segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Tamara, tamarindo, tico-tico (versão sádica)

Tamara,
Tamarindo,
Tico-tico

Não é pirulito
Aquele lá que já bateu
É este que agora ela gosta de mim
E aqui também eu!

Eu não bato mais
Não nela, não
Meu tico-tico não belisca nenhum fubá bão
Nenhum mais
Umas ainda ficam de ti-ti-ti
Mas eu não tô nem aí pra isso aí

O objetivo aqui é te fazer rir
Se eu não conseguir
Bem
Ao menos tentei te fazer bem, também

Tamara,
Tamarindo
Mama bonito que só vendo
Não faz tudo, tudinho que eu mando
Mas dá
Quando ordeno,
Com jeitinho
E
Chameguinho,
Um bocadinho do seu amor
Gostoso –
Carinho manso e
Resignado

Tamara era quase um bicho do mato!
Demorou pra sossegar
Bati muito nela
Até sangrar
Hoje, ela me ama
Faz minha cama
E tudo mais
Cozinha bem e
Me satisfaz

Tamara é meu precioso tico-tico
Que mantenho comigo
Bem juntinho
E não divido gratuitamente com ninguém
Em uma gaiola de ouro a detenho
Que dá gosto de vê-la ali

Tamara não deixo esmorecer
Dou-lhe de comer
Sempre a mantenho saudável
Com ela eu sou afável,
Encefálico
Dou-lhe de beber suco de
Tamarindo ainda fresco
Sempre no biquinho da bichinha
Coisa linda!

Admito que Tamara ainda apanha
Como deu aí pra perceber
Mas só quando não me obedece direito,
Pois sou seu amo e senhor
Tamara marquei no seio esquerdo:
Propriedade exclusiva de seu embusteiro
Marquei a ferro
Marquei a fogo
Quando ela bancou a rebelada
Quase fugiu de mim, a desgraçada

Tamara daqui não fugirá
Além de mantê-la bem e disposta
Cortei-lhe as asinhas, quando recém recuperada
Tamara só dá uns pulinhos pela casa
Manca bonito que dá gosto acompanhar
Tamara é cativa, cativante
Mantenho-a pressa por um barbante
Que não é,
Veja bem,
Uma grande barbaridade
É mais coisa da idade
Mesmo
Sem receios
Ou medo de ser pego
Eu tenho meios
Eu apenas recolho das ruas o que anda por aí solto
Sem dono
E dou abrigo e conforto
No meu doce calabouço
Sou só mais um que tenta ser feliz
Sozinho não deu
Bem que tentei
Quis
Mas
Não teve jeito
Tomei Tamara como minha esposa de realejo

Vai, bichinha, vai!
Pula, pula, sua danadinha!
Pois há outro cliente aí
Querendo lhe furar o destino suicida

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Tamara, tamarindo, tico-tico (versão hétero)

Tamara,
Tamarindo,
Tico-tico

Menina má,
Azedinha e
Pequenina

Usa óculos,
Nasceu na Índia,
Mas tira mó onda em Copacabana

Tamara,
Tamarindo,
Tico-tico

Sorri um sorriso faceiro,
Se dá por inteiro,
Quando sai de topete do cabeleireiro

Tamara trabalha num hospital,
Se abusada, passa mal
Mas, quando melhor fica, voa a toda pelo quintal

Tamara, menina gente fina,
Preocupa-se com as colorias
Toda vez que come comida de passarinha

Tamara,
Tamarindo,
Tico-tico

Tamara toma todas,
Agradece os agridoces
Quando adentra a terra de fogo

Tamara é daquelas que não disfarça
Sua índole sensitiva
Diante de um gaúcho bem dotado

Tamara ama
Um tronco bem duro (não carvalho)
No seu corpo rajado de vermelho

Tamara é uma graça
Coisa gostosa de comer
Porém, foge de mim quando me vê

Tamara,
Tamarindo,
Tico-tico

Ela nunca me amará
Pois vive rindo
Do meu pobre tico-tico no fubá

Ta-ta-ta
Ti-ti-ti
Buá-buá

Tamara,
Sua putinha danada de boa!
Me dá uma chance, poxa.

domingo, 18 de agosto de 2013

Anotações de um bebum introvertido (9)

Quem bebe ganha a chave. A chave que liberta da cachola, quando não mais sã, as mais fantásticas e inesperadas bobagens de uma mente desmiolada alcoolizada!!





Porra! É foda ver um casal se beijando bem na sua frente, enquanto tu tá sozinho bebericando um cafezinho quente.





Mina de franja é uma tentação recente. Pena que ela não tem coração, esse seu ausente. Se quero algo sério, ela passa reto, displicente. Se quero diversão, mostra-me o dedo duro em sinal de negação. Mina de franja é uma desgraça indecente de verão.





