terça-feira, 20 de março de 2012

Sobre o capeta que escorre entre as pernas

- Menino, o caso é sério. Melhor nem brincar com essas coisas, essas coisas espirituais e de encosto. Depois que eu testemunhei umas estórias aí, mudei de postura, fiquei mais sério em relação a esses causos sinistros. Mulher é coisa boa, que nos faz um bem danado, tu tá ligado, mas, meu filho, tome cuidado. Mulher também é danação. Não ela precisamente, entende? É que mulher tem demônio no corpo. Quê?! Duvida? Cara, não tô mangando d’ocê, não. O que falo é coisa séria. Coisa real. Coisa que realmente assusta a gente. Ouve só: tem um período aí no mês que mulher desencarna. Sério. Muda totalmente de semblante e de temperamento. Existe um período do mês que um demônio lhe toma o corpo. Sério. A carcaça flácida ou esquelética torna-se morada do capeta! Nesse período, ouve bem, ela não trata a gente com carinho e compaixão. Não nos dá um cadinho sequer de amorzinho feminino, atenção. Só nos dá patada, coices. Nos trata com um tremendo destempero emocional. É coisa hormonal, dizem. Que nada, digo-te! É sobrenatural mesmo. Ali, naquele corpinho, aparentemente frágil e inofensivo um capeta anda fazendo festa. Lá há um demônio revirando intestinos e ovários. Ele toma aquele corpo para si, como se estivesse usufruindo dum imóvel alugado, entende? Ele encarna ali porque lhe é de direito. Ele só tá lá cobrando o aluguel; fazendo o combinado da quebra de contrato. E, menino, haja paciência, viu. A princípio, a gente fica surpreso com aquela coisa, com aquele troço do inferno. Depois, ficamos meio que assustados quando aquilo atinge o clímax do mau humor diabólico. E, meu filho, passando essa fase o negócio fica irritante, fica praticamente insuportável. Você até esquece que ela pode te matar e ainda sair ilesa - tem uma lei aí que a protege quando está nesse período maldito -, pois você só pensa em esganar aquele corpo, só pensar em socar os dentes da mulher-demônio. Ela implica com qualquer coisa! Se você diz bom-dia, ela já te xinga. Se ela vê ponta-dupla no cabelo, é capaz de se atracar com o primeiro neguinho que aparecer pela frente. Se ela vê no espelho uma dobrinha a mais, te quebra o mesmo na cabeça, como se você fosse o culpado da gula inconsciente daquela desgraçada! Mulher é foda, vê problema até onde não há problema. Percebeu que a gente sempre é a vítima, né? Por isso, menino, muito cuidado nesses dias de cão. Se ainda não acredita em mim, repare bem na secreção que lhe escorre entre as pernas, é o prova; aquilo é o filho do capeta que não vingou, é o queixume viscoso que abandonou o recinto. Só assim pra você ter sua doce e meiga mulherzinha de volta. Graças a deus, ou não!

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