terça-feira, 17 de janeiro de 2017

PALAVRAS DO CRIADOR

O criador, de Salvador Dalí (Foto: Bruno Oliveira)


Da necessidade de criar,
Crio coisas, tantas coisas,
Que perco a conta
De tantas coisas que são.
Faço-as, às vezes, sem paixão.
E essas são apenas coisas.
Porém, têm coisas que saem realmente muito grandes!
Mas, quem as vê por aí, apenas diz:
Grandes coisas!
Dizem assim mesmo com desdém.
Fico triste, mas nem ligo tanto assim pra isso.
Tem coisas que não valem a pena se estressar.
Criar é a minha sina.
Monto cenas e destruo rascunhos.
No escuro, faço tudo que dá e não dá pra ser.
O que faço não é pra comer.
É mais pra entreter, sabes.
Criar coisas toma tempo.
Por isso, fico assim meio perdido
Quando se aproximam de mim
Pra pedir coisas que já fiz.
Ajo meio relutante diante desses que de mim se chegam,
Pois, se o que fiz já está feito,
Não tem como retroceder.
Tempo gasto nunca é recuperado,
Afinal sigo as minhas próprias leis.
Se um dia eu as aflijo, não serei eu.
Serei outro.
Com outro nome.
Outras leis.
Mas, ainda assim, um criador.
Você sabe quem eu sou?
Se não, nem importa.
Quem cria, desova.
Criaturas criadas têm vida própria.
Criador de coisas cria sempre coisas novas.
Tá sempre envolvido num bagulho novo.
Projetos têm aos montes!
O que falta é tempo,
Pois quem o tem, nem sente falta.
Quem cria tem o seu próprio tempo.
O meu aqui se acaba.
Mas, em breve,
Muito breve,
Um novo tempo se aproxima.
Coisas, muitas coisas,
Hão de surgir até o fim.
Este é só o começo.

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