quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

ATÉ AS LENDAS SE APOSENTAM

Reinava há vários anos. O povo estava bem. Ninguém passava fome e as guerras não mais existiam. Seu reino prosperava, era feliz como nunca o fora. Contudo, uma coisa não estava certa. Algo ali não estava direito. A espada que sempre carregou consigo não tinha mais serventia. Guardá-la como tesouro não era opção. Toda espada é feita com um propósito: cortar a carne do inimigo. Sem ele, a espada não faz sentido. Assim, a espada é desembainhada, pela última vez e, seu rei, crava-a na pedra de onde a retirou. Ali ela aguardará pelo próximo menino assustado que a retirará.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

BASTARIA POESIA

bastaria um gesto
uma ação
e a vida de muitos
mudaria de vez

bastaria uma palavra
dita
no momento certo
e o mundo seria outro —
melhor
talvez

bastaria um pensamento
uma ideia
para os universos paralelos
de cada um
se cruzarem
se unirem
em um só

bastaria poesia

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

O TOM BRANCO DA NEVE

na queda
a gente
se revela

no topo
todo mundo
acha gosto

na ascensão
ninguém percebe
o tom branco da neve

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A CAIXA QUE NÃO ERA DE PANDORA

A caixa é aberta e dela saem infinitas coisas sem sentido. Quem ali vê, não acredita, aberta deixa a boca e os olhos arregalados. Quando a caixa enfim se esvazia, quem ali está, vai bisbilhotar, e vê, no fundo da caixa, todo o sentido do mundo.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

DESTERRADOS VÃO ÀS COMPRAS

Em zonas francas, você o vê mendigando ofertas. Parece necessitado, mas não é. É o típico brasileiro querendo levar vantagem em tudo. Até quando doa, pede desconto. E quando avista algum defeito no produto comprado a prazo, liga de imediato no SAC e exige um produto novo. Ele não é bobo. Consumidor se fez há muito tempo. Torcemos para que um dia vire um cidadão também.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

FUTURO DISTÓPICO

quarto escuro. barulho de chuva na janela. gritos de socorro pela rua. ninguém acode, ninguém se importa. em outros quartos, todo o resto assiste ao homicídio pela tevê. sou o próximo.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

ELEFANTE DE MARTE

Em meio à poeira vermelha, o marciano naturalizado caminha a passos lentos. A gravidade em si não tem nada a ver com isso. Ele assim caminha porque está muito cansado de subir e descer as infinitas dunas do planeta rubi. Seu cansaço não é coisa de humor, é mais física essa dor. O astronauta-ancião ainda caminha, pois, a geração posterior a dele, é perdida, então, cabe a ele o fardo árduo de toda a humanidade.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

IMPERIALISMO AMERICANO NAS RUELAS DO CAPÃO

desbaratinada corre
tina thompson
pela rua

é noite,
madrugada
ninguém à vista
ou de tocaia

tina thompson corre
que nem lola,
porém,
diferentemente daquela,
tina thompson cai
e se esborracha

— na quebrada,
quem se vende,
quebra a cara

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A ARTE DA AUSÊNCIA


A arte da ausência é a vida que se cria na solidão.


Fazia sol, um calor de queimar quengo, mesmo assim, uma figura escura se atrevia a perambular pelada pelo deserto em pleno dia. Não se distinguia bem a figura retirante. Era uma mancha apenas; um borrão negro se via bem distante... No deserto, quem escalda a própria sola, não peregrina por esmola. Quem a gente vê aqui, meio que não vendo, é o sentido da vida no ventre estéril.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

DEPOIS DA TORMENTA

Por mares nunca antes navegados, a diminuta embarcação vagueia sobre ondas virgens. Sua tripulação é restrita a uma pessoa apenas. Essa, neste momento, dorme o sono dos justos. É noite e, em alto mar, a noite é mais noite do que em qualquer lugar. A brisa marinha se faz presente e refrigera o corpo que nem sopro de mãe em leite quente. O barco segue no balanço do destino e a pessoa que lá repousa segue sonhando, e sorrindo.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A MINHA CARA REFLETE A MINHA ALMA

De nada sei sobre o Paraíso,
Tampouco quero saber do Inferno.
O que eu quero é simples:
Não ser mais um enfermo.

