segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Patologia do crime sem castigo



À Érica, essa minha querida amiga psicopata



Você me faz bem
Mesmo me fazendo mal.
Você quer o meu mal
Quando lhe faço bem.

Você quer o meu melhor,
Mas deseja o meu pior.
Você, pra mim, é a melhor!
Quanto a mim, pra ti, sou o menos pior...

E nesse jogo de avessos
Cheio de versos livres,
Apreço e chamegos,

A gente joga o jogo genuíno
Dos que se pegam feito doidos
Sem dar bola pra que vão dizer disso.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O Escritório

A vontade faz a necessidade.

E quando a vontade é muito grande, coisa doida fora deste mundo, a gente têm mesmo é que aplacá-la de uma vez, mesmo que tenhamos de desembolsar uns bons trocados para isso.

Assim, não deu outra, pro negócio rolar gostoso, tivemos que abrir um escritório.

Ela e eu tínhamos um caso antigo, do tipo rolo, sabe? Nossa sociedade era bem instável. Ficávamos bem durante uns meses, do tipo bem intenso mesmo e, logo em seguida, nosso ritmo caia drasticamente. Nossas ações desvalorizavam rápido demais.

Contudo, éramos teimosos, ou uns apaixonados não assumidos, e reatávamos donde tínhamos parado - talvez na esperança boba de que o negócio, dessa uma vez mais, desse certo enfim.

Pois bem, dessa última mais uma vez, concordamos em montar um escritório fixo, uma lugar concreto e definitivo, uma primeira sede. Optamos por um lugar bem discreto, depois de muito pesquisar nos classificados aí à mão; a região parecia tranqüila e, o mais importante, era bem distante de nossas respectivas moradas oficiais.

Nós dois tínhamos outros casos. Nós dois éramos complicados: ela, dois filhos pequenos, eu, uma ex-esposa encrenqueira e nós dois, um e outro parente e vizinho xeretas.

Lugar escolhido faltava mobiliá-lo adequadamente Levamos um bom tempo nisso, mas foi até divertido fazer esse projeto juntos, sabe? O escritório estava ficando com a nossa cara. Um lugar elegante, prático e com tudo que precisávamos para realizar os despachos diários numa boa.

O dia da inauguração foi inesquecível. O escritório de arrumadinho ficou bem bagunçado, mas acho que é sempre assim quando dois sócios ficam deveras empolgados com o negócio enfim ganhando forma, corpo por meio do nosso próprio suor e esforço físico. Nossas progressões iam muito bem durante vários meses. O escritório estava nos dando bons lucros e satisfações visíveis. Estava tudo indo bem e certinho.

Porém, sempre um porém, minha sócia me apareceu um dia com umas idéias estranhas...

Nós dois sempre fomos transparentes um com o outro, nunca escondemos nada de ninguém, sempre jogávamos o jogo seguindo as regras e criando as nossas entre a gente mesmo, um bom negócio só dá certo dessa maneira, com respeito, intimidade e sinceridade sobre a mesa.

Mas, nesse dia, a sinceridade me bateu na cara duma forma inesperada e implacável: minha sócia sugeriu terceirizar os serviços do escritório.

Aquela idéia dela me abalou geral. Seria até compreensível essa idéia dela se estivéssemos enfrentando alguma crise e tal. Mas, ao contrário, estava tudo indo bem, as contas fechavam direitinho, algumas surpresinhas aí desagradáveis no meio do processo apareciam, porém tudo dentro da nossa estimativa traçada e discutida. Aquela idéia dela foi muito descabida e inoportuna.

O argumento dela era de que precisávamos expandir nossas relações, nossos departamentos; ela me dizia que eu estava muito sobrecarregado e que não estava mais dando conta de tudo como deveria estar.

Fiquei puto com aquilo, lógico.

Como assim não dando conta?!

Porra, eu estava administrando tudo e todos muito bem!!

Pelo menos, era o que eu achava.

