quinta-feira, 28 de março de 2013

Anotações de um bebum introvertido (4)







Ah, essas algozes que passam e não percebem a chacina que provocam a cada passo que dão...





Eu queria uma mulherzinha pra ser só minha e não esta que me quer e se assanha toda vez que eu cruzo sua esquina suicida.





Realmente é muito triste, deprimente pra caralho, entrar num bar e não ter nenhuma fêmea pra admirar!





A mina de cara enjoada, de boca torta de desdém traga o cigarro avidamente, só o larga pra dar uns goles, uns beijinhos, no bucal de plástico da garrafa transparente de Coca-Cola quente... Verão em SP.





- Não, diante do júri não negarei que você era linda.





COMER POUCO CUSTA CARO.





- Mano, a minha mina é daquele tipo de mina que toma energético de canudinho às 10 da manhã, tá ligado?





sábado, 23 de março de 2013

A mulher além da bunda


Recentemente recebi uma reclamação de um grande amigo meu: hoje em dia está cada vez mais difícil de encontrar mulheres realmente interessantes. Confesso que algo assim já rondava minha cuca. Porém, quando meu amigo manifestou seu veredicto, minha ficha caiu, baixou o meu eu encucado: por que é tão difícil ultimamente encontrar esse tipo de mulher?

Primeiramente faz-se necessário definir o que é uma mulher interessante. Provavelmente cada um aí, que me lê, têm em mente como esse espécime é, certo? É uma mulher que mexe com a gente de um jeito diferente. Ela não é apenas sorridente, mas muito inteligente. É aquela mulher que, sim, tem lá suas frescuras - ela não deixa de ser mulher -, mas essas não atrapalham sua conduta, seu gosto por aventuras. Uma mulher interessante é aquela que pode até estar ligada em moda, mas não reproduz modinhas de estação; ela é aquela que prefere usar essas e outras informações de cunho estético em benefício próprio e não para ostentação ao próximo; é aquela mulher que tem personalidade indiferentemente da idade. Mulher interessante é um amigo querido que a gente gostaria de comer. Bem, assim, melhor dizendo, que a gente gostaria de levar pra comer. É mulher pra namorar, pra casar, você me entende, né, leitor? A mulher interessante é o oposto da mulher interesseira. Essa última, tu tá ligado, tá cheio aí na praça. Nem vou perder meu tempo esmiuçando essa aí.

Bem, agora, por que é tão complicado assim esbarrar numa mulher realmente interessante? Será que ela anda por lugares específicos? Teria ela um habitat natural?

Claro, faço essas perguntas por supor que meu grande amigo anda por lugares impróprios, inapropriados. Mas o fato é: mulher interessante tem em todo lugar, basta reparar bem.

Geralmente essas tipas já são comprometidas. Falo por experiência própria. Quando meus olhos captam a preciosa é aquele sentimento crescente de felicidade, ou melhor, duma possível felicidade eminente. Porém, sou realista, sou um puta dum cara ético, e reparo, logo em seguida, nos dedinhos da menina. E quando avisto a aliança dourada ou prateada é aquele sentimento desgraçado de derrotado, o pé de coelho sortudo chegou primeiro...

Agora, e quando o broto é solteiro, hein? O que você faz? Bem, o que eu faço? Ora, primeiramente, é coisa do divino encontrar uma guria desse tipo assim soltinha. Não revelarei aqui os meus xavecos. Mas, porra, puxo papo, né? Mentira! Mulher assim, como eu disse, é tão raro que você nem mesmo acredita que ela está ali bem diante de você. Ficamos só de olho; alimentando a miragem ali presente; torcendo que permaneça ali presente e não se esvaia inesperadamente. Se o contato for feito, se algumas palavras e sorrisos forem trocados, mal falamos bem, ga-gaguejamos muito, ficamos nervosos, parecemos uns garotinhos tímidos diante de um mulherão.

Mulheres assim, interessantes, instigam a gente. Ficamos intimidados diante delas. Ficamos na dúvida suicida se ela, a tipa, durante um bate-papo cara-a-cara, está dando mole ou sendo simplesmente simpática com a gente, infelizes desgraçados necessitados. Falando assim, parece até falta de autoestima da nossa parte, né? Parece até carência de corajosas investidas, não é mesmo? Que nada! É fato: a maioria de nós, homens, não sabe ver a mulher além da bunda. E quando vê, não sabe o que fazer.

