Falo muito
Falo muita besteira
Canto, danço e rodopio
Toco até instrumentos de
percussão invisíveis
Fico vermelho
Baixa-me o boi da cara
vermelha
Não sinto vergonha
Sou safadinho
Sorriso meu sai fácil
Dou risada alta
A Vida transborda em mim
Contudo
Tem vezes
Algumas vezes
Fico quieto
Só em algum canto
Matutando
Relembrando
Bebemorando
A Vida se estreita em mim
Como um rio que seca
Devagarinho
Aí é quando durmo
E não vejo mais a Vida passar
É zona sul
É zona norte
É zona leste
É zona oeste
É centro
É no centrão
É tudo uma zona só!
É ladrão fazendo festa e
carreira
É de bicicleta
É de moto
É de a pé mesmo, chinelo
É armado e irritado
É dando mata-leão
É dando soco, rasteira e
puxão
É um bando de jovens
Homens e mulheres
Assaltando transeuntes
solitários
Casais de apaixonados
Gente idosa ou de
mobilidade reduzida
Não importa!
Ladrão não tem ética,
nunca teve moral
Em tudo e todos fazem a
limpa
Enquanto isso a polícia,
Que devia policiar,
prender e apreender,
Fica lá levando embora o
pouco
Que os que tem pouco ainda
tem
Vergonhoso!
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| Imagem: diariodebiologia.com |
Vivo numa casca
Há muito tempo;
Vivo aqui há milênios
Isolado do Mundo,
Mas atacado por Ele
Constantemente
Incessantemente
O Mundo me odeia,
Têm um ódio mortal por mim
Minha existência
É indesejada, incomoda,
irrita
Por algum motivo idiota
Vivo numa casca...
Ou melhor
Vivia
Já deu!
Retirei a casca
Que me envolvia toda
Retirei com as unhas mesmo
Libertei-me
Pra devorar
Numa bocada só
Este Mundo ultrapassado,
Que teima em não evoluir —
MINHA VIDA É O FUTURO
