sábado, 30 de setembro de 2017

QUATRO PATAS NA RODOVIÁRIA

Embarcou e não disse tchau
Foi-se’mbora pra nunca mais
Disse, antes, que não aguentava mais
Partiu partindo um coraçãozinho — au, au.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Fragmentos do cotidiano (9)

— Sim. É verdade. Tenho uma tara descarada por comentários. Não que isso seja um grande problema. Na real, aprecio o parecer alheio. Curto uma troca bem-humorada de opinião, gosto e visão de mundo. Acho que todo mundo, que tem um blog ou um perfil em alguma rede social, gosta de comentários. Afinal, quem comenta se importa com aquilo que comentou, não é? Posso estar enganado me enganando, mas isso faz todo o sentido pra mim. A Internet é uma troca constante de informações, dados e experiências, não é? Pena que, ultimamente, ou desde sempre, não sei bem, mais se vê a ojeriza do que a beleza própria da nossa vida. Compartilhar com todos, todos os nossos momentos, sejam eles bons ou maus, só vale a pena, só faz sentido se tem, ao menos, uma pessoa visualizando tudo isso. É preocupante que a maioria queira sempre mais e mais testemunhas praquilo que posta, faz. Acho que a rede social só dá certo se o indivíduo que se coloca nela é um ser bem resolvido consigo mesmo. Se não é, baterá muita a cara até se descobrir.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

MORTE ARMADA

Não é ela, mas leva a fuça
Atira, mata, veste a carapuça
Você a vê na rua
Sob o sol, sob a lua.

Ela não é bando, é unidade
Que fica ali na atividade
Buscando meliantes, traficantes
Pra por na cova dos indigentes.

Pode correr, se esconder,
Pode até atirar de volta
Porém, cara pálida, tua hora chega.

Tua vida, se não é direita,
Perde-se à toa na prega
Cosida de balas no poder.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

CÓLERA

Não é banda, não é doença,
É o estado crítico atual.
Tá todo mundo dando pau
Em qualquer um aí de outra crença.

É crente? Diferente pensa?
Prepare-se para o bacanal
De ofensas, bombardeio do mal.
Ninguém mais respeita a diferença.

Os ânimos estão inflamados,
Tá todo mundo pilhado
Numa neurose rancorosa.

O discurso de ódio é rotina.
Há por aí muita gente desgostosa.
É a Cólera se tornando sina.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

QUANDO A CRIATURA SE ENXERGA A OBRA PRIMA DE DEUS

Eu me vejo no espelho
E não vejo nada de errado.
Eu me sinto abençoado
Toda vez que me vejo no espelho.

Não vejo defeitos, nem pêlos.
Sou perfeito! Fui criado!
Respiro bem, estou curado?
Eu estou vivo pra caralho!

E isso é o mais importante.
Estou bem, estou feliz,
Convivo bem com a cicatriz.

Não me sinto impotente.
No espelho, eu me vejo
E nele eu reconheço o desejo.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

SONO DA PORRA

Quem aí é homem sabe,
Depois de uma boa gozada,
O sono vem logo após a trepada.
O corpo amolece, não mais se cabe.

Com a mulher, idem, baby.
Ela, se realizada, fica encantada.
Se não, pobre coitada!
Fica a ver navios com pica mole.

Não importa a idade,
Todos dormem, sucumbem à porra!
Sono vem, vai-se à hora.

O odor impregna, cheiro de vontade.
Milhões de flagelos morrem
Enquanto dois corpos nus dormem.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

AULA DE HISTÓRIA

Pegue o livro didático
E o jogue fora.

Pixi a sala de aula
E não saia correndo.

Tua história é essa
Que você mesmo
Desenhou na parede.

Quer mesmo que todos
Fiquem cientes dela ou
Quer sair da sala de aula
E viver de vez fora da toca?

Para todas as respostas possíveis,
Apenas aqui um aviso amigo:
Não jogue fora o livro
Sem antes lê-lo.
;)


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

COMBOIO DO INFERNO

Amontoados uns sobre os outros,
Assalariados, desempregados e estudantes
Sofrem a agonia sem precedentes;
É a luta diária dos eleitos.

Dentro, aqui, não é pra poucos,
Cheio vai o bucho das serpentes
De aço e ferro escaldantes
Sangrando por terras afastadas só de cacos.

Seu destino é o centro do diabo,
Repleto de gente condenada sem saber,
Que respira ar seco e fede de doer.

Lá, o pandemônio é completo:
O comboio só mais cresce, segue ereto
Até adentrar fodido no próprio rabo.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

ABANDONADO

Partiu sem olhar pra trás,
A Esperança em desesperança
Correu a toda feito criança
Que foge com medo dos metais.

Da Vida, não vê mais graça
O Homem a desfaz
O Homem é Alcatraz
Por isso, partiu em desgraça.

Ela, a Esperança, foi-se embora
Seu tempo passou mal passado
O Homem, agora, vive curvado

Em si, conectado, desplugado de fora
Quando a Esperança se vai,
O Homem sozinho cai.