Cara, como é que a gente conseguiu se reproduzir assim?! Eh, estamos destinados à extinção... Ou não. Basta se lembrar de uma coisa: atitude é sinônimo de felicidade. A mulher é como a arte: vence-se mais com a audácia do que com outros meios (Graça Aranha)! E a mulher interessante é isso, ela é o sonho máximo da nossa vida.

sábado, 16 de março de 2013

Um dia perdido


Deu branco. Travei. A Inspiração não vem e eu aqui paralisado. Duro por fora e oco por dentro. Vazio. Sem ideia. Apenas pensando/escrevendo a esmo. Sem sentido ou um destino visível. Plausível já seria lucro, mas tô duro, insosso, infértil e desprezível. Me falta fonte pra beber e nadar sobre. Não consigo discorrer sobre nada. Não nado, boio. Se eu quisesse me afogar, me aprofundar, não poderia, pois me falta matéria-prima, fonte obrigatória, mar aberto... Só mesmo este tema que escorre escorregadio sobre as pautas, que são raias, na folha branca do caderno ou na tela leitosa luminosa do monitor... Não vejo saída. Estou sem saída. Só me resta esvanecer...

sexta-feira, 15 de março de 2013

Recordações do Jovem Alzheimer


Ainda me lembro daquele tempo...

Um tempo onde o próprio tempo deixou de passar.

Eu ainda me lembro daquele lugar.

Um lugar distante, alto e revigorante – paragens etéreas subindo a serra.

Para se achegar lá, só de carro, ou de qualquer veículo aí motorizado. De a pé até dá, mas poucos são os valentes de pés calosos que fazem tamanho esforço. De bicicleta dá sim pra subir, mas quem aí se aventura nas inúmeras curvas que se apresentarão pra si??

Quem for verá a pista de asfalto negro posta recentemente.

Quem for verá, logo à direita de quem sobe, o caminho de terra em tons rochosos (não calculo os séculos que ele há de ter). É por esse caminho que adentramos no vilarejo. É um caminho de solavancos, tremedeiras, equilíbrio aqui é fundamental, mas a vista é certeira e compensa o terreno desigual! Vislumbramos a cidadela bem lá em baixo, num buraco, lembrando uma célula num microscópio, mas bem mais assustadora.

Neste caminho de tons terrosos, de manhãzinha, é cheio de alunos sonolentos uniformizados indo para a escola próxima, esses vão e se deixam ver a pé; os que vão de ônibus ou outro veículo de gente, aguardam sentados e juntinhos em pequenos grupinhos, na pracinha central, até que este passe e os carreguem até a escola distante, que fica no meio da cidade de baixo, horizontalizante.

Todos, porém, só retornam à tarde, à tardinha, e nesse ínterim, neste lugar, há pouca coisa pra se ver.

As bodegas ficam abertas até certo horário. Na hora do almoço fecham, e seus proprietários só voltam a abri-las depois que a quentinha se esfriou no bucho inchado.

Aqui, criança pequenina há. Mas poucas, muito poucas, arriscam a pele a brincar debaixo deste sol de lascar.

Se não vos disse antes, digo agorinha mesmo, aqui o sol castiga, queima de doer, mas acima da serra o clima suaviza, torna-se mais ameno e fresquinho, pois cá em cima há muito verde em volta, a brisa aqui é visita constante.

E ela é dessas visitas que chega e vai ficando, demorando-se um bocadinho; às vezes é bem rapidinho, tira mó prosa e vai se embora, de mansinho, satisfeita e sorridente, essa indecente...

Aliás, todos por aqui se conhecem.

Fulana que é filha de beltrana prima de cicrana é muito conhecida!

Fulaninho irmão de tal que é neto do tal-tal passou por aqui ontem mesmo pela manhã.

Aqui, neste lugar, as pessoas são bem-vindas.

Se você der as caras por aqui no finzinho da tarde, verá os vizinhos papeando livres, leves e soltos à porta de casa. Uns sentam na calçada mesmo, outros ficam de pé, encostados no portão; têm outros que preferem plantar cadeira, uma ao lado da outra, na varanda de casa ou bem em frente desta, na calçada mesmo. Fazem isso enquanto aguardam os filhos, os que não trabalham fora.

O assunto dos papos é variado; planos, desilusões e frustrações entram em pauta com frequência, mas é dos outros vizinhos, ou dos parentes próximos, que as línguas e ouvidos torcem e quebram com mais eloquência.

Mesmo assim, esse lugar, não deixa de ser aprazível.

Ainda me lembro dos sorvetes de tapioca sorvidos nesses finzinhos de tarde acalorados, lembro-me dos pedacinhos de goma em cada bola branca sobre a casquinha crocante e moreninha desta típica sobremesa. Ainda me lembro da bruaca feita na folha de bananeira e do gosto marcante, simples e bom, que só ela tem. Lembro dos pãezinhos franceses, que lá são chamados de carioquinha, ainda quentes com manteiga derretida no seu miolo ralo e quase oco... Essas coisas eram degustadas logo de manhã ou no lanche da tarde, jantar comida isso lá a gente não fazia.

