terça-feira, 30 de julho de 2013

O mau humor do poeta: uma teoria infundada

Perambulando eu estava
Pelas ruas tortas próximas de casa,
Quando, de assalto, uma ideia se fixou
Na cuca desmiolada deste que vos fala:

Existe poeta mal-humorado?
Por acaso há um poeta que canta
Os enfados desta vida cretina?
Poeta algum dia se irrita?
Poeta de cara feia fica?

Pensamento esse rondou pela minha cabeça,
Até me senti meio besta por tamanho despropério.
Mas, querido querubim, falo sério.
Poeta algum aí já se demonstrou severo?

Memória minha não consegue encontrar exemplo,
Dos que me lembro,
São engraçadinhos quase todos,
Uns delicados são, outros engajados.
Conheço uns do tipo lunático!
Uns são sérios sim, mas não carrancudos.
Existem uns taciturnos,
Uns realmente soturnos,
Outros até mesmo de saturno (!),
Mas acabrunhados não me recordo de nenhum.
Existem também uns pornográficos...
Desses é melhor nem comentar algo.

E como seriam esses poemas de poetas mal-educados?
Será que sairiam poemas bons?
Poesia com esse tom
Ainda assim seria poesia??
Talvez não.
Acho improvável.
Poesia não combina
Com coisas dessa ordem detestável;
Poesia não é para louvar o desagradável.
Poesia pode ser grotesca,
Ou até mesmo feia visualmente,
Ou ainda
Com uma imagética deprimente nas entrelinhas.

Mas poesia desse tipo seria outra coisa...
Seria um tipo diferente de texto, por exemplo,
Cujo artifício
É pegar os mesmos moldes e retoques de um poema feito
Para exclamar as coisas
Torpes desta vidinha terrena e
Azeda.

Posso até tentar fazer um disparate desses,
Mas bom isto lá não sairá,
Já logo alerto.

Fique esperto.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Anotações de um bebum introvertido (8)

Enquanto uns disputam uma mesa ao relento,
outros coçam os fundilhos em busca de alento;
Tem gente que sai do banheiro e não lava a mão,
e tem gente que entra sem opção;
Há mulheres impacientes diante das amigas,
e há mulheres atraentes a cada esquina.





Quando a mulher diz porra, ela tá querendo porra mesmo ou é outra coisa??





curvas sinuosas
curvas provocantes
curvas abundantes à minha frente
e eu aqui
parado
sem gasolina





Ah, como este mundo é injusto! Só quando estou completamente bêbado é que as pequenas aparecem dando trevo.





Se mulher fosse fácil, não seria MA-RA-VI-LHO-SA.





O que leva uma mulher a voltar ao homem que a rejeitou? Isso é realmente amor ou é outra coisa??





O estalo do elástico sendo ajustado no quadril da pequena desconfortável é o alerta sonoro de um filete de algodão bem próximo a fenda úmida da perdição – minha única e eterna salvação!






É falta de educação ficar olhando um casal que fica se pegando a seu lado. Mas sou mal-educado, principalmente quando o casal que vejo são duas mulheres se mordendo, se lambendo por inteiro!!



quarta-feira, 17 de julho de 2013

Trapaças, tretas e trepadas (ou um epílogo do Domingo no Parque de sempre)

Te vejo com outro e não me contento
Te ver receber alento de outro é um tremendo tormento!

Pensamentos homicidas me rondam a cabeça:

Mate
Corte
Esfole
Degole
Decapite
Trucide

Mas a tragédia à vista é mais forte que minha resistência!
O baque em te ver com outro põe por terra minhas forças

De joelhos, e em prantos, teimo ainda em fazer planos inumanos...
De joelhos ralados, te vejo sorrir feliz d’outro lado

O ciúme me consome, transborda-se diante de mim

Te vejo com outro e não me contenho,
Não me dou por satisfeito apenas vendo,
Abordo-os:

Grito
Vocifero
Bato
Espero

Atiro

e

Desespero

...

Te vejo ali morta,
Dura,
Fria feito ferro e,
Enquanto o outro rasteja e geme
Assustado amparando-se
Sobre o próprio sangue empapado
E sobre o teu também,
Desamparado,
Encosto minha cabeça desgrenhada no teu peito
Esquerdo

Sossego o meu ego ferido em ti
Assim
E dou o tiro
Que me juntará a ti
Enfim

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Anotações de um bebum introvertido (7)

Toda loira que eu conheço é falça.





Uma das melhores coisas da vida é um copo d’água.





“A gente depende muito do tempo.”





Boa literatura não se explica, sugere.





Quando a mulher tá afim, ela demonstra que tá afim.





As pessoas vão e voltam, vão e voltam, mas todas parecem ir sem destino algum. Ou melhor: vão e voltam sem sentido algum.





Não vejo mais a paixão brilhando em seus olhos castanhos. Só vejo o que ainda restou de um amor magoado magoando meus olhos vermelhos.





Na Era do Caos, mulher sem compostura é a coisa mais normal. Se ela tá com fome, é sem rodeios, manda pra dentro o sanduba gordo de recheio ainda vermelho. Queria eu ver tamanha fome quando ela manda pra dentro outras coisas cruas quase nuas em pelo.





Teu corpo nu é lindo!
Colírio
Mais lindo que isso
Só mesmo Narciso
Segurando
Um espirro!!





Um poema nem sempre está além daquilo que ele é. Às vezes, ele apenas é aquilo mesmo e mais nada; ele simplesmente é.






Nota: Meu caro leitor atento, perceba que na primeira anotação desta recente lista, o ‘c’ cedilhado foi utilizado no lugar do ‘s’ ortograficamente correto. Uns aí dirão que isso é mais um chiste estereotipado. E eu não vou negar. Perdoai.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Um inverno em busca de sentidos

inverno em são paulo é sem cor
inodoro
vapor

vapor barato de bom grado
amanhecido
neblina vagabunda
em frente à janela

não dê trela
senão tremes nu na quaresma

festa junina ante a revolução de 32
que não foi farroupilha
mas é julino
pipocou