Geralmente eu não gosto de padrão. Tenho aversão. Não gosto de ver tudo igual, tudo tão assim a mesma coisa. Mas quando a moda e o bom tempo faz com que as meninas, as garotas e as mulherezinhas enverguem, sem malícia, shortinhos cada vez mais curtinhos, eu me perco no modelado, eu me encaixo no rebolado da modelo que passa requebrando o padrão avantajado!!





Atrás de uma loira sempre tem um pretinho.




... 

A mulher que passa e
me vê olhando,
me vê e sabe
que a estou observando...

A mulher que volta e
me encara de cara,
desconfia descontando
que a estou ignorando...

A mulher que chega junto e
me cobra explicações
quer de mim de imediato outras ações...

A mulher que me bate
descontrolada
irritada
é minha esposa e
senhora
de toda hora:
combate

Não posso olhar pra todo rabo de saia...


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sou poeta

Sou poeta
Mas me renego

Sou poeta
Sem ego

Sou poeta
Ainda verde,
Branco
E amarelo

Sou poeta
De chinelo

Sou poeta
De estação
Que curte o verão
De galochas
E sungão

Sou poeta
Que compra pão
Que bebe água

Sou poeta
De bolha de sabão

Sou poeta
Das mágoas

Sou poeta
Magoado,
Aleijado,
Sujo e
Indecente

Sou poeta
De todo tipo

Sou poeta
De gente

Sou poeta
Que pouco chora
Que pouco come
Que pouco geme

Sou poeta
De aguardente

Sou poeta
Banguela
Sim!
Sem sequer um dente

Sou poeta
Sem querer ser crente
Mas sendo,
Ou tentando ser,
Comovente

Sou poeta
Malicioso,
Maledicente e
Que sempre se emociona
Quando a verdade vem à tona

Sou poeta
Cretino
Sem crédito
Sem juízo

Sou poeta
Que arrancou todos os dentes
Do siso
E me repito
Apito
Denuncio:

 Sou poeta
Cabra macho
Que sai sempre
Machucado
Quando lhe partem
O frágil coração –
Esse eterno descontente

Sou poeta
De papel
Papelão

Sou poeta
Eis aqui o meu cartão

domingo, 11 de agosto de 2013

PÓVULOS SOLARZÓIDE

Foto: @dennisstever


Ontem, eu sonhei contigo
Sim, você estava comigo
De mãos dadas nós dois estávamos
Sim, estávamos atados

Caminhávamos sozinhos numa estrada
Essa, não era asfaltada
Tampouco negra como a noite
Caminhávamos sobre gelo seco
Vapores
E tudo ao redor desta estrada era ermo
Árido feito feno

Lembro que chovia
Mas o que nos envolvia não era água
Pois, o que nos cercava, não era transparente
Era algo mais de prata, reluzente
Eram pequenos filetes
Afiados
Que caiam apresados sobre a gente
Torrencialmente
Eram giletes, milhares
Eram bilhões de agulhas
Eram ferimentos incalculáveis a cada passo
Dado
...

Sim, meu amor,
Caminhávamos nus (em torpor)
Completamente ensanguentados
Mais ainda ligados
Andávamos a passos lentos, pesados
Compassados
Aparentemente despreocupados
Caminhávamos em direção ao Sol
...

Sim, meu querubim,
O Sol não estava ali
No céu do sonho
Ele estava resplandecente
No chão, convalescente

Lembro-me que parecia que
Andávamos já a um bom tempo
Fiquei com essa impressão
Quando acordei de supetão
Não sei te explicar
Direito
Mas acho que vi suor, vi estafa
Em nossos corpos,
Carcaças empapadas de sangue
Coagulado
E seco

Recordo-me que chegamos juntos ao Sol caído
Tadinho!
Ele estava aos nossos pés,
Agonizante
O recolhemos do chão a quatro mãos
Com muito cuidado e atenção
Coitado!
Tão fragilizado Ele estava
Fizemos carinho n’Ele,
Se bem me lembro,
Acho que foi isso sim
Que se sucedeu
...

Depois disso,
Eu O deixei contigo
Você O ninou, acalentou-O,
Suspendeu-O acima de si
Olhou fixamente para Ele
E depois para mim,
Lançou-me um olhar malicioso,
Do tipo de quando alguém toma uma decisão definitiva,
Sabe?
E vi:
Sua mandíbula se abrindo de um jeito estranho,
Desproporcional,
Exagerado,
Você O engoliu,
Meu amor,
E por inteiro,
Nem mastigou
Nem nada
Parecia uma serpente quando come
De vez
A sua enorme presa suculenta
Desesperada

E foi aí que eu acordei
Assustado
Preocupado de imediato
Com o que eu tinha sonhado
Presenciado
...

