quinta-feira, 7 de julho de 2022

O Bagaço da Laranja Mecânica

Imagem: Seda vegana feita com o bagaço da laranja / hypeness.com.br

Quem aí, como eu, têm o saudável e aventureiro hábito de andar a pé pela cidade já deve ter reparado numas obras de grande porte que estão mudando, drasticamente, a rotina da comunidade do entorno.

        Que fique claro: não estou falando dos prédios, das enormes torres, dos condomínios-formigueiros que estão brotando a rodo pela cidade (disso podemos falar em um outro post), falo é mesmo do metrô.

        Uma tal de Linha 6-Laranja está ganhando cara e forma pela cidade. Numa rápida pesquisa no Google dedo-duro você encontrará muitos problemas, muitos perrengues relacionados a esse futuro ramal do Metrô. O da enorme cratera cheia até o topo de esgoto ao lado da Marginal Tietê é o caso mais recente e o mais midiático. Contudo, se você aí pesquisar mais a fundo, quase chegando ali na borda da dark web, você verá outros podres: essa linha é promessa desde 2012, as obras só começaram em 2015, e está prometida sua conclusão, até o momento, para 2025; o imbróglio, ou o empurra-empurra, é coisa da direita (desculpa aí pessoal da direita), Serra, Kassab, Alckimin e Doria já embalaram esse bebê de Rosemary; e há umas paradas aí da Lava Jato, de superfaturamento e da troca de concessionária que é melhor nem comentar!

        Melhor falar da linha em si. Tá lá: terá 15 km, 15 estações. Ligará o Centro (São Joaquim) até à Brasilândia (Zona Norte) e fará conexões (sugestiva palavra) com as linhas 1-Azul e 4-Amarela do próprio Metrô e com as linhas 7-Rubi e 8-Diamante do pessoal lá dos trens – não sei mais quem tá administrando a antiga São Paulo Railway.

        Agora, leitora e leitor amigos, se possível, peguem o mapa da tal linha. Vocês verão algo muito legal, muito interessante: da São Joaquim, que é bem aqui próximo de casa a propósito, a linha pegará parte da Liberdade, bairro turístico muito popular ultimamente; passará ali na Bela Vista, ou seja, o Bixiga (bairro mítico paulistano) ficará mais acessível, quem aí curte massa tá ligado; passará lá no Higienópolis-Mackenzie, na Angélica-Pacaembu e na PUC-Cardoso de Almeida, que é lugar de gente “diferenciada” e tal, mas o Estádio do Pacaembu, felizmente, ficará mais acessível também; passará pelas Perdizes, pela Pompeia, pela Água Branca, aproximando o italiano e um SESC ainda mais da gente; e, cruzando o Tietê, passará pela Freguesia do Ó, lar de uma Meca nordestina e, ainda, seguirá até a querida irmã Brasilândia.

        Mas por que raios estou a dizer tudo isso, vocês aí se perguntam me perguntando, ou não, vai saber. Simples: eu vejo o futuro! Vai vendo: essa linha, apesar dos pesares passados e dos vindouros, implicará umas mudanças radicais na cidade. Vocês aí conseguem ver também? Umas dicas: se os cabeças que administram essa porra toda, insistir em se amigar com a especulação (que é quase uma ejaculação) imobiliária, elitizando bairros antes industriais, por exemplo (oiê, Barra Funda!), e não concretizando de vez o que está escrito bem bonitinho lá no Plano Diretor e fazer boas moradias populares, para quem realmente precisa, quer e pode pagar, a nossa cidade, essa megalópole, continuará injusta, discriminatória e lar doce lar de poucos, muito poucos privilegiados, entendes?

        Prevejo muita coisa boa num futuro próximo, e gostaria, quero, que muito mais gente tenha acesso a isso. O futuro não é de Deus, é nosso!

 

terça-feira, 5 de julho de 2022

MUNDO INVERTIDO

Imagem: technewsbrasil.com.br

Ultimamente

Andam me perguntando

Se eu já vi

O mundo invertido

 

Respondo

De bate e pronto

Que sim claro

Eu o vejo todo dia:

 

Nas calçadas

De todos os bairros da cidade

Gente dormindo

Ou defecando

Enquanto outros passeiam com seus cachorros

Que não dormem

Mas cagam

 

Nas ruas

Sinal vermelho

Carro, moto, caminhão

Passam atropelando qualquer cidadão

Enquanto isso em outro cruzamento próximo

Sinal algum há

Pois roubaram os fios

Engenharia alguma dá conta disso

 

Nos mercados então

Tá tudo caro

Pouco se leva

Quando dá

Enquanto muitos aí

On-line

Mostram-se vivendo feito marajá

 

Eu sempre vi vendo

O mundo todo invertido