Contra-argumentei, mas não adiantou muito. Minha sócia é foda, quando põe algo na cabeça, dificilmente dá pra arrancar, nem a força dá, já tentei isso uma vez e deu merda, deu um processo do caralho.

Enfim, pedi a ela um tempo pra pensar direitinho nas implicações dessa fusão surpresa sugerida, mas, óbvio, eu já tinha uma resposta pronta, eu já tinha uma decisão definida na mente, só não queria ali expô-la para ela: eu ia quebrar aquela empresa.

Mas não dando prejuízo, pedindo falência, veja bem, eu estava pensando num esquema de superfaturação.

Explico: se a minha sócia queria terceirizar, incluir um terceiro elemento nessa nossa transação paralela, eu ia triplicar a oferta.

Rodei atrás dessa gente farta. Enfiei-me nesse negócio sujo do submundo corporativo e, após muitas negociações sinistras, consegui arranjar dezessete cacetes pra satisfazê-la, todos saudáveis e bem dotados de porte – sempre faço bons negócios.

Numa sexta-feira, fim de expediente, soltei-lhe o memorando. Quero dizer, comuniquei-lhe que na segunda já lhe entregaria a papelada para acertarmos de vez a nossa expansão no organograma.

Minha sócia se mostrou satisfeita enfim, eu a enrolei por muito tempo mesmo, bem mais do que o de costume.

E ela se despediu de mim toda eufórica, dizendo que eu estava sendo muito inteligente e profissional em admitir mais um homem no nosso negócio. Ela me deu um beijo na testa quando terminou de me dizer essas coisas.

No dia dito e no horário de sempre, ela foi pontual. Vestia um vestido novo todo vermelho e vinha acompanhada de um cara bem mais novo de terno todo branco do seu lado esquerdo. Sorri o sorriso mais amarelo que eu tinha quando ela o apresentou a mim.

Em seguida, eu disse a minha sócia para ela ir subindo na frente, pois precisava trocar umas palavrinhas com esse novo funcionário; acertar detalhes, limites e tal. Também lhe instiguei a curiosidade dizendo que tinha dezessete grandes surpresas lhe aguardando no escritório.

Minha sócia me olhou intrigada, mas sorriu pra mim quando lhe pisquei um olho.

Quando ela sumiu de vista, interrompi o que sei lá o que o camarada ia começar a me dizer o estrangulando ali mesmo. O rapaz era forte, vale aqui mencionar, mas o fator surpresa sempre se sobressai quando a vítima não espera o inesperado. E eu tava puto, então, já sabe.

Deixei o corpo inerte daquele traste ali mesmo e, conforme o elevador subia, eu ia me ajeitando e montando o arsenal que eu trouxera numa pasta preta executiva.

Quando o elevador parou e abriu as portas, pude de cara ver a cena grotesca por mim orquestrada: minha sócia estava rodeada por dezessete homens nus. Seu vestido não mais existia. Só havia farrapos pelo chão e umas tiras do ex-vestido vermelho grudados no seu corpo em pelo.

Ela estava de quatro sobre a grande mesa de vidro. Tinha um cara debaixo dela. Outro a enrabava sem dó, todo agressivo. Mais dois eram chupados por ela de forma revezada, primeiro engolia um, depois engolia o outro, sempre afoita, na fome do cio. E mais um cara em cada mão era agraciado com uma bela punhetinha. Os demais estavam por ali também. Ora eles a enrabavam, iam pra de baixo dela, ora eram chupados, ora recebiam uma punheta, ora lhe puxava os cabelos, ora a batia, a esganava; era um rodízio muito organizado, pode-se dizer. Contudo, não era uma coisa muito agradável de se ver.

Ninguém deu por mim quando sai do elevador e caminhei bem em direção deles, o negócio lá estava frenético!! Uma horrenda orgia do caralho!!

Vi o quadro e não gostei: saquei logo as armas quando me vi num ângulo e numa posição favoráveis para eliminar a todos.

