quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Do meu processo (4)

Partindo da necessidade de fazer alguma coisa, escrevo. Escrevo não só pra me ocupar, matar o tempo, mas sim pra descobrir alguma coisa. E essa coisa pode ser qualquer coisa mesmo, sem restrições, o importante é escrever pra depois entender. Não quero aqui me comprometer, quero desenvolver. Escrever é desenvolvimento; é a busca por algo que está oculto e que precisa, no texto, ser revelado, mostrado graficamente em palavras, frases. Então, tudo é um processo, que corre ligeiro, às vezes, e que também rasteja, às vezes. Tudo depende do espaço, do momento, do ambiente e da ideia. Se tenho ideia clara, o desenvolvimento, o processo corre que nem o Bolt. Se não, se a ideia que tenho é abstrata, nebulosa, a sua concretização é mais demorada, custosa. E isso, claro, sofre influência, do espaço aonde me ponho a escrever. Se me encontro numa biblioteca, por exemplo, o trabalho é mais focado; se estou no trabalho, em um dos momentos de ociosidade, as interferências atrapalham, faz parte, o marasmo não dura para sempre. Agora, outro ponto, para eu começar a fazer tudo isso, o momento tem que ser propício. E quando digo momento me refiro a duas coisas importantes: a vida física e a vida psíquica. Vida física é a vida em si, os contatos que a gente faz diariamente, as notícias e relatos que vemos, ouvimos e lemos por aí. Já vida psíquica é como eu entendo, absorvo essas coisas do entorno; é como penso e ajo diante dessas coisas. Então, sendo assim, momento é disposição; é o querer escrever com alguma coisa em mente, ou não. Continuando, para escrever, um suporte se faz necessário. Isso é o espaço. Meu espaço é um caderninho de brochura, geralmente. Nele boto, rascunho todos os meus textos em prosa, como este que estou escrevendo agora. De lá, passo-o para o Word, onde faço uns ajustes e tal, se necessário, daí só depois o publico aqui no blog. Percebeu? É tudo um processo. Um processo de escrever, escrever e reescrever. Já os poemas que eu arrisco fazer, se você me lê há algum tempo, já sabe aonde eu os faço, se não, clique aqui e descubra já. Viu só? Escrever, pra mim, é um passatempo divertido, é um hobby, não é um ofício oficial remunerado, é um lazer, uma ocupação pra manter a minha mente funcionando bem. Espero continuar assim. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

ISTO NÃO QUER DIZER NADA

Se não estamos bem,
Dizemos muito.

Se bem,
Pouco.

Mas, como o mundo anda estranho,
Parecendo assim meio torto,

Se estamos mal,
Não dizemos nada.

Se bem,
Dizemos tudo.
E mais um pouco.

Neste mundo invertido,
O mais divertido
É dizer tudo aquilo
Que ninguém quer
Ou gostaria de saber.

É como se,
Ao dizer,
Tudo aquilo que sai,
Preenchesse um nada inexistente.

Palpite?

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

DAS TRÍADES

Pergunte à Eco
Quem é você e
Você ouvirá: eu.

Pergunte também
Quem sou eu e
Você ouvirá: ele.

Pergunte, por fim,
Quem é a gente e
Você ouvirá: nós.

Pergunte sempre
E você não será Narciso.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

MUDANÇAS ECONÔMICAS

Compras à vista
Pagas a prazo
Se você tem dinheiro,
Guarde-o,
Pois
Irá gastá-lo,
E muito!
Para isso não acontecer,
Não se esqueça:
Não dê gorjeta,
Muito menos aumento;
Em época de crise,
O que dá lucro é
Ser subserviente.
Taí de prova o atual presidente...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

