quinta-feira, 15 de novembro de 2018

[RESENHA]: GUIA FANTÁSTICO DE SÃO PAULO, DE ÁNGELA LEÓN

Capa do livro Guia Fantástico de São Paulo, de Ángela León. Independente, 2015 / Foto: Bruno Oliveira



Não há dúvidas, após ler e ver o que há no Guia Fantástico de São Paulo, de Ángela León, você, seja morador de São Paulo ou não, sairá mais alegre e meio triste diante dos desenhos imagéticos e imaginativos da autora.

        O choque é real. Essa grande cidade poderia ser bem melhor do que é realmente. Contudo, vá sem medo no que a própria autora sugere na introdução: “[no guia há] as belezas menos evidentes da capital”, p. 05. E é bem isso mesmo! Certamente tu ficarás atônico com a quantidade de rios que a cidade ainda possui. Sim! Eles existem. Ou estão enterrados sob viadutos ou foram rebaixados para simples córregos, que aqui, para quem mora próximo e conhece bem, córrego é sinônimo de mau-cheiro e dor de cabeça, quando esses transbordam.
  
Páginas 16 e 17 / Foto: Bruno Oliveira

        É um sonho ver o que a autora imagina para esses rios: rios navegáveis, rios em que se pode nadar e brincar em um domingo ensolarado, por exemplo. Passear de barco no Tietê, no Tamanduateí ou no Pinheiros toca no coração de qualquer um aí que mora em São Paulo.

Páginas 18 e 19 / Foto: Bruno Oliveira

Páginas 22 e 23 / Foto: Bruno Oliveira

        A arquitetura também é contemplada pela autora. Entretanto, ela ganha status de arte, o que não deixa de sê-lo, de certo modo, mas a autora nos dá a sua visão da coisa, aí a gente percebe, enfim, que aquilo que temos é bom mesmo — caímos na real, entende? Finalmente entendemos que a cidade é a nossa casa, no sentido amplo da coisa — cidade-casa. Para você ter noção, basta ver, se já não viu, que cada prédio que aqui erguem, dão-lhe um nome. Já percebeu isso? E esses nomes, pelo menos dos mais antigos, são escritos, grifados, desenhados pelos arautos do design gráfico. Repare também nas portas desses antigos prédios. As portas parecem mais grandes portais...

Página 33 / Foto: Bruno Oliveira

Páginas 38 e 39 / Foto: Bruno Oliveira

Páginas 40 e 41 / Foto: Bruno Oliveira

Páginas 42 e 43 / Foto: Bruno Oliveira

        Aproveite que está do lado de fora e veja os espaços ao ar livre que a autora viu e sugere. São paisagens ufanistas, futurísticas (?) que convidam ao flanar, ao bem-estar; é um espaço para ser dividido, compartilhado, sem sujeira ou violência, apenas um lugar de passagem — paraíso urbano na terra do concreto-armado.

Página 56 / Foto: Bruno Oliveira

Página 73 / Foto: Bruno Oliveira

Páginas 74 e 75 / Foto: Bruno Oliveira

Páginas 82 e 83 / Foto: Bruno Oliveira

        Não à toa, a segunda parte do livro toma a Cultura como tema. Aqui, tudo é de todos. São Paulo é rica em atividades, espaços culturais e, a autora, nos faz ver aquilo que temos de tão bom: grandes áreas na cidade exclusivas para isso, onde as pessoas podem e devem se misturar, conviver, coabitarem. Certamente um ou dois lugares é de visita constante do/a leitor/a. Se não for, está aí a oportunidade de ir lá e ver o que a artista viu.

Página 111 / Foto: Bruno Oliveira

Página 113 / Foto: Bruno Oliveira

Página 115 / Foto: Bruno Oliveira

        A cultura material também tem vez no guia. Quem é da cidade talvez nem tenha reparado, mas, para se ter um gostinho do que a autora quer dizer, transmitir, basta ir naquelas lojas de antiguidades da Santa Cecília ou da Benedito Calixto. Quem for ou já foi saberá a ideia que a autora quer passar — tem coisas, das mais ordinárias, no sentido aqui trivial, que só a gente mesmo faz. E são poucos os que reparam nisso e vê traços culturais.

Páginas 136 e 137 / Foto: Bruno Oliveira

        As migrações são um bom exemplo disso. Da alemã à síria, da italiana à japonesa, todas elas, e muitas outras, contribuíram e ainda contribuem para caracterizar, distinguir o que é próprio da gente paulistana. Tudo o que temos de bom vem dessa gente de diversos países tão diferentes e tão parecidos com a gente.

Páginas 146 e 147 / Foto: Bruno Oliveira

Páginas 156 e 157 / Foto: Bruno Oliveira

        É inevitável, ao fim do passeio por São Paulo com o Guia Fantástico, fica aquela sensação de que tudo poderia ser bem melhor do que realmente é.


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