Desembestei a disparar sem parar.

Teve sim uns caras que conseguiram correr ao ouvir os primeiros disparos, mas não se distanciaram muito de mim, fuzilei a todos, sem dó, misericórdia ou pena.

Descarreguei toda a munição que tinha levado. Certifiquei-me que todos estavam mortos: dei mais cinco tiros em cada crânio estatelado nu no chão de sangue.

No corpo da minha ex-sócia, não fiz essa barbaridade. Não tive coragem de deformar aquele rostinho de puta.

Então, enquanto eu me ajoelhava em direção a seu corpo inerte, eu ia desabrigando do meu bolso a minha faca nova recém adquirida.

Com essa faca, acariciei-lhe a face, o rosto empapado de sangue sujo. Fiquei bons minutos fazendo isso... Para, em seguida, cravá-la no seio esquerdo e arrancar-lhe o coração morto.

Admirado fiquei quando o removi, ele ainda estava quente! E ele era lindo. Todo lisinho e brilhante... Não resisti: devorei-o ali mesmo.

Demitir por justa causa nunca foi tão saboroso para mim.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Meu desocupado favorito

Em tempos de crise, o que você mais encontra por aí é gente desocupada, certo? Errado! Em tempos de crise, o que você mais encontra é gente atarefada tentando reverter esses tempos de crise em tempos mais amenos, divertidos. Tarefa essa das mais difíceis, vocês sabem bem. Porém, em qualquer tempo seja ele de crise, de tranqüilidade, moderno ou mesozóico, a exceção é vírus que se infiltra no código fonte do tempo contínuo e chato, achatado. Ou seja: ser um desocupado é fugir a regra; é ser e querer ser solteiro em time de casados; é ser livre por escolha própria e que se danem quem desaprova esse estilo de vida pós-moderno quase tabu e libertino! Pois bem, eu sou um desocupado. Admito isso numa boa. Mas calma lá, assecla vigilante duma doutrina pagante! Não me aponte o dedo acusador e revoltante assim num instante. Desocupado também é gente. E muito decente, viu! Não é porque estamos sempre disponíveis que somos lá figurinhas de algum álbum juvenil. Não. Somos desocupados porque acreditamos numa coisa boba, aparentemente: acreditamos que gente faz a gente melhor. Não me fiz entender? Peraí. Deixa-me melhorar isso aí. Assim, nós, os desocupados assumidos, pensamos que estar disponível para quem for, seja ele amigo, colega, conhecido ou algum perdido, é estar aberto a novas amizades, possibilidades, experiências e crenças. Entenderam agora? A gente se desocupa pra se ocupar com aquilo lá que vem de sei lá onde, sacou? É muito difícil isso, não é mesmo? Ainda mais difícil quando se está namorando, casado ou enrolando duas, três ou sete pessoas por aí...  E ainda tem o nosso trampo que suga muito do nosso tempo. A nossa facul também. Porém, quem quer se desocupar, quem dessa filosofia de vida aí partilha, se identifica, sempre arruma um tempinho para essas e outras saidinhas. Exemplos práticos disso: se um amigo seu aí lhe diz “Vâmo lá?”, você diz “Vâmo!”; se um conhecido te chama pr’uma festa, você logo fala “Demorô”; se uma desconhecida boazuda solta um “Bora?”, você não enrola e já emenda um “Bora!”. E agora, entendeu de vez, meu chapa?? Já disse aqui é repito: sou um desocupado. E, cara, quer saber? Nunca fui tão feliz como agora! Sério mesmo. Tô fazendo diversas amizades bacanas e insanas. Tô indo aonde nenhum homem jamais esteve, literalmente. E eu tô evoluindo como gente, pode crer. Sou o desocupado favorito de muitos aí vistos. Não tô querendo me gabar, não mesmo! Mas, poxa, ser uma pessoa presente, em tempos de à distância, faz toda a diferença na vida das pessoas. Então, meu irmão, aí vai a síntese deste texto-dica: experimente ser onipresente com aqueles que aparecem na tua curta vida. Mostre a cara e outras coisas. Mostre-se por completo. Não tenha medo! Afinal, o Senhor do Tempo é teu amigo. Vá com ele até o infinito.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O eu que eu queria ser

O eu que eu queria ser é mais parecido com você, que me lê.

