terça-feira, 29 de novembro de 2022

RAIVA REPRIMIDA


A maioria sabe como é

Vem lá de dentro

Bem lá do fundo

Cria-se uma sementinha

Basta uma fagulha

Um gatilho

E pronto

Estoura

Que nem pipoca na panela

Ou um tapa bem dado na cara

Ela brota

Extrapola

Ganha outras esferas

Outros tons mais escuros

Escusos

Quem a vê germinar assim

Diz repreender

Recriminam-na

Porém

Todos aí a tem no peito

Repito:

Basta uma fagulha

Um gatilho —

Toda bomba

Ora ou outra

Explode

Só não sabemos a hora

  

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

À DERIVA

Imagem: sputniknewsbrasil.com.br


À deriva

Vai o barco

Que bate forte numa ponte

A ponte não cai

Balança

Mas não cai

 

À deriva

Foi um país

Que batia forte a cabeça

Em si mesmo e em gente que não tinha nada a ver

A cabeça rachou

Doeu pra burro, houve muito chororô

 

Moral da história:

Ancore o seu barco;

Construa pontes, não as destrua;

Quem tem rumo certo, não tem dor de cabeça

 

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

UM PAÍS SEM GRAÇA


Imagine só

Um mundo sem mulher

Nas ruas não as vemos

Em casa estão

Prisão domiciliar

 

Imagine só

Todos os seus parentes na rua

Primo, irmão, mãe

Todos ali ao relento

E você aí só vendo

 

Imagine só

Um país sem debate algum

Só palestrinha, monólogos chatos e picuinhas

Em tudo que é mídia

Ouvida e umas que se fazem de muda

 

Imagine só

A alta da inflação

Um salário que não dá conta das contas

Um golpista como patrão

Um vírus pandêmico voltando ao picadeiro

 

Imagine só

  

terça-feira, 8 de novembro de 2022

A MÃO IMÓVEL

Imagem: colourbox.dk

A minha mão é fria

Muito fria

Quem a toca

Logo desencosta

Se assusta

Grita

Como se estivesse com medo

Pois realmente está

Desnecessário isso

Afinal

É só a minha mão fria

Muito fria

Quieta

E para sempre imóvel