Sofrer, já basta meia vida.
Felicidade não quero direto na veia.
Quero um meio termo.

Desejo o sossego careca dos monges,
Que tomam sol, despreocupados, na laje
E caminham sem olhar pra celulares.

Anseio por uma vida assim,
Sem nada de valor nos bolsos,
Só com o gosto de viver no rosto.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

SÃO PAULO: PAU NO CU DOS ARROMBADOS

não é fácil ser gostoso,
diz um boy magia
no Trianon

a vida é dura,
sussurra uma puta
na Augusta

tá difícil trabalhar aqui,
grita um executivo
na Paulista

aqui é mole,
confidencia o prefeito dessa porra toda

chulo, torpe, falta de decoro
tua mãe me ama,
seu corno!

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

DIA DA BRUXA

Não se engane, é todo dia
Que ela sai pra alforria.
Ela anda, corre e voa;
Ela não é de ficar à toa.

É má, muito má, e se faz de boa;
É sangue ruim, empapado, que não côa.
Atazana a vida alheia — feitiçaria!
A desgraça é a sua alegria.

Quem vê, pensa que é boa gente.
Uma senhora recatada e do lar.
Trouxas! Essa aí é o próprio insolente,

Que torna tudo um lupanar.
Faz graça, humilha e vocifera.
Não tem moral, é o diabo na terra.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

TODA ALEGRIA TEM UM POUCO DE TRISTEZA

nem tudo está perdido
quando a vida
lhe dá uma surra

se tá vivo, urra,
levanta e segue em frente
pra se encontrar,
basta ser persistente

“falar é fácil,
difícil é fazer”,
se tu és um desses,
volte a gemer

pra ser feliz
na vida
tem que querer

e não se esqueça:
a tristeza faz parte do esquema
é ela o tempero que te alimenta
quando tua alegria é plena

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

INTERVENÇÃO

Em tempos em que se pede
Todo tipo de intervenção.
Seja a militar pra ação,
Seja a divina pra sucede,

Uma coisa é clara, sem intuição:
Se problema há, todos fazem questão
De que ele se resolva sem quermesse,
Relegando a outro o que se fizesse.

Ninguém toma partido do ocorrido,
Ninguém põe a cara à tapa
Pra resolução finita.

Todos empurram com a barriga,
Desconversam e saem de fininho,
Querendo que outros resolvam suas próprias vidas.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O FIM DO HOMEM-SORVETE (INCOMPLETO)

Não há muito que dizer. Se ele realmente existiu, poucos, hoje em dia, ainda acreditam ou se lembram dele. A maioria sequer ficou a par de seus feitos e truques por aí afora. Sua carreira não foi televisionada, tampouco capa de revistinha para pré-adolescentes peraltas lerem. Sua vida foi sim um grande mistério, uma grande incógnita na história da evolução humana. Um homem, todo feito de sorvete, caminhou entre a gente. E quase ninguém tem conta disso. Por mais absurdo e/ou fantástico que isso possa parecer, o fato, a anedota, o caso é real e farto de material que corrobora e prova sua existência, sua legitimidade. Entretanto, esses documentos não estão aí na praça, pra todo mundo ver, como se diz popularmente. Não. Esses arquivos estão em sigilo. Eles estão naquilo que a mídia chama estrangeiramente de TOP SECRET. Então, não se iluda. O que aqui vai ser apresentado é tudo fruto do contato físico, da convivência mundana com o indivíduo cremoso e gelado.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