Ele não é esse que você conhece ou pensa conhecer. Ele é aquele que você e eu queremos muito ser.

Esse, provavelmente, é mais alto, mais magro e muito mais bonito, atraente. Esse é gente como a gente, porém, bem mais interessante. Esse nosso eu é mais sorridente, bem-humorado, calmo e concentrado.

Contudo, não é um bobo ou um retardado, esse nosso eu manja das coisas. Ele tá por dentro de tudo! É aquele cara, ou mina, muito bem antenado, em sintonia, com o mundo e suas sinas.

O eu que eu queria ser, e você também querer ser, é uma pessoa que achamos legal. É aquela pessoa que todo mundo quer ter por perto, nas horas boas e nas ruins. O eu que tu podes sempre contar sem se preocupar com o que ele vai ou deixar de pensar, sabe?

O eu que eu queria ser, e você também, é alguém que imaginamos ser perfeito. Por isso, talvez aí resida o caráter impossível da coisa toda. Ser perfeito é muito difícil! Dá muito trabalho ser esse que você gostaria de ser para que todos aí o vejam, admiram-no e o sigam... Ser esse que nós mesmos somos é bem melhor do que esse que gostaríamos que fôssemos, pois esse nosso nós é verdadeiro. Não é perfeito, sabemos bem, mas é autêntico, mesmo com tantos defeitos.

Dito isso, pense bem: talvez já sejamos esse que gostaríamos de ser, só não nos damos conta disso! Pense bem: quem é aquele que lhe fala sempre diretamente, não sussurrando, tampouco gritando, mas só você o ouve dentro da tua cabeça?

É a tua Consciência, certo?

Então, o eu que eu e você gostaríamos de ser se mostra por meio da nossa própria Consciência!

Dê mais ouvidos a ela. Ela sabe das coisas. Por isso, cá escrevo, por sugestão dela. E, olhe, vou te contar uma coisa: a vida faz muito mais sentido quando papeio com ela. O eu que eu gostaria de ser, e você também aí pretende e quer ser, já faz parte de nós. É só você se dispor a ouvi-lo que tudo flui.

Vai por mim.

Vai por você mesmo.

Vai ser demais!

Eu te garanto.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Do dia em que eu tirei a minha licença poética

