domingo, 14 de abril de 2013

Hoje, nada estraga o meu dia!


Hoje, nada estraga o meu dia!
Nem o ontem de um caso morto
Tão pouco o amanhã de uma ausência esquecida

Hoje, nada estraga o meu dia!
Pode a terra tremer diante do caos
Pode até faltar mingau
Que a minha felicidade não desmoronará
Logo ali no quintal

Hoje, nada estraga o meu dia!
Se o meu time ganhar ou perder
Pra mim é indiferente
Se o dinheiro acabar assim
De repente
Pra mim não será coisa assim
De presidente
Pois hoje nada estraga o meu dia!

Hoje, não me meterei em brigas sem sentido
Hoje, não vou me estressar pela
Falta de educação de outrem
Ou por qualquer motivo além
Hoje, não vou esquentar minha cabeça nem
Mesmo por Jerusalém!

Hoje, nada estraga o meu dia!
Hoje, acordei bem e saudável,
Não sairei sequer do meu quarto,
Mas acompanhado ficarei
Hoje, nada estraga o meu dia
Porque tenho você aqui bem
Do meu lado
Hoje é só agrado!
E amanhã de manhã será assim
Também, meu bem,
Pois mesmo não sendo casados,
Muito menos amigados,
Apenas dois desquitados,
Dois desesperados,
Temos algo exclusivo entre a gente
Somente nós dois temos essa coisa:
Você me tem em você
E eu tenho você em mim

Precisamos de algo mais assim??

Hoje e para sempre nada estragará os nossos dias,
Pois a eternidade acabou de nascer neste nosso quarto.
Hoje é um dia sagrado,
Sacramentado!!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Com a palavra: o babaca do ex

- Eu sei muito bem do que você gosta. E como gosta. Sei o quanto você é gulosa e o quanto você se transforma entre quatro paredes veladas. Sei como te provocar. Conheço muito bem os lugares do teu corpo onde devo acariciar e beijar para te deixar maluquinha, toda doida de prazer. Sei bem que curtes uma barba mal-feita acariciando-lhe as bochechas. Sei que se contorces toda quando dou uns beijinhos no seu pescocinho, e quando afasto com jeitinho o teu cabelo comprido para beijar-lhe a nuca, sei que você geme baixinho quando faço isso. E sei muito bem que cabelo é coisa muito séria para você. Tu curtes que eu o puxe para baixo quando mordisco teus mamilos. Você grita de prazer quando eu o puxo enquanto eu te como de quatro. Sabes mui bem que eu o puxava com cuidado, com todo o meu amor, durante as estocadas, pois esses fios são preciosos para você. Você sabe que eu sei disso. Você sabe também que eu sei o quanto você adora apanhar na cama. Antes de te conhecer, eu não batia em mulher. Mas foi me envolver contigo e, desde aí, descobri que isso é fonte inesgotável de gozo para você (e para muitas outras por aí). No começo eu te batia na bunda.  Você me pedia isso, lembra? E eu te obedecia, batia de leve no começo. Depois você me pediu pra bater com mais força, não desacatei, bati forte. Mas depois de um tempo bater na tua bunda não era mais o suficiente para você. Ainda hoje me assusto quando me lembro da primeira vez que você me pediu para te bater na cara. Fiquei meio que em baque diante daquela ordem, diante daquela que era você. Mas não sei por que motivo, devido ao momento, sei lá, ou por estar de frente pra você com aqueles olhinhos pedintes, bati com força. Não dei tapa. Esmurrei. E não dei um. Dei três. Chocado fiquei diante do que vi. Vi você de olho roxo, com o nariz quebrado, torto, e sangrando muito, e sorrindo... Sorrindo!!! Você parecia estar em êxtase. Seus gemidos de dor (ou de puro prazer) soavam satisfeitos, sinistros... Você gozou. Logo em seguida me debrucei pra te abraçar, pra te beijar, mas você me repeliu, se desencaixou de mim e se trancou no banheiro. Lá dentro, tu deves ter avaliado o estrago, pois voltou pra mim não mais nua em pelo e sim enrolada numa toalha branca suja de sangue fresco. Ali de pé, rente a cama, você me ordenou que fosse embora. Mais um susto. Tentei argumentar, saber o motivo, tentei te prestar assistência, mas você, irrevogável, só repetiu a minha sentença. E fui-me embora. Cabisbaixo andei por entre os carros estacionados no teu condomínio, tentando entender o que tinha acontecido. Andei pela calçada pensativo, rumo à minha casa, condomínio próximo, à sete quadras. Parei naquela praça, outrora cenário cúmplice do nosso namoro prematuro. Sentei no nosso banco, amigo íntimo da gente de outros tempos. Não resisti, acendi um cigarro. Eh, eu sei muito bem que tinha lhe dito que tinha parado, mas o momento em si exigia umas boas tragadas. Dei várias. E quase no fim do maldito, praticamente com a bituca começando a queimar as pontas dos meus dedos, eu finalmente percebi a minha falha. Percebi o quanto eu tinha te decepcionado. Percebi que não tinha sido homem o suficiente para você. Eu falhei em te matar, meu amor.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Anotações de um bebum introvertido (5)


Sei não, mas acho que os gays ajudam as mulheres a se soltarem mais de suas inibições. Completando: umas boas biritas também ajudam.





- Cara, minha memória é impressionante! Sempre reconheço uma mina pela bunda. Nunca falha.





E eu cá admirando o transe alcoólico em que as fêmeas se entregam... Falta tão pouco pra verdadeira felicidade!!





Ah, desgraçada que vejo transfigurada em outras caras que como de madrugada!!





Aqui na Rua Augusta é assim: a cada casal que você vê se beijando há outro, a poucos metros, brigando. Paixão e fúria na mesma rua.





Em São Paulo eu encontro mais cearenses do que em Fortaleza.





Antes pensava eu que a depressão era o oposto da felicidade, mas não, hoje eu sei que a morte é quem és. Quem vive infeliz, feliz és, pois somente o vivo sente aquilo que faz todo o sentido.





Minha barba fica eriçada quando meus olhos dão de cara com um belo e jovial par de coxas alvas. Minha consciência clama por prudência mesmo diante da indecência.





  

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Dolores


Dolores toma todas as dores do parto
E parte encapuzada carregando a desgarrada
Nos corredores limpos ninguém vê os maltrapilhos
Já na calçada a desgraçada vai de graça

Em casa a cria é desembrulhada
O fruto do fruto proibido é bem-vindo e bem servido
Não recebe maus-tratos o recém-nascido
Ao contrário, o sonho roubado é sonho almejado
Ali já havia um quarto vago
Só restava ser preenchido por um ente querido
Mesmo que este não fosse sanguíneo...

A mentira dita antes se torna verdade
Verdade surrupiada ainda quente de um leito qualquer
Quem chora agora é a mulher que não é mais mãe
Quem sorri sorridente neste instante é a Dolores usurpadora

A criança era inocente
A mãe impotente
E Dolores não carrega mais dores

Dolores é só felicidade
Enquanto a que foi mãe num instante
Quase sofre um enfarte

Anos se passam
O caso trágico não é solucionado
Até hoje a que foi roubada não sabe que foi roubada
A mãe verdadeira chorou muito sua perda
Aliás, ainda chora sua perda, primeira primogênita
Mas era fértil, teve mais dois depois
E Dolores joga arroz sobre sua filha escolhida...

Quem mais aí vive uma grande mentira?