terça-feira, 31 de julho de 2012

e ela foi embora...
com um sorriso grande nos lábios
e me perfumando com o seu
longo e amuado abraço.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Rua Augusta Hoje

Como explicar pra você o que vi? Ou melhor: como exemplificar pra você o que vejo? Esta rua não é mais a mesma. Aliás, nunca foi igual, ou até mesmo parecida, com qualquer uma aí vista na Bela Vista – Bela Cintra. A Rua Augusta é única! Incomum, inconfundível, perecível e mutável. Mutante ambulante ela é. E não falo aqui dela sentido Jardins, não. Falo dela sentido Centro – Baixo Augusta com orgulho! Por essas bandas você percebe nitidamente as novidades – construções novas brotam a cada quarteirão. E os prédios velhos, as saudosas edificações estão ganhando outra cara – fachadas são maquiadas descaradamente à luz do dia. Mó despudoramento isso aí, né não?! Cafeterias viraram pastelarias. Hotéis viraram faculdades. Cinemas são reformados. Lanchonetes e restaurantes também sofrem suas modificações estruturais, outros estabelecimentos gastronômicos são fechados. Lotéricas se abrem! Lojinhas de roupas e outras coisinhas de tapar vergonhas são inauguradas. Torres residenciais ganham destaque, decalques. Puteiros fecham e os que resistem bravamente dão sei lá o que pra se manterem abertos. Minha querida Augusta está mudando... E sua famigerada fama também. Outra coisa curiosa que se vê, e não só nela precisamente, mas nas ruas adjacentes, são as placas vermelhas. Tem uma marca de refrigerante aí que tá aproveitando pra propagar o seu popular produto nos pequenos estabelecimentos que vendem esse seu tal produto. E essa marca só muda o nome do lugar e as dimensões da placa, mas as cores vermelha e branca permanecem naquela sua onda longa característica... Eh, em tempos de Cidade Limpa a propaganda anda enrustida. Só daltônico mesmo não percebe... Esta minha Rua Augusta está ganhando outros ares, outros outrens. Porém, os mendigos ainda perambulam por ela, as garotas de programa ainda batem ponto e outras coisas por aqui, e outros marginalizados desajustados, como eu, ainda teimam em apreciá-la durante o dia. Durante a noite é outra estória... Quem sabe num próximo post dedico mais umas palavrinhas a ela, hein??

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A baranga e a banana

Lá estava eu à toa na feira-livre
apenas pesquisando estava eu os hominídeos
quando aquela coisa medonha apareceu
entre restos e pescados
a baranga se fez notável
desejável
já não sei bem...
Aquilo não era normal,
era anormal, óbvio
fruto proibido que caiu no chão
de cara, lógico
virou canhão
ou dragão,
se você crê no diabo que cuspe fogo
ou no cão que chupa manga,
mas que não come banana
Aliás, quem é que ganha,
numa competiçãozinha dessas meio à besta,
a baranga ou a banana??
Vejamos:
Banana é prata mas não é de ouro
Baranga morde mas não mastiga,
consegue chupar e engolir
Banana a gente descasca
Baranga quem é que consegue despir?
Quem é que tem coragem de encarar??
Banana é da terra
Baranga a gente enterra
Banana nanica existe
Baranga carente persiste...
Sou bem mais uma banana split,
do que uma baranga de pijama
Visão do inferno isso aí!!
É jaburu, é tribufu, é mocreia
Pior que isso
só uma baranga montada numa banana boat!
Lucrecia
era o nome da menina
Encontrei-a perambulando torta pela feira
Era xepa
Era feia
Era mais feia que bater na mãe
Não resisti
Fugi
Banana a gente come e joga fora
Baranga não tem lá essa sorte por hora

E podem me processar,
se quiserem, por acharem conveniente
Não sou deste mundo mesmo
Sou ET, extraterrestre,
que diferentemente da baranga
voltaram pra me buscar

Faço caso dessa espécie,
que a cada dia que passa,
mais se desliga,se esquece
da graça que é viver sem se intrometer
entre vocês,
com vértices
com Faces
porém
sem base sólida
ou algo realmente envolvente.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ainda remoendo coisas numa manhã fria de inverno

Pensava eu nas coisas feitas
Feitas de improviso
ou sem aviso prévio

Pensava eu nas coisas da carne
nas costelinhas dedilhadas
nas coxas apalpadas –
sobrecoxas degustadas –
no beiço de boi mordido e
nos coraçõezinhos de galinha fritos!!

Pensava eu na mandioca
na piroca dolorida
na macaxeira mexida e remexida
no aipim mordido e mordiscado
no troço felpudo abusado
no pilão em que ele foi socado –
pobre coitado!

Pensava eu nos temperos misturados
no sal exagerado
no açúcar delicado, refinado
na pimenta malagueta salpicada na pica fresca do diabo
no quento de puteiro
no manjericão do rabo e
na noz moscada ralada
sobre os lábios inchados...