Não sei bem ao certo quando foi, mas me lembro como aconteceu. Geralmente a gente vai a um lugar para se obter licença de alguma coisa legalmente, em um departamento, cartório, escritório ou gabinete. No meu caso, o lugar veio a mim. Eu tava de bobeira, não fazendo nada de importante; eu estava ali num instante quando o lugar baixou em mim: num piscar de olhos me vi num lugar amplo de espaço, janelas envidraçadas vi, dessas típicas de prédios empresariais, sabe? Eu estava num andar, porém, não era cobertura, ou ao menos parecia não ser... Me peguei em pé perambulando, entre divisórias fui passando, e essas formavam pequenos cubos, todos ali reunidos feito pequenos favos naquela colmeia de gente curvada e aparentemente atarefada. Sim! Os seres que ali estavam, nesses cubículos, pareciam ser gente, ou alguma ideia de gente. Pois bem, me peguei andando, andando e parando de repente diante dum enorme balcão de informação. Eu me senti um anão, pois não conseguia ver quem, ou o que, estava doutro lado, mesmo eu nas pontas dos pés ficando. Mesmo assim, nessa angústia, senti uma sombra sobre mim me avaliando para logo em seguida me dizer para eu aguardar na fila. Da voz não me lembro o timbre, tampouco a textura, só me recordo do conteúdo impositivo dito a mim, assim sem mais ou menos. Olhei ao redor, procurando a fila. E a vi ali, à minha direita, um filete escuro, linha preta no canto do mundo, cadeiras sem apoio formando uma fileira de ombros sem ombreira e encosto. Fui até lá, a passos vagos, pois presa não era necessário. O ambiente parecia calmo, tranquilo por demais, todo branco-mármore e gesso-pálido. Me sentei na última cadeira, da direita pra esquerda. Ao meu lado, dezenas, centenas-centopeias de outras cadeiras sustentavam outros seres que eu não conseguia distinguir nitidamente quem ou o que eram. Pareciam seres amórficos em água turva, às vezes límpida, às vezes suja. Não dei trela ou puxei papo, fiquei ali mesmo sentado, parado, aguardando não sei o que. Segundos, minutos, horas não sei bem ao certo quanto disso se passou - se é que passaram! Apenas me recordo que numa das minhas pescadas de tédio-sono o meu nome completo, não o do heterônimo, foi anunciado num brado horripilante! Me pus de pé num átimo sagrado e corri pra sei lá o que ou do que não sei bem pra onde. Só me lembro que atravessei um pórtico-azul-marinho-jônico e, num estalo bobo, eu estava numa sala toda sépia em seu ambiente interno. “Sente-se”, disse-me uma voz embargada, rouca e aparentemente cansada. A voz vinha por de trás duma enorme poltrona de couro – acho que era de couro -, onde eu só via sua traseira. Eh, a coisa-pessoa estava de costas para mim. Sentei ali na cadeira em frente. Entre nós apenas uma escrivaninha antiga e igualmente enorme, dessas que sempre vemos nos filmes onde os chefes, os presidentes e demais autoridades sempre têm em suas salas de respeito. Depois disso, só ouvi uns sons de rabiscos por de trás da poltrona de couro. Parecia que esse ser-coisa estava lá escrevendo ou desenhando alguma coisa importante... “Pronto!”, gritou. “Aqui está tua licença, meu jovem.”, disse-me a voz quando me entregou uma folha pálida com letras negras como a noite e carimbada com um emblema circular vermelho-sangue de autenticidade: era a minha licença poética! A coisa-homem, ou sei lá o que valha, me entregou colocando-a sobre a escrivaninha com a mão-pata esquerda, não se dando ao trabalho de se virar para me entregar. Nessa curta ação, nesse relance, pude ver ou perceber “a mão” da coisa-ser que me entregava a minha licença poética. Não era uma mão, era mais uma patinha, muito fina, aliás, tipo dessa de insetos parasitas que habitam nossas residências e assustam algumas fêmeas, manja? Naquela hora, não fiquei assustado, nada disso. Eu tava ali, enfim, com a minha licença poética em mãos! Levantei da cadeira com emoção e já fui saindo da sala-sépia de fininho... Mas, claro, fui saindo dizendo “Muito obrigado! Muito obrigado!” e ainda dei uma olhadinha para trás, sobre ombros, para ver se a coisa-homem virava para frente. Que nada! Ainda estava de costas. Só pude perceber uma fumacinha saindo feito serpente encantada à flauta por de trás da poltrona de couro velho... E foi assim que obtive a minha licença poética. Sem mais nem menos. Eu a guardo minimizada entre os hemisférios direito e esquerdo do meu cerebelo. Bem ali no meio, junto, bem juntinho dos percevejos marinados de cerveja.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Restos de Mayara

minha tampa
não tampa
qualquer panela

minha canela
não se quebra
assim de quebra

minha casa
não é assim
pra quem casa

minha transa
não tranca
sua trança

minha pinta
não dá pinta
em qualquer pintura

minha sina
não se sinaliza
na tua usina

minha chapa
não raspa
mais na tua xepa

minha esperança
é que nem verdura:
verde, amarga e só dura quando refogada

tu fez uma tremenda duma cagada - 
vacilou legal, Mayara!!
agora chora, chora
sua puta desgraçada do caralho!!