RACISMO

palavra idiota
atitude pior
cabeça menor
de sociopata

se acha o melhor
se vê na alta
porém, o que lhe falta
sobra em horror

infelizmente ainda existe
em todo o mundo persiste
essa ideia de palpite

racismo é coisa séria
tipo superbactéria
que só atinge os acéfalos

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

EFEMÉRIDES (1)

sem o que fazer,
escrevo
sem compromisso
com a realidade ou
com a ficção
simplesmente
escrevo
sem intenção,
só quero
aqui
passar o tempo
enquanto ele
não passa
por cima
de mim





tempo passou e
eu aqui à vapor





quem corre muito
vive muito pouco





sortilégio é
não ter brincado de Lego





passar desapercebido
hoje
é a morte

se sou
lembrado,
tenho sorte

se não,
não me importo,
curto a minha própria arte

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

CRESCER E SER ADULTO NÃO SÃO A PIOR COISA DO MUNDO

Por mais estranho que possa parecer,
É inevitável, temos que crescer.
Adulto nos tornamos (quando)
A gente menos espera, somos.

Até o nosso papo muda.
Da diversão às contas preocupa.
Rolês não mais, só deprê.
A vida parece um degradê.

Perde-se muita coisa,
É verdade.
Porém, também se ganha
A realidade.

Ser adulto é ser mais triste sim,
Mas não é só isso, não.
É tudo no ser em ebulição;
É uma bela história em formação.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O SINO QUEBRADO DO DESTINO

o sino toca
e todos param
ficam imóveis
esperando o
sino tocar
de novo
o sino para
e todos se movem
vão andando até
o sino tocar
de novo e
de novo e
de novo e
o sino não toca
e todos morrem —
esperaram demais
o sino quebrado do destino

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

ARTE PARA LEIGOS

imagine a cena:
uma criatura alva
isolada, cercada
por portas de madeira
que flutuam
a sua volta
observando
a criatura alva
sendo soterrada
por guarda-chuvas negros
amontoados sobre ela
a criatura alva
tentando evadir
seu braço direito a subir
com a palma aberta
cinco dedos expandidos
tentando sair, se libertar
tua boca aberta
tentando gritar
sem sucesso
muda
seus olhos vagueiam
entre as portas de madeira
suspensas
ao seu redor
entre elas há
brechas e
nessas brechas há
o grande segredo do mundo
que
seres sinistros
guardam
com unhas e dentes bem afiados
na esperança pagã aguardam
até o famigerado dia
em que
a criatura alva
enfim se liberte
dos guarda-chuvas negros
e adentre uma das
portas de madeira
suspensas
ao seu redor e
enfim brigue
com eles pelo
grande segredo do mundo
imaginou a cena?
pois então pegue o seu guarda-chuva
e encare a verdade:
são poucos
muito poucos
os que
tentam entender
a arte

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O AMOR NÃO TEM GÊNERO

tem homem que é homem e gosta de mulher
tem mulher que é mulher e gosta de homem
tem homem que é mulher e gosta de homem
tem mulher que é homem e gosta de mulher
tem homem que é homem e gosta de homem
tem mulher que é mulher e gosta de mulher
tem homem que é mulher e gosta de mulher
tem mulher que é homem e gosta de homem
tem de tudo neste mundo
tem amor também
— e como tem!
o amor NÃO tem gênero

terça-feira, 10 de outubro de 2017

O MONÓLOGO DA MÃE NATUREZA

Eu a vejo séria
Diante da platéia.
Ela está muda,
Parece até surda.

Ela não se mexe.
Espero que não se queixe
Do horror que é
Ver gente que diz ter fé,

Mas da alma não faz luz,
Só ódio e dor reproduz.
Ela vê lá tudo isso

Imóvel do palco fixo.
Fica lá só observando
Suas próprias crias se multiplicando.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A PERUA DO 4G

Exibi-se que nem puta
Em Amsterdã.
Faz academia, faz dieta
E posta tudo no Instagram.

Diz que é liberal, de direita;
Faz da rede seu divã.
Dá patada, dá coice de jumenta
E se diz viver num afã.

