quarta-feira, 20 de julho de 2016

CORRE HOMEM, CORRE

Faz tempo desde a última vez que escrevi em prosa. A poesia, ultimamente, anda me requerendo mais atenção. Porém, hoje, vejo-me disposto a escrever em prosa depois de nove meses (!) ausente nesse estilo. Bora lá então. Não sei você aí, mas eu aqui ando reparando num troço muito doido que anda rolando pela cidade. Não é o Pokémon GO, não. Tampouco a falta de educação que impera nas pessoas da metrópole. O que ando vendo é mais algo físico. Explico: é muito comum, hoje em dia, ver gente pela rua correndo adoidado pra qualquer lado. O tal do Crossfit é a moda atlética do momento. Vira e mexe você esbarra num praticante dessa modalidade aí pela calçada do seu bairro ou do seu trabalho. Contudo, não é desse aí que eu quero aqui comentar. Não. O causo é: gente normal, isto é, gente de roupa comum, não vestida de trajes típicos de academia correndo que nem louco aí e aqui pela rua! Você já viu?! Se não, tenho certeza que um conhecido seu já e há pouco tempo atrás. Pode perguntar pra qualquer um aí a seu lado. Um ou dois vão confirmar o meu relato. Imagine: você tá lá de boa pela rua, indo ou voltando do trampo e, do nada, você vê um cara correndo afoito à sua frente. E esse cara tá de terno e gravata! Ele tá todo arrumadinho e correndo a toda como se estivesse na São Silvestre!! Imaginou? Bom, aí você pode pensar que o cara tá atrasado para uma reunião importante ou tá mesmo é com frio — nada disso! Ultimamente ando vendo gente assim em qualquer dia da semana — até nos fins de semana — e em qualquer horário — até mesmo depois do tal horário comercial — e em dias até mais amenos. Então, qual será o motivo desse alarido? Você certamente se (e me) perguntará isso. Vamos lá. Vem comigo. Tentaremos cá resolver esse mistério. Pergunte-se isto: por que um cara, em trajes civis, correria em carreira pela rua? Pense: será que ele deve algo? Será que ele teme alguém? Não sabemos de nada disso, mas uma coisa é certa: quem corre se preocupa. E isso é válido pra qualquer um aí que corre. Quem corre pra ter um bom condicionamento físico, corre porque se preocupa com a própria saúde. Quem corre se preocupa em não chegar atrasado ao trabalho. Quem corre da chuva se preocupa em se molhar. Quem corre da polícia se preocupa em ser pego após o flagrante num assalto e por aí vai... Deu pra entender, né? Agora, e quem corre aí que nem louco? O que preocupa esse ser? Quem ou o que lhe faz agir assim tão desesperadamente ao ponto de correr, desembestado, pela rua? Penso. Penso. E uma palavra só me parece justificar tudo isso: mulher. Sim! E ainda faço um complemento semântico sugestivo: medo da mulher. Em época de empoderamento feminino, que aqui soa feio feito um pleonasmo, mas é, na verdade, só um friso, o homem, boboca por natureza, viu-se reles só mais um diante da força monumental da fêmea que, por ele, fez aliança eterna, ou seja, o homem de hoje se viu no limiar da sua própria ruína quando a mulher descobriu que tinha mais o que fazer do que depender de um babaca escroto que não sabe respeitá-la como mulher. Entendeu agora, cara? Não?! Peraí então. Deixe-me ser mais direto: o fulaninho lá que corre, corre porque tem horário certo pra chegar em casa. E ai dele se ele não chegar no horário em casa, pois, sua mulher, sua única deusa, sabe bem o que fazer com um cabra que não respeita seu coração. Captou a mensagem?

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Aqui se fez um poeta

Começou assim por acaso,
Tentando pôr de lado
O tudo antes atrasado
Para não ficar de caso.

De repente, virou um tarado
Por querer dar uma de Tasso,
Mas, na verdade, queria Picasso —
Nem sempre com bom resultado...

A ideia era matar o tempo,
Se entreter torto e a direito
Pra não ficar só de lamento.

E foi assim nesse campo,
Do despretensioso ao de esteta,
Que o aqui se fez um poeta.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

DEBU

Foi-se a quatro ventos
Ternura atípica de menina.
Ela, que sempre fora traquina,
Despertou, belo dia, c’outros jeitos...

Ela agia agora feito gente dos guetos.
Sua mente se perdia em cada esquina,
Sua fome atingia ares de suína
E sua força se exibia plena nos peitos.

Parecia até, veja bem, uma deusa negra
Com ascendência em egípcia extraterrena!
Se ela era a Helena de Tróia de origem grega,

Não importa mais agora, vislumbre a cena:
Menina-macho também ganha machucado
Quando cresce e se almeja com namorado.