Pensava eu no calor da receita

Pensava eu em como fazíamos tudo juntos
no trabalho árduo compartilhado
na bagunça leguminosa arrumada
no prazer em provar teu prato
na cozinha mesmo, de vez em quando,
ou na sala, de quatro,
de lado
no sofá e
sobre a mesa de estar
Esta posta e
resistente ao nosso desvairado desejo
por um outro ingrediente, mais fresco
e indecente

Pensava eu antes
Penso eu agora
tomando um chá preto,
ouvindo um blues taciturno
Sozinho
no escuro.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Remoendo coisas numa manhã fria de inverno

após O Primeiro Beijo A Coisa desandou
este foi dado no corredor
os seguintes não foram só beijos
foram uns amassos,
uns apertos,
uns gemidos contidos
nas escadas vazias da hora do recreio
peguei uma numa sala vazia
nua ela não ficou
mas pegos fomos atrás da porta pelo dotô
teve outra também de fofoca:
aula vaga
bocas cheias
escola às moscas
e mariposas no estômago...
naquela época não existia indigestão
guloso sempre fui
e ainda sou

No trabalho, A Coisa era diferente
Mais decente, aparentemente,
mas igualmente carente –
às vezes muito indecente,
mas sempre discreto,
correto,
duro
e esfarrapado
Mas tudo (e todas)
foi muito bem aproveitado:
experiências inesquecíveis de vida
maldita (!),
mas divertida (!!)
sem receios
ou devaneios
tudo muito concreto –
concretizado
morto e enterrado

Na faculdade, A Coisa foi séria
Dois Corações batiam num só compasso ritmado
entre tantos
ou
Entretanto,
um era mais lento, às vezes,
e o outro muito acelerado!!!
Nas muitas viagens feitas
isso (ou isto)
ficava evidente (:)
um sorridente de menos e o
outro deslocado demais
Estes já faziam tudo juntos:
trabalhos, atividades, tretas e trepadas atrapalhadas
Mas esses realmente adoravam;
curtiam pra valer,
não fazerem nada juntos,
nadinha mesmo –
carícias, beijos, olhadelas e beliscões...

Eu poderia dizer mais coisas (dizer)
outras roubadas e desilusões,
mas depois disso tudo aí dito,
Me perdi nas recordações...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A periguete (primeiro esboço)

Meu amigo,

Mulher, hoje em dia, está difícil de definir.

Ou está fácil demais, dependendo do caso do acaso.

O negócio é: tome muito cuidado com a periguete. Esse novo espécime do gênero feminino se disseminou por aí afora; virou praga, virou vírus viral fora de época. Sentimos o inverno presente, mas esse ser não; calor constante é o que esse ser sente, e isso é sinal evidente de evolução, adaptação. Periguete não pega resfriado ou uma virose qualquer, pega tudo e todos que quiser numa só dose. Periguete não está nem aí pra você ou pra mim. Periguete só pensa em se satisfazer. Parece vampiro no cio ou morto de sede; é desgraça escrachada num corpo quente.

Por isso, muito cuidado, meu amigo, com seus poderes de atração. Aquela borboleta não cheira só flor, não. Periguetes exibem um comportamento e um visual muito diferente do que costumamos ver. Ousadas elas são, umas até nem tem coração, muitas se proliferaram aí na televisão. Na tevê aberta, é claro, porque periguete genuína pode até pegar num cabo, pagar calcinha, mas ficar fechadinhas isso lá não ficam, não. Periguetes não tem medo, não receiam ser criticadas pelo que são, são assumidas sim, principalmente no verão.

E daí que se paramentam com roupas decotadas e coladas ao corpinho delicado? Qué que tem usarem e abusarem de vestidinhos justos e curtos que modelam seus corpos sarados? Sutiã é coisa do passado, meu caro. O que vemos por aí é consequência direta da emancipação feminina. Elas começaram mostrando os seios, agora mostram todo o resto indiscreto.

Periguete é mulher do futuro, que sabe bem o que quer e como conseguir aquilo que deseja. Periguete é mulher de atitude. Mulher que sabe muito bem como usar o poder que tem. Periguete pode ser menina-mulher ou mulher-menina. Estudiosos dizem que o espécime periguete atingi seu auge libidinoso quando está entre os 18 e os 28 anos. Antes disso podem ser precoce. Precocidade altamente perigosa. Depois disso é perigo volátil até a menopausa. Já lhe disse e muitos colegas acadêmicos meus concordam: a periguete é a mulher do futuro. Agora, de futuro eu e alguns aí já não sabemos bem ao certo...

Periguete só conheço na teoria. Minha tese prática está carecendo de dados satisfatórios. Pedi uma amostra grátis no Natal, mas ainda não fui contemplado. Periguete costuma dar cano. E outras coisas também. Periguete é a rainha do desdém.

Desgraçada gostosa é foda, né não, meu amigo?!

Abraço!!

Mr. Boo

SSMS (74)

Vim pra cá pra come pinhão e vi a mandala que fizeram do meu coração! Cá soh tem pipoca, até açaí tem; e assim vou, sem vintém ou amendoim. Soh breja na veia!!