terça-feira, 28 de agosto de 2012

A periguete (uma ramificação aparente)


Infelizmente, ultimamente, minha pesquisa anda patinando somente no campo da teoria. E isso é um grande problema, pois para analisar os novos espécimes que surgem nesta sociedade pós-moderna, é recomendável, para não dizer imprescindível, pôr pra fora da cachola as ideias que nela brotam naturalmente, pra não dizer impudicamente.

Contudo, mesmo me faltando dados estatísticos concretos, novas informações acabam me chegando; e isso é fantástico! Fantástico porque esses dados novos me chegam das fontes mais inusitadas, de pessoas das mais surpreendentes. E foi graças a uma fonte do meu trabalho atual, fonte esta mui confiável, pois tem mais prática do que eu, que compartilho contigo agora novas informações sobre o caso periguete.

Antes, eu achava que a periguete era algo já bem definido, sem falhas ou estrias, algo completo, sabe, com suas características bem solidificadas. Mas, agora, percebo que a periguete pode ser farda também.

Explico: existe por aí uma espécie de subgênero da periguete; é uma periguete pela metade, só que não me refiro exatamente à estatura da dita cuja. É a tal da quase periguete, ou da meio periguete, ou ainda da pseudo-periguete, entende? A tipa metade periguete é aquela que só se mostra periguete em eventos específicos. Tipo festinhas, baladas ou em barzinhos com as amigas, sabe? Pois bem, mas isso só durante a noite, pois de dia ela é uma menina normal, que não levanta paus, só se dedica a vida profissional mesmo. Curioso, não? Periguete é fantasia noturna, ou, se você é tão lúdico quanto eu, também vai achar que a periguete é quase uma super-heroína! E já sabemos bem quais são seus super poderes... Periguete é uniforme de balada, é farda, indumentária, que menininhas sapecas insistem em se trajar para abusar aí afora.

Mas aí há outro probleminha. Essas são só periguetes na aparência, essas não têm aquelas atitudes típicas de uma periguete genuína; essas têm até namorado! Não ficam, não, com outros pobres coitados. E isso é mui interessante, pois denota, ilustra claramente que ser periguete tá na moda.

Porém, uma pergunta me surge: assim como todas as modas, a periguete passará e não mais existirá? Isso me preocupa, sabe. Não pretendo aqui registrar a extinção deste ser tão interessante, tão instigante. Talvez fosse necessário criar uma espécie de cativeiro para essas tipas. Ou talvez não, quem sabe, essa espécie pode evoluir, não pode? Se existe, por aí afora, a periguete completa e a pela metade, não poderia aparecer o suprassumo desse espécime tão tentador? Afinal, ele é predador, não é?

Eh, minhas teorias só aumentam, dia após dia, e o que é realmente sólido não vejo derreter...

domingo, 26 de agosto de 2012

Meus poemas estão vivos! Eles estão andando por aí pelas ruas da cidade. Você e até mesmo eu corremos o inusitado risco de trombarmos com eles dia desses...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Na fila

Uma mulher TUBERCULOSA tossindo nas minhas costas; uma mina alvinegra, loira e bisbilhoteira; uma morena afoita quase sem roupa; um TRAVESTI sorridente a minha frente; um GORDINHO amuado do meu lado... Nem sempre reconheço quem ME dá trela, ou orelha, esses são pentelhos sedentos de mEU sangue fresco!!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Carolina, uma elegia

Ai, ai, ai, Carolina, este teu nome é minha sina!
Mesmo não exercendo a medicina,
você me enche de creolina.
E assim purga as minhas futuras pretendentes parasitas.

Ai, ai, ai, Carolina, por que te enterrei com naftalina
e formol??
Teu nome só me faz mal...
E minha enxaqueca só aumenta.
Não há ácido acetilsalicílico que de conta dessa dor no lobo frontal.

Até meu pau me atormenta,
pois nos devaneios em que me encontro,
ele pulsa a seu favor.
E isso só me causa mais dor,
porque deste desencontro,
minha fome por ti fomenta.

Ai, ai, ai, Carolina, você foi a
mais linda, a
mais divertida
e safadinha –
Carolinda.
Maldita mulher danada de boa que tu foste!

Se foi, sim, pra nunca mais...
E eu aqui com estes ais,
pareço moribundo
chato
que não sabe ficar calado
[que fica] apenas revivendo um passado
há muito tempo decorrido –
jamais esquecido –
mas ainda,
infelizmente,
muito estimado!
Desgraçado.
E se tudo que 
você viveu nessa 
vida foi em vão?

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Bater punheta 
com a mão esquerda 
é uma grande indecência.

Principalmente se você for destro!!

À cama


Minha Solidão ficou M A I O R depois que eu ganhei a cama de casal.


Sofro ultimamente de insônia aguda.


E mesmo nas trevas, ou banhado em pelo pela luz lunar, não me sinto confortável, não me sinto deveras acolhido, protegido.


Sinto falta da antiga cama de solteiro.


Sinto falta do seu cheiro característico – meu perfume corpóreo!


Sinto falta dos rangidos que ela fazia quando recebia de bom grado meu corpo cansado de mais um longo dia de trabalho.


Sinto falta da cama que ninava meus sonhos; da cama que afastava os pesadelos e da cama estreita dividida numa noite com concubina.


Sinto vontade de escrever uma ode àquela minha antiga estrutura acolhedora. Se até Neruda escreveu uma para sua querida mesa, por que não posso eu fazer o mesmo em homenagem a minha velha cama?


Porém, pensando bem, uma ode não seria suficiente.


Minha velha e querida cama era exigente; ela exigiria algo com mais extensão.


Talvez uma epopéia fosse mais condizente há todos esses anos passados sobre ela, minha velha cama de solteiro.


A você,

que mesmo que não tenha sido a primeira, foi a mais duradoura, a derradeira, a mais resistente, a verdadeira companheira fiel que, apesar dos pesares, sempre me recebia bem.


Desarrumada ou arrumadinha, você foi a minha preferida, pois só você mesmo pra aguentar, dia após dia, esta minha frágil carcaça de solitário hemorrágico.


Espero, sinceramente, que você esteja bem.


Te vi d e s m e m b rada pela última vez, mas para sempre lhe serei grato.


Muito obrigado, velha cama!!


Que você possa ainda acalentar os sonhos de outro desgraçado por aí.



O vão existente entre as pessoas é mais perceptível quando vemos a insistência delas em usar os fones da indiferença em lugares públicos.