Ah! Lembro-me ainda das menininhas tímidas, mas curiosas da presença masculina em terra invadida. Eu me lembro dos olhares maliciosos, dos sorrisinhos sapecas e dos segredos compartilhados num ouvido de conchinha...

Eu me lembro da noite em que a Igreja do Cristo-Rei estava em festa!

Eu me lembro que fui forçado a pôr a minha melhor roupa, pois na Igreja de Cristo, e Ele sendo Rei, não se aceita visitas desleixadas de bermudão e chinelo nem ao pé de sua alta morada, atapetada por íngremes e traiçoeiros paralelepípedos.

Eu me lembro da missa, das oferendas; eu me lembro do puxão de orelha!

Padre também dá bronca. Padre dá toquinhos, umas cutucadas, mas logo em seguida afaga o coração nosso de sinceros criminosos.

Eu me alembro dos festejos logo despois. Eu me alembro do leilão de quitutes e de arroz!!

Lembro-me das danças na pracinha anexa e das meninas lá vistas. Eu me recordo muito bem dos braços nus avistados, das perninhas finas de amostra, das coxas grossas e dos rebolados generosos...

Ah!

Eu me lembro de tanta coisa ainda...

Ai, que saudades qu’eu sinto dessas coisas todas qu’eu nunca tive.

sexta-feira, 8 de março de 2013

As despudoradas aventuras de Travessão - o gostosão - e Virgulinha, o que não faz nem cóceguinha

[musiquinha de abertura]



Booom dia, mulherada!!
Eaê, brotos e biscoitos do meu brasilzão!!
Eu sou o Travessão, o gostosão.
E eu sou o Virgulinha, aquele que não faz nem cóceguinha.
As moçoilas aqui presentes não conhecem a gente.
Por isso, nos apresentaremos de imediato a todas essas belezuras pegáveis que nos assistem.



[musiquinha de fundo: qualquer uma naquele naipe de programa infantil que passa na televisão de manhãzinha  Geralmente é uma música besta e que gruda fácil na cabeça]



Eu sou o Travessão, o gostosão, que todas as mulheres amam de paixão!
Se sou bonito, bonitão, não assumo, não.
Deixo as pequenas gritarem pra mim e curto muito tudo isso.
Tenho barriguinha tanquinho e não me intimido,
Permito que as gurias afoitas, as mais atiradas e excitadinhas
Esfreguem suas calçolas nos meus gominhos macios e definidinhos!

Eu sou o Virgulinha, o que não faz nem cóceguinha,
Mas que encanta as assexuadas e as enrugadas,
Essas que não pensam ou desejam a cada hora que passa
Uma rola bem grossa entre as perninhas finas.
Se sou educado ou meio afeminado,
Digo logo pras menininhas que sou é muito é macho!
Me machuco fácil, e daí?
O pinto pequeno é só um detalhezinho daqui [foco na pélvis do Virgulinha].
Sou é príncipe encantado,
Enterneço e não toro ninguém de quatro,
Meu campo etéreo é o emocional.
Mas no anal encosto sim o meu pau!



[aqui os dois fazem uns passinhos combinados, lembrando ou dando claramente pra ver que eles ensaiaram MUITO a dancinha que apresentam. Pode ser uma dancinha meio gay mesmo]



O Travessão aqui tem pegada!
Sabe domar a fêmea necessitada.
Não fico de cu-doce na balada.
Pego a mina e as amigas da mina sem-graça.
E tô me lixando pras picuinhas areadas!

O Virgulinha aqui é parceiro.
Não frequenta puteiro e é fiel.
Não fica com receio de dizer o que sente.
Sou um pequeno presente.
Digo tudo o que deve ser dito,
Tim-tim por tim-tim.
Posso ser tímido, mas sou decente.
Indecente é o meu amigo Travessão!
Carente, mas sorridente é o Virgulinha.



[aqui começa o Travessão falando dele mesmo na terceira pessoa]



O Travessão coleciona calcinhas.
Sempre está disposto pro vâmo-ver.
Na Hora H é sem frescura!
Se elas metem o dedo,
O Travessão aqui nem liga,
Depois ele arregaça a tipa,
Sem dó nem piedade.
O Travessão não liga pra idade,
Mas deixa todas que pega
Em estado grave!
Umas até já foram pro pronto-socorro!!
Umas desmaiadas, outras meio inconscientes,
Umas até de cadeira de rodas, deficientes,
Outras marcadas, com feridas feias,
Outras até cheias de hematomas,
Mas todas saíram satisfeitas e
Sorridentes ao leite quente!!



