Já
faz um tempo que eu não escrevo em prosa. E não é por falta de tempo. Nada
disso. É por gosto pela poesia. Explico: escrever em prosa demanda um tempo
maior de reflexão, demanda um compromisso mais duradouro e sério com a palavra
escrita. Quanto à poesia, pelo menos pra mim, o tempo é mais espontâneo,
direto, sem poda nas palavras que insistem em convidar umas as outras. A
poesia, pra mim, é uma rapidinha. É uma atividade que faço sem hora marcada.
Pintou uma ideia, já a ponho no papel e tento desenvolvê-la ao longo dos
versos. Ultimamente, ando escrevendo sonetos. Contudo, quem sabe já viu que eu
não faço sonetos puros, com métrica e rimas perfeitinhas. Não. Os sonetos que
faço são apenas aparentes, são apenas uma estrutura por onde ouso trabalhar
para melhor acondicionar aquela minha ideia que pinta. Sim, meu caro leitor,
até a recente ideia tem que ter um limite de espaço. E pra ser bem-sucedido
nisso, sempre utilizo uma folha de sulfite como suporte de meus espontâneos
poemas. Utilizo aqueles 30 x 21 cm pra centrifugar a ideia de passagem na minha
cabeça transviada. E admito, esse troço é danado de bom! Há sempre o desafio de
encaixar a palavra certa ali no poema nascente. Às vezes, as palavras vêm
fáceis, sem grilo, é bem natural, mas tem vezes que o bagulho fica doido,
difícil mesmo, a ideia não desenrola, trava e, quando isso acontece, tento mais
um pouco – não desisto assim tão fácil. Porém, nem sempre dá pra superar o
bloqueio criativo, aí ponho de lado o poema inacabado, pra só voltar a ele
outro dia. Não tem jeito. Tem poema que precisa de um tempo de maturação. Tem
poema que exige um pouco mais de tempo e dedicação. Curioso, não? Mesmo assim,
ando ultimamente privilegiando a poesia por ver nela a possibilidade de
síntese, de resumo, de algo curto. Isso é outro desafio, bem sei, mais é sempre
bom praticar sua concisão num poeminha aí de descontração. Ah! Outra coisa.
Aquela folha de sulfite que utilizo inicialmente pra desenvolver o meu poema,
eu a jogo fora. Sim! Não arquivo rascunhos. Privilegio mais a ideia do que o
suporte físico. Por isso, não sou encucado como alguns amigos meus em publicar
um livro e coisa e tal. Concordo com eles, o livro é um bom registro de que
aquele autor existiu, mas, pra mim, este espaço virtual já tá de bom tamanho.
Não quero que mais árvores morram por um escritor tão medíocre como eu.
continue a escrever. confeço que só li dois textos teus, essa e a poesia em baixo, mas vou voltar e ler tudo. gostei da leve lascívia por entre as letras. repito, continue.
ResponderExcluirValeu, Everton! Obrigado pelo incentivo. Apareça mais sim, fique à vontade. Abraço.
Excluir