Tremenda idiota é!
Trai o marido com o Zé
E explora a empregada.

Não cuida da própria mãe,
Trata os filhos pior que os cães
E ainda se afirma empoderada — SAFADA!

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

A ISCA

Feixe de luz ilumina o caminho
A criança de gatinhas caminha,
Segue até o fim do feixe
Para lá enfim encontrar um peixe.

Que é de borracha, claro
É um bicho emborrachado
A criança não se espanta,
Pega-o grosseiramente e o levanta.

Sentada sobre a fralda,
A criança brinca, se balança,
Não sente a linha que se estica...

Um puxão só e a criança some
De cena, da vista, da vida
Feixe de luz se apaga, lentamente.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O EJACULADOR

Pode ser qualquer um
Teu pai, teu irmão, teu filho
Todos têm a munição
E uma mão para tal fim
Não é direita, nem esquerda
É uma tremenda falta de decência
E respeito pelo gênero alheio;
É ausência de caráter,
É doença degenerativa mental
Um cara, um moleque — sexo-viral —
Pegar no pau
E ejacular
Em público
No corpo ao lado privativo
Achou isso “engraçado”?
“Normal”?!
Ou apenas um “desvio leve de conduta”?
Então, trate de capar a mula,
Pois quem faz isso,
Não pode ser considerado civilizado
É bicho do mato;
É coisa do dêmo
Do tempo da pedra
Antes dos santos
Ou de qualquer deus aí em voga
Ejacular em praça pública
Nem os cães mais fazem
A Natureza dá o seu alarde
E o Homem se torna encarte.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

POR QUÊ?

É a pergunta que
Ninguém hoje se faz
Tá na merda
Tá doente
Mas não entende
Não se questiona
Fica à toa sobre as ondas
Surfa no embalo dos outros
É trouxa
Em vez de pensar, raciocinar
Prefere logo julgar e condenar
Insiste na burrice tola de cada dia
Não faz nada
Só assiste
Nem sequer faz
O que, para uma criança, é intrínseco:
— Por quê?

terça-feira, 3 de outubro de 2017

O PRIVILÉGIO DA UTOPIA

países se unem
povos se separam
o Homem faz aquilo que lhe convém
porém, o Homem de verdade,
faz aquilo que tem de fazer,
não fica de nhém-nhém-nhém
assim, então,
os
povos se unem
e os
países se separam
o Mundo só fica melhor
quando é compartilhado

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O AMANHÃ QUE NOS PERTENCE

Haverá um dia
Em que a Morte
Será a companhia
Dejeta do passante.

Haverá, nesse dia,
Gente se dizendo sem sorte,
Apavorada e à revelia,
Querendo um passaporte.

Mas fugir não adiantará,
Seja aqui ou em Miami,
Todos já estão num cordame.

Pendurados ao Deus-dará
Só no aguardo do atirador
Ou do próximo ejaculador.

sábado, 30 de setembro de 2017

QUATRO PATAS NA RODOVIÁRIA

Embarcou e não disse tchau
Foi-se’mbora pra nunca mais
Disse, antes, que não aguentava mais
Partiu partindo um coraçãozinho — au, au.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Fragmentos do cotidiano (9)

— Sim. É verdade. Tenho uma tara descarada por comentários. Não que isso seja um grande problema. Na real, aprecio o parecer alheio. Curto uma troca bem-humorada de opinião, gosto e visão de mundo. Acho que todo mundo, que tem um blog ou um perfil em alguma rede social, gosta de comentários. Afinal, quem comenta se importa com aquilo que comentou, não é? Posso estar enganado me enganando, mas isso faz todo o sentido pra mim. A Internet é uma troca constante de informações, dados e experiências, não é? Pena que, ultimamente, ou desde sempre, não sei bem, mais se vê a ojeriza do que a beleza própria da nossa vida. Compartilhar com todos, todos os nossos momentos, sejam eles bons ou maus, só vale a pena, só faz sentido se tem, ao menos, uma pessoa visualizando tudo isso. É preocupante que a maioria queira sempre mais e mais testemunhas praquilo que posta, faz. Acho que a rede social só dá certo se o indivíduo que se coloca nela é um ser bem resolvido consigo mesmo. Se não é, baterá muita a cara até se descobrir.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

MORTE ARMADA

Não é ela, mas leva a fuça
Atira, mata, veste a carapuça
Você a vê na rua
Sob o sol, sob a lua.