PEQUENEZ

quão pequena é
a vida humana
comparada ao Universo

quão irrisória é
os problemas pessoais
diante da Morte
logo atrás

quão diminuta é
a felicidade falsa
encontrada nas telas de celular caro

quão insignificante é
tudo isso
que vivemos até aqui

a Humanidade perece
a cada dia
enquanto
um homem só
apenas cobiça

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

MEDUSA NÃO USA WI-FI

Passava o dia inteiro de olho nele, querendo saber tudo a seu respeito. Se tinha dinheiro, se era popular, se era bom-partido. Até que um dia, enfim, ele a olhou de volta. Celular dela se desligou e nunca mais se deixou ligar. Ela não era 4G.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

ATA MEIO DADAÍSTA DE FIM DE ANO

a quem interessar possa:
dias difíceis virão
não é joça
é a mais pura constatação
se este ano foi horrível,
o próximo será pior
nem a Dior
tampouco o novilho
se salvará
alvará
faça a sua parte,
pois eu farei a minha
pra amenizar
Oxalá!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

RATO MORTO

Passeando a pé pela rua,
Eu o vejo lá estatelado,
Parecendo panqueca, imprensado,
Criatura descomunal está nua.

Perdera tudo que fora sua,
Só o rabo se faz notado,
Bucho, crânio esmagado
Em noite escura, noite de lua.

Vejo suas tripas ao relento;
Não vejo ninguém em sofrimento;
Só o nojo paira sobre o asfalto...

Rato morto não causa comoção.
Restos desse tipo não tocam o coração.
Sigo reto. Pode ser armação.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

LIXO VIVO

Descartada por quase todos
Que nela vivem,
A cidade,
Grande cidade,
Agoniza sozinha na sarjeta e
Enquanto uns e outros
Dizem defendê-la
(Salve! Salve!),
Na culatra,
O negócio,
Mau negócio,
Anda torto, capenga,
Dando lucro àqueles que
Nela dizem morar,
Ocupar.

A cidade,
Grande cidade,
Só reflete os que nela vivem, sobrevivem.
Se ela está suja, imunda e feia é por que
Nela sobra gente altiva
E falta gente digna.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

GORDO, VELHO E BROCHA

O pau já não vê mais,
A barriga bloqueia a visão.
Se duro fica,
Já nem mais sente,
Ereção é coisa ausente.
Prazer sente mesmo é quando come.
Seja um petisco, um crustáceo vivo
Ou uma bandeja cheia de salgadinhos!
Por passar de certa idade,
Nem mais se importa com isso ou aquilo outro,
Quer mais é beber, se empanturrar
Até o cinto da calça estourar!
Ser gordo não é problema,
Problema é querer ficar magro.
Porém, disso, não sofre, é enfado.
Agora, do pau não levantar...
No início, sofreu,
Mas, se viu sozinho,
Então, se esqueceu.
Ser homem, hoje em dia, não é mais isso.
Ser homem, atualmente, é ter muito di$$o, muito daquilo...
E de tudo ele tem.
“Não preciso de ninguém!”, ele diz.
Ele é desses que você vê na rua.
Você o vê e o vê feliz,
Mas quem em sã é assim sendo
Gordo, velho e brocha?

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

EMENDAS DA MEIA-NOITE

Do calvário alegam vir
Pra por em ordem um país,
Mas, o que se vê, faz rir
Pra não chorar chafariz.

Tudo parece por um triz;
Todos eles temem cair.
Afinal, tem gente aí que se faz juiz.
Porém, desencanto morno, vão ruir...

Na calada da noite fazem acordos,
Delações premiadas ganham fórum;
Tudo é encenado em grandes auditoriums!

O que se vê só se vê cacos, quebrados.
O verdadeiro espetáculo não é arbitrário!
Lá, o jogo é jogado sem estagiário.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

VERMES

Vejo-os ao meu redor
Em estado vil de decomposição,
Criaturas peçonhentas em ação,
Fazendo o que fazem de melhor:

Extinguindo a carne até o pó,
Impregnando o ar sem consideração,
Apenas o fedor há em elevação.
Condenado estou e na pior.

Danado assim sem me mexer,
Penso no que fiz pra acabar ali
E não consigo entender o exercer

Que é agir livre até aqui
Pra acabar assim sem esperança
Enquanto os sem cabeça enchem a pança.