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| Imagem: df.gov.br |
Passam que nem tratores
Não aram, destroem
Solo infértil constroem
Pra aliviar a própria dor
De nêutrons dizem ser
feitos
Se isso existe, nem pêlo
vemos
Mas é fato consumado: nós
os achamos
Pra tudo que é lado,
satisfeitos
Os enrustidos, enfim, se
revelaram!
Não têm vergonha alguma,
matam!
Estão pouco se fudendo
E fodem com todo mundo,
sem medo
E assim os três são aí
noticiados
Do quarto, não sabemos
nada
Indigente? Desaparecido? Virou
fada?
Nada, nadinha, tudo alienados
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| Imagem: barbafeita.com |
Nesta cultura do aparecer,
Quem mais aparece
É justamente quem não deveria aparecer
O que nos mostram
Não é real;
Realidade mesmo
São os reis em suas barrigas
É triste
Muito triste mesmo
As pessoas visualizarem mais (e mais)
A “felicidade” alheia
Do que se empenharem
Na própria
A morte
Em vida
É a pior
Que existe
Melhor seria desaparecer
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| Imagem: sul21.com.br |
Há algo de positivo
Nesta horrível pandemia.
Para os que não são de
ladainha,
Fica o aviso bem vivo:
Cuide-se mais, seja
prestativo!
Seu corpo, sua família
São únicos, coisa fina.
Preserve-se e seja ativo!
Abrace mais e chore sempre
Quando tens vontades;
Não faça falsos alardes.
A dor vem e assim cumpre
Sua verdadeira função, escute:
Viva bem, não discute.
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| Imagem: br.pinterest.com |
divago
sobre tudo
e sobre o nada
o tempo todo
ou quase sempre
espero
disso tudo
nada mais
ou nada menos
do que o meu barquinho de
volta logo
não há lógica
quando se perde a própria cabeça
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| Imagem: pedropaulorasgaamidia.com |
Quando o circo pega fogo
Os trapezistas não trepam
O homem-bala não se atira
E os malabaristas não
malaboram
Quando o circo pega fogo
O mágico não esconde nada
A mulher-barbada é de
mentira
E os animais não se salvam
Quando o circo pega fogo
O desespero não é diversão
A alegria vira cinzas
E o palhaço não chora
confetes
Quando o circo pega fogo
Um país inteiro sente
desgosto
A civilidade desce um
nível
E a Humanidade regride
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| Imagem: arquiteteseusonho.blogspot.com |
És tu, minha filha
Uma menina-menino
De cozinha
Fabricada com muitas mãos
Muitas vezes
Num porão de causas ditas
dignas
Mas não, paixão
Tudo é desculpa
De saia curta
Ou de cueca suja
Para as cagadas aí à
mostra —
Baita bosta tudo isso
Incompetência é a ciência
De um sujeitinho apenas
Ou de um grupo sem
escrúpulos
Que quer porque quer
Foder com todo mundo
Menos com eles próprios,
óbvio
Incompetência é uma doença
Adquirida por aqueles
Que não lavam o próprio
rabo;
É um fato cartográfico
Basta ficar de olho
esbugalhado
Quase tudo é televisionado
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| Imagem: contilnetnoticias.com.br |
Filipeta é uma arte
Que poucos dão valor
É um barato gráfico
Technicolor color
A filipeta de raiz
Coisa mui fina
Só tem uma folha
No verso, outra
Branca é o ideal
Senão, pega mó mal
Favor não confundir
Filipeta com santinho
Filipeta, já disse,
É arte mui rica
Santinho é porcaria
Lixo visual da pior
espécie
Quem aí vota
Tá ligado
No bendito dia de eleição
O chão parece até um
tapete
Tapete traiçoeiro de
escorregão
Filipeta não, irmão
Ninguém são a joga em vias
públicas
Se a queres, guarda
Monta um álbum de chacrete
Se não, no lixo joga
Filipeta é arte efêmera
Dura o que durar
Cumpre o seu objetivo
artístico
E o fazes pensar
Pode apostar
Filipeta
Palavra-maleta
Carrega um mundo inteiro
Mesmo quando a temos de gorjeta
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| Imagem: gratispng.com |
Não se engane
Ele mente
Mente tanto
Que tem até crente
Acreditando no verme:
Vormitando
Tanta merda
Que até o tolete
Não aguenta a cagada —
Quem tem cu infantil
Vai entender a piada
Não vá na onda
Passe por ela
Não deixe ele te afogar
Pois é bem isso mesmo
Que ele quer
Matar-te na lama
Colocar-te junto
A muitos outros que lá já
estão
Não seja burro
O mal que ele faz
É o mesmo que ele diz ser
vítima:
Vitimizinha vitimizando
Ele inverte tudo
Até a vida
Ou tu aí pensas que ele é o Messias?