Ela não é bando, é unidade
Que fica ali na atividade
Buscando meliantes, traficantes
Pra por na cova dos indigentes.

Pode correr, se esconder,
Pode até atirar de volta
Porém, cara pálida, tua hora chega.

Tua vida, se não é direita,
Perde-se à toa na prega
Cosida de balas no poder.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

CÓLERA

Não é banda, não é doença,
É o estado crítico atual.
Tá todo mundo dando pau
Em qualquer um aí de outra crença.

É crente? Diferente pensa?
Prepare-se para o bacanal
De ofensas, bombardeio do mal.
Ninguém mais respeita a diferença.

Os ânimos estão inflamados,
Tá todo mundo pilhado
Numa neurose rancorosa.

O discurso de ódio é rotina.
Há por aí muita gente desgostosa.
É a Cólera se tornando sina.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

QUANDO A CRIATURA SE ENXERGA A OBRA PRIMA DE DEUS

Eu me vejo no espelho
E não vejo nada de errado.
Eu me sinto abençoado
Toda vez que me vejo no espelho.

Não vejo defeitos, nem pêlos.
Sou perfeito! Fui criado!
Respiro bem, estou curado?
Eu estou vivo pra caralho!

E isso é o mais importante.
Estou bem, estou feliz,
Convivo bem com a cicatriz.

Não me sinto impotente.
No espelho, eu me vejo
E nele eu reconheço o desejo.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

SONO DA PORRA

Quem aí é homem sabe,
Depois de uma boa gozada,
O sono vem logo após a trepada.
O corpo amolece, não mais se cabe.

Com a mulher, idem, baby.
Ela, se realizada, fica encantada.
Se não, pobre coitada!
Fica a ver navios com pica mole.

Não importa a idade,
Todos dormem, sucumbem à porra!
Sono vem, vai-se à hora.

O odor impregna, cheiro de vontade.
Milhões de flagelos morrem
Enquanto dois corpos nus dormem.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

AULA DE HISTÓRIA

Pegue o livro didático
E o jogue fora.

Pixi a sala de aula
E não saia correndo.

Tua história é essa
Que você mesmo
Desenhou na parede.

Quer mesmo que todos
Fiquem cientes dela ou
Quer sair da sala de aula
E viver de vez fora da toca?

Para todas as respostas possíveis,
Apenas aqui um aviso amigo:
Não jogue fora o livro
Sem antes lê-lo.
;)


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

COMBOIO DO INFERNO

Amontoados uns sobre os outros,
Assalariados, desempregados e estudantes
Sofrem a agonia sem precedentes;
É a luta diária dos eleitos.

Dentro, aqui, não é pra poucos,
Cheio vai o bucho das serpentes
De aço e ferro escaldantes
Sangrando por terras afastadas só de cacos.

Seu destino é o centro do diabo,
Repleto de gente condenada sem saber,
Que respira ar seco e fede de doer.

Lá, o pandemônio é completo:
O comboio só mais cresce, segue ereto
Até adentrar fodido no próprio rabo.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

ABANDONADO

Partiu sem olhar pra trás,
A Esperança em desesperança
Correu a toda feito criança
Que foge com medo dos metais.

Da Vida, não vê mais graça
O Homem a desfaz
O Homem é Alcatraz
Por isso, partiu em desgraça.

Ela, a Esperança, foi-se embora
Seu tempo passou mal passado
O Homem, agora, vive curvado

Em si, conectado, desplugado de fora
Quando a Esperança se vai,
O Homem sozinho cai.