terça-feira, 5 de junho de 2012

Não era meu

Eu o via, pelo menos, umas duas vezes por semana; às vezes três, às vezes quatro, quando eu tinha sorte. Tínhamos um relacionamento amigável; enchia ele de carinhos e beijinhos. Era gostoso agradá-lo. Mais gostoso ainda era provocá-lo; eu dava-lhe umas lambidinhas e umas mordidinhas sempre quando me dava vontade. Ele não curtia, óbvio, mas era uma brincadeirinha saudável, típica da intimidade. Ele ficava meio chateado, meio retraído com isso, mas depois relaxava, ficava de boa. Ele era uma graça, bonitinho mesmo. Por mais que ele fosse assim sossegado e um pouquinho desconfiado, o que era bem justificável, pois admito sim que minhas traquinagens tinham um objetivo sacana. Sacanagem sempre é bom. Dependendo, claro, das intenções e, as minhas intenções, veja bem, eram as melhores possíveis: queria preenchê-lo. Eu queria invadi-lo sem dó nem piedade, eu estava super afim de arrombá-lo pra valer. Não que isso seja ruim, funesto ou indecente. Não. Isso é só mais uma forma de satisfazê-lo, de contribuir honestamente para sua felicidade. Ele era meu. Ou eu me iludia tolamente pensando que era. Tive oportunidades concretas para realizar essas atrevidas, mas boas intenções, só que sem proteção não rolava, mesmo insistindo contra mim mesmo. Assim, passou semanas, passou meses e o que era lindo se acabou. Ele hoje me evita. Não o vejo já faz um bom tempo. Não sei como ele anda ou como ele está ou com quem está. Eh, definitivamente, ele não era meu. Aquele cuzinho nunca foi meu afinal.

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