sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O LATIDO

Ao me deitar, para enfim dormir, eu sempre ouvia ele, o cachorro do vizinho, latir. Não importava o horário. Mais cedo ou mais tarde, ele, o cachorro, sempre latia. O latido em si não me incomodava. Ao contrário, achava esse fato muito curioso e até mesmo brincava, comigo mesmo, que o latido do cachorro do vizinho era uma espécie de alerta, uma espécie de chamado sobrenatural para algo específico da minha vida. Então, todo dia, com a cabeça no travesseiro, eu imaginava o que poderia ser esse tal alerta. Eu me entregava à especulação imagética, todo dia, antes de dormir. Era divertido isso. Só dormia bem assim. Contudo, um dia, o cachorro não latiu, tampouco no posterior e nos demais seguintes. Fiquei muito preocupado com isso. Meu sono não foi mais o mesmo. Era aterrorizante me deitar sem o latido do cachorro do vizinho, o silêncio era sepulcral. Não me aguentando mais de angustia, fui, pessoalmente, na morada do vizinho perguntar do cachorro. Desse vizinho, eu nunca soube nada, nem nunca o tinha visto vivo. Bati três vezes na porta e ela se abriu num grito coletivo: VAMPIRO!!!

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