[aqui Virgulinha banca o coitadinho, mas visivelmente sacana]



Já eu, o Virgulinha, que não faz nem cóceguinha,
Mas que é o sonho de genro pra toda sogra interesseira e fuleira,
Sou é muito cordial!
Posso não ter um pau
Satisfatório pro mulherio mais guloso e exigente
De ultimamente,
Mas faço graça e rir qualquer mulher aí deste continente!!
Não me martirizo, puxa vida!
Só sou pequenino, ora pois.
Tem menininha por aí que acha bonitinho o meu bichinho.
Dão até uma chupadinha, uns beijinhos no meu menininho.
Não sou de humilhar, maltratar;
Sou carinhoso, não dou bofetão;
Sou daqueles que sabe como agradar a mulher de então.
Se meu pinto é pequeno,
Minha carteira cheia é o recheio
Que faz as damas e princesas
Lamberem os beiços.
Mulher gosta é mesmo de dinheiro!
Quem gosta de pica grande é um puta dum viadinho!!



[aqui os dois começam a cantar juntos. Sim, eles estavam cantando, acredite]



Somos as duas faces da mesma moeda,
Somos homens desta era pós-moderna,
Somos objeto de consumo
E de culto.
Nós dois somos o homem do futuro,
Nós dois somos o novo arquétipo do homem resoluto!!
Quem manda na bagaça agora,
Quem bate o pé antes do ponta-pé na bunda ou
Do soco no meio das fuças
É a mulher!
É ela quem reina e dita o que quer!
A gente é prova real que a mulher conquistou seu espaço de direito.
Perdemos a guerra indireta dos gêneros!
Os homens, agora, são só os escravos de suas infinitas vontades.

E querem saber porque nós cedemos a essas coisinhas assim facilmente??

Bem, a gente tá feliz assim, ué.
Não queremos mais nada!
Estamos satisfeitos pra caralho!!
Uma revolução dificilmente ocorrerá...
Agora a gente se despede desde já,
Pois nossas esposas estão a nos ligar.
E se a gente não atender
Vai ser aquela merda...

Tchau, tchau, mulherada gostosa!
Até amanhã de manhã, minhas queridas senhoras!
Um beijo na bunda, do Travessão!!
Outro na vulva, do Virgulinha!!



[musiquinha tema do término, créditos sobem e logotipo fixo ao fim]



quinta-feira, 7 de março de 2013

Almas de concreto também choram

Eu sou desprezível, desprezado. Não tenho aquela capacidade natural de agradar aqueles que me cercam. Sou chato, crítico e cafajestemente sincero. Não minto, é verdade, mas omito, ironicamente, para não desagradar ainda mais aqueles que me cercam. Sou honesto, compreensível. E justamente por isso sou deixado de lado, esquecido, negligenciado. Meus conhecidos não querem isso de mim. O que eles querem é minha máscara. Mas das muitas que eu devo ter, confesso que nenhuma cheguei a usar. E não as usei por falta de oportunidade, ou necessidade, viu. Veja bem, eu não as usei porque elas não cabiam no meu rosto. Admito que tentei fazer isto: pequei todas as máscaras que eu tinha, espalhei-as num vão e fui experimentando cada uma por vez. Porém, ao me ver com cada uma diante da janela-espelho exterior, percebi que o que eu estava fazendo era uma tremenda duma bobagem. Além disso, eu ficava muito ridículo e feio de doer usando essas máscaras desajustadas ao meu rosto. Na minha cara não cabe subterfúgios. No meu semblante não se ajusta fachadas disfarçadas para satisfazer quem passa. Minha deformação é o escombro do que sou, fui e vou ser. Sou o que chamam de bagulho, mas acho que entulho é mais condizente, mais haver com aquilo que vejo em mim diariamente. Não sou obra finalizada, feita, pronta pra ser entregue ou obra acabada, desfeita, pronta pra demolirem. Sim, sou uma obra inacabada. E que tem muito prazer nisso, pois, se sou obra, sou obra de mim mesmo. Não sou do tipo superfaturada, embargada ou atrasada. Sou eu mesmo o material e a mão-de-obra dessa minha construção do meu eu interior e, claro, do meu eu exterior também. Minhas estruturas são bem firmes. Tenho e carrego sempre comigo minhas convicções, meus punhadinhos de certezas. Sou ético, esteta, mas não estético ou protético. Sou uma espécie de puxadinho: feito assim, sabe, de improviso, para atender uma necessidade prevista; para agregar àquilo que já existe o que surge inesperadamente, entende? Sou uma laje onde as pessoas pisam, se divertem, mas sou também uma superfície ampla, sem muros limitadores. Sou teto enchido por mãos amigas e interesseiras. Sou um refúgio onde solitários enamorados se deitam e miram a Lua Cheia reluzente – portal celestial das lembranças mais queridas e deliciosas. Eu sou aquilo que dói constantemente, aquilo que machuca invariavelmente nos seres aparentemente de concreto. Eu sou a rachadura, o Arauto do Tempo. Sou a verdade verdadeira da danação humana, e inumana. Eu sou a cicatriz, muito prazer!