coisa. Parece até que gosta de ver o outro – eu! - sofrer amargamente durante um bocadinho do dia. Isso não é normal, ou humano, é? Sei lá, vai ver é isso mesmo, vai ver é prazer em desprezar. E isso é triste. Se continuar assim, aonde essa empresa vai parar, hein?!?

SSMS (42)



Ah, cadê vc q ñ me respondes? Por quê?! O q fiz ou deixei de fazer?? O q foi?! Ñ sou tão mau assim. Sou? Diga! Ñ agradei? Ti feri? Foi sem qrer. No kiss you too.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Filosofias de estoque

Tudo há de estar certo, confirmado e correto. Momentos de ociosidade e tédio podem surgir, é inevitável, faz parte, mas eles só serão assim se você assim desejar. Cada coisa lá guardada tem um pouco de você, seja suas impressões digitais ou até mesmo um pingo de seu DNA. Não se preocupe com o destino de cada coisa lá guardada, apenas aceite, e se resigne que cada uma lá tem seu próprio destino. A espera pode ser grande, martirizante e empoeirada, mas estando tudo na garantia, a espera deve e tem de ser tranquila, sossegada e limpa. Não se assuste quando uma coisa voltar por causa de defeito, ela só foi maltratada, aceite-a como ela está e recupere-a, cuide bem dela, assim que possível. Novas coisas aparecerão, tu terás que arranjar espaço para elas rapidamente, por isso, sempre tenha um espaço vago ou um plano alternativo. Dimensões paralelas não valem para esses casos. Dispense logo os antigos para depositar os novos. Os novos sempre são bem-vindos. Os antigos sempre rejeitados, na maioria dos casos e acasos. Lembre-se: este espaço é protegido, então se proteja devidamente. Se estiver num espaço desprotegido, proteja-se ainda mais! Ajude sempre, recusá-la é indício de indiferença, de descaso. Cuidado pra não transformar um estoque num depósito, pois em um você recupera tudo, mas no outro nada. Não existe área isolada, sempre há frestas, buracos e claraboias. Diga não à dedetização e a detenção é certa. Cuide-se pra se manter aberto, senão ti fecharão – a interdição ou lacramento indica ruína, desconfiança perene. O responsável é sempre responsável; os anteriores não importam. Quem importa é sempre o mais distante, o seu oposto, aquele que, geralmente, lhe dá ordens. Ou, simplesmente, paga suas contas. Chegue cedo sempre, no horário, nunca chegue atrasado, pois eles, os imprevistos, são horrivelmente pontuais. Etiquete tudo, pois tudo lá é importante; as referências e o breve histórico são obrigatórios. Restrinja o acesso, não deixe qualquer um entrar. Organize não ojerize. Não pense que o segregado é uma forma descarada de preconceito, isso é só um método de proteção, as demais coisas carecem ser salvas, pois sagradas são. E por fim: algumas sentenças acima soaram fascistas, preconceituosas, politicamente incorretas, mas é só impressão, ou uma forma de interpretação, não se apegue demais à ficção. Ambiguidade é relativa.