segunda-feira, 27 de setembro de 2021

HABOOB

Imagem: Reprodução de vídeo / @ConexaoGeoClima


Do noroeste paulistano,

Ele vem encobrindo tudo!

Assim d’uma vez vasto mundo,

Tornando o céu, noturno.

 

Para os não acostumados, medo:

— Parece até o fim dos tempos, menino!

— Corre! Desembesta! É o castigo divino!

Mas para os cientes: nem credo...

 

Clima seco. Baixa umidade.

Fatores climáticos dão o alarme:

Se o ser humanozinho continuar no disparate,

 

Sua casa, seu mundo todo assim some

Numa nuvem de poeira vai e pode

Extinguir a si próprio, e não por falta de sorte!


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

TRÊS MINICONTOS BOBOS, MAS TÃO REAIS QUE DÃO ATÉ MEDO

Imagem: uol.com.br

Com a espada enriste, o herói vacila: diante de si, uma horda assassina; desejando sangue e espumando vingança. O herói recua, um passo para trás é sinal de fraqueza. A horda então avança, lanças pontiagudas empunham e facas de osso nas bocas. O herói é massacrado. Seu grito é logo abafado, esquartejado. Os antropófagos carregam seus troféus alegres enquanto a menina violada ainda chora.

 

 

Isolado de todo mundo, o pai contempla o filho. Esse, pequenucho, não entende direito o pai ali sozinho, separado de si e dos demais da casa. O pai tá de castigo? Pensa o filho. E o pai, ainda de olho no filho, chora um choro mudo. Eh, o paizinho fez malcriação.

 

 

Sozinha, com a cabeça encostada na parede, a garota espera. Com a tela iluminada na mão direita, ela contabiliza os likes e os dislikes. Seu rosto, lindo, perfeito, fica, a cada segundo, mais pálido; a maquiagem escura borrada dá-lhe um aspecto de máscara mortuária... Seu pulso esquerdo não pára de sangrar.


sexta-feira, 17 de setembro de 2021

FELIZ, SAUDÁVEL E DESCANSANDO

Imagem: pxhere.com

Parado no tempo

Ou vendo o tempo passar

Apenas

Ficar parado

Assim

Meio deitado sentado

Só de zóio meio morto meio tonto

Quase se rendendo ao sono

Sorrindo também

Óbvio

Tudo vai bem

Tudo está bem, meu bem

Enquanto os sinos tocam


quinta-feira, 9 de setembro de 2021

DRAGÃO AZUL

Foto do molusco Glaucus atlanticus tirada por Dalma Mesquita Ferreira (arquivo pessoal)


De tamanho pequenino

Quase microscópico

O serzinho é fantástico!

Quase inventado, mas é genuíno.

 

Predador nato, porte de girino

Queima, devora caravelas sem casco

E outras águas-vivas de barco

Carregadas de picles e pepino.

 

Dragão és! Ser mítico

Poucos já o viram

Em alto mar então, mui difícil...

 

Quem o vê, confunde fácil

Com o lixo que jogaram

No último feriadão fatídico.



REFERÊNCIA

Poema inspirado em uma notícia da Folha.


quinta-feira, 2 de setembro de 2021

SINAIS DA PRIMAVERA

Imagem: peakpx.com


De manhã ao acordar

Logo vejo o amanhecer;

Pássaros se põem a cantar

Cedinho no alvorecer.

 

Janela aberta pede ar:

O Verde se vê crescer!

Umidade de encantar

Nos orvalha sem saber.

 

Mas só de verde

Assim só não se vive;

Por estas bandas, um ipê se vê

 

Amarelando o horizonte

Faz do bruto, covarde

Diante assim de tanta arte!