quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O PRIMEIRO ESCRIBA

Sem saber o que fazer, ele escreve. Escreve palavras numa folha de papel em branco na tentativa ilusória de que a atividade ortográfica lhe fará preencher melhor o tempo que não passa. Assim ele vai até alta madrugada. E só consegue escrever uma palavra: sozinho.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

frustração consciente, ou deu merda, e daí?

Pego uma folha em branco na esperança de escrever algo bom. Porém, no meu dilúvio interior, só sai coisa ruim. Mesmo assim, persisto no erro consciente, consciente da merda que vai dar. Ao término da contenda, avalio o resultado e, após uma pausa reflexiva, que dura poucos segundos, vocifero: que merda! A coisa toda já era prevista. Então por que insistir nisso? Ora, veja bem, da merda que fazemos, ora ou outra, sairá coisa boa. Só tentar encarar isso numa boa.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

JUVENTUDE ANCORADA

Neste país em que me vejo,
Vejo gente ganhando dinheiro
De uma forma digna de puteiro:
Sem vergonha até no varejo.

Vejo também gente decente,
Que se diz crente,
Levando vantagem em tudo
Na maior cara-de-pau do mundo!

E eu, no meio disso, o que faço?
Faço nada, ora bolas!
País de bosta!

É o que sempre digo,
Sentado em frente à tela,
Comendo pizza e vendo novela.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

NÃO CURTO, NÃO COMPARTILHO, LOGO NÃO EXISTO?

Não tenho Facebook
Não tenho Instagram
Não tenho WhatsApp
Não tenho porra nenhuma
Sendo assim, eu não existo, certo?
ERRADO!
Existo sim
Sou tão real
Que as pessoas
Desse mundo
Se assustam
Quando olham
Dentro dos meus olhos
O que elas veem?
Ora, veem a Vida que elas não têm.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

PARE, PENSE E DIGA

Diga não
E você será odiado por todos.

Diga sim
E você será escravo de todo mundo.

Diga talvez
E você será o mais sincero,
Pois, na berlinda do ego,
Quem vacila mostra
O quão falho é
E não tem vergonha disso.

Pense nisso.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

TEORIA DA INVOLUÇÃO

Havia um tempo de reminiscências
Antigamente,
Porém, no alvorecer de um novo século
Um tubérculo
Se libertou.
Aí, sem delongas,
O mundo inteiro se inverteu,
Subverteu,
Proliferando
Sobre a Terra
Criaturas de cunho estranho,
De tez carrancuda e
De postura arqueada —
Era a ruína do Homem pós-moderno,
Que não evoluíra nada,
Só se dizia conectado,
Mas na pós-verdade
Era isolado.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

DINHEIRO NÃO É TUDO, VOCÊ É

Dinheiro é um meio
De se conseguir tudo aquilo que se deseja.

Porém, tem gente que acha que ele
É o objetivo final;
Tem gente aí que quebra mó pau por causa dele.

Idiotas!

Quem pensa assim nunca irá além das notas marcadas que,
Pensando bem, não valem nada;
Só valem aquilo que atribuímos a elas.

Dinheiro é o fim
Pra você que só pensa em tê-lo.

Dinheiro nada traz;
É você mesmo que faz.

Se o tem,
Tente não gastá-lo.
Se não o tem,
Tente consegui-lo
E verás bem
O que lhe digo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

JOGANDO O JOGO DA CRIAÇÃO

Escrever poesia demanda uma criatividade tão excessiva que, às vezes, parece que o poeta está jogando dardo e tomando cerveja ao mesmo tempo. É tanta coisa que não faz o menor sentido pra gente que lê que ficamos besta diante do poema. Porém, isso é só no primeiro contato. Após reler e reler, a gente percebe outras coisas que faz a compreensão da gente crescer e enfim se expandir. Isso é ótimo! A criatividade só se completa quando o outro a pega/toma para si. Ler poesia é um bom exercício de empatia.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

MUNDO DE GENTE

No mundo dos excessos,
Quem não tem nada
É mais feliz,
E nem sabe.

No mundo das crises,
Quem recria
Tudo a sua volta
É deus de si mesmo.

No mundo perto do fim,
Quem morre
Nem se dá conta
E quem sobrevive
Ainda luta
Mais um dia
Pra pagar as contas.

Neste mundo de hoje,
O ontem é melhor
Do que o amanhã
Que não nos pertence.

- Tolos!
Não sabem de nada do tempo
Que escorre
Complacentemente
Enquanto se perdem
Em seus pequenos devaneios virtuais.

O mundo
Que a gente vive
É muito mais
Que isso
Que a gente é.
Basta se abrir
Pra ver.
Basta querer.