Ontem, sonhei contigo
Sim, você estava comigo
Por isso, eu desconfio
Que você me esconde
Um outro filho!

Queira oxalá que não seja mais um natimorto!
Como sempre os são os de agosto

...

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sai da frente!

Sai da frente!
Eu tô passando
Empurro se necessário for

Sai da frente!
Eu tô com pressa
Não aguento mais essa espera

Sai da frente!
Poxa vida
Não me atrase a vida
Cretina
Que levo
Carrego
Sem sacrilégios
Adultérios ou
Gozo em cemitério

Sai da frente!
Já disse
Tô em busca de outros planos
Planetas
Tô saindo apressadinho
Desta estratosfera arquetípica

Sai da frente!
Caralho!
Não me segura
Porra!
A vida que eu tinha
Não é mais minha
Dei pra outro
Dei
Não vendi
Porque
Ela não estava valorizada
Dei de graça
Sem alarde
Pois em Euro não dava
Muito menos em Dólar
Câmbio maldito!

Sai da frente!
Passei a jato
Dei rodo nos trouxas aí parados
Empacados em suas vidinhas torpes

Sai da frente!
Perdi o juízo
Mas ainda tenho calças
Não sou um louco
Sem causa
Sou doido de doer
Que treme quando vê
A doida quando passa...

Sai da frente!
Gente!
Ela tá bem ali

Sai da frente!
Se a deixo ir
Passar ligeira assim,
Bem diante de mim,
O meu fim é certeiro
E me acabo,
Mais uma vez,
Sozinho no banheiro

Sai da frente!
Anda logo!

Ela é minha sina
Bizantina
Ela é a salvação de uma alma perdida
Ela é ilusão de um coração em ruínas

...

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O Amor vencerá

Antigamente, pensava eu, que o Amor era um sentimento duradouro, que nunca, apesar de tudo, se findava numa desgraça. Bobagem. Atualmente, sei bem, que o Amor tem data de validade; tem hora certa pra acabar. Porém, o dia em que ele vence, expira, não é assim visível que nem nos produtos que compramos no mercado. Não. A data em questão é invisível. Você não a vê, você não a enxerga impressa na sua frente, você simplesmente a sente com a mente e com o corpo mesmo. É como dizem por aí: “nosso Amor morreu”. E isso denota perda, ausência plena. O Amor não se transforma em outra coisa, como outros aí defendem que sim se transforma. O Amor não se transforma em ódio ou amizade. Essas coisas são outras coisas, outros sentimentos, essas são emoções que tomam o lugar daquele sentimento que morreu. Nada mais, ou nada de menos. Simples assim. O Amor é um sentimento de vida própria; é tipo um vírus, ou uma bactéria, ou até mesmo um protozoário, enfim, o Amor é um organismo que invade o corpo da gente, e que morre, quando tem que morrer, oras. Amor eterno não existe. Nem mesmo o tempo é eterno! Porque então o Amor tem que ser? Tudo tem seu tempo. Até o tempo tem tempo. E o Amor também tem, entendeu? Nada dura para sempre. Nem mesmo o nada durou, porque então o Amor, que é bem mais novo, durará? Parece que estou dizendo absurdos, não é verdade? Mentira! Tudo isso é lógico, empírico, e meio niilista também, ou farrista, se você me leu bem. Religião aqui não entrou porque é coisa diferente, é campo de pesquisa de um colega meu, e não meu. Num próximo post, vou deixar que ele se explique. Minhas pesquisas permeiam o concreto, o sujo, o visceral; aquilo que é próprio da carne. Meu colega te mostrará o que ele vê além dessas coisas todas que eu disse. Aguarde-o. Ele virá quando lhe der na telha. Seja paciente, meu caro amigo crente.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A fila andou!

A fila andou!
Quem bom
Passou
Passou raspando
Capado
Risonho
Torto
Deu-se um jeito
Mas andou
Que bom
Enfim
Um fim
Fim?
Sim!
Acho que sim
Assim
Veja bem
Tipo assim
Acabou
Ah!
Que bom
Andou
E agora?
Rola?
Rala
Esfrega
Geme
Repete
Repete
Se diverte
Sorvete
Entre os dentes
Aparelho
Espelho mágico
Calças arriadas
Calcinha torta
Dente
Dedo
Grelho
Grelha
Orelha
Frango assado
Cubo duro
De quatro
Três vezes ao dia
Receita médica
Hipoteticamente falando
E ainda andando
Dando
O que mesmo?
Ah!
A fila
Filézinho
Loirinha
Natural
Que rima com
...
E assim vai
Andando
Dando
Dependendo
Do
Tempo
Até
Parar de vez com
Isso
Num dia qualquer

Eh