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| concepção artística da superfície e atmosfera de Vênus - ESO / M. Kornmesser |
A olho nu, não dá pra ver
O que lá longe fazem crer.
Seres alienígenas aos
montes
Entre as nuvens,
horizontes.
Vênus olhamos e qual poder
É esse que vemos ali
nascer?
Fosfina é seu nome, tu
sabes.
Micróbios fazem o que
cabes.
Deusa alguma se acha
Nesta terra de gás, ácida.
Mas ainda há uma salvada.
Um fato em tudo se
encaixa.
Toda vida é mui preciosa.
Se além, ela é mais vistosa.
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| Imagem: super.abril.com.br |
Parça
Ou cuzão
É amigo de estação
Se tu tá bem
Na melhor
Ele aparece sempre
Sem dó
Mas
Se tu tá ruim
Na pior
Ele some
Vira pó
Parça só vê grana na praça
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| Imagem: zupi.pixelshow.co |
Na palma da mão
Cloro
Sobre as linhas da vida
Um inseto morto
Em posição fetal
A água escorre
E só fica
O corpinho inerte
E molhado
Sobre a palma umedecida
A vida é um inseto morto na piscina
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| Imagem: saocarlosdiaenoite.com.br |
Pare e pense:
Quando meteres o nariz
No bodelho alheio
Vá com calma
Pode ser um vespeiro
Onde tu se metes
Faça consigo
Antes
Uma enquete
Pra não destruir mundos
E fundos
Pois
Quem se adentra
Sempre é um intrometido
Então
Fique desde já de sobreaviso
Sofistas / Imagem: marceloguernieri.com.br
Parece
até malandragem, bicho!
Mas não. É pura verdade.
Mais pura que cocaína no
bucho!
Os guardiões ladram na
cidade.
Cidade Maravilhosa, ô
caralho!
Tá mais pra zona de bando
brabo
Que se pinta de evangelho
velho
E fodem com tudo e o
resto, cabo!
Os guardiões ficam lá de
tocaia,
Só no aguardo da desgraça!
Aí, aparecendo, farra
fazem na praça
Até arrombar a sapucaia!
Esses aí são tudo pago
Com dinheiro público,
óbvio.
Fazem porra nenhuma,
córvio!
Somos
todos trouxa, meu nego?
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| Imagem: @samuellukasms / estadao.com.br |
Ninguém acredita
Só pode ser mentira
É inacreditável
Não pode ser
A dor sentida
Não tem nome
O coração se parte
A alma também, partida
A comoção é geral
Ninguém fica indiferente
Quando o herói de verdade
morre
O mundo inteiro fica mais
triste
...
E isso dura um tempo
Uma eternidade possível
Quando o herói de verdade
morre
Sua vida, seu legado é infinito
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| Imagem: obutecodanet.ig.com.br |
Inveja eu vejo todo dia
Aí na praça ou na galinha
Que cisca perneta e sozinha
De olho gordo, gordofobia.
Inveja é coisa normal,
Se o outro tá bem,
Quem o vê, passa mal —
Felicidade quer também.
Inveja é quase uma doença
Que corrói, estraga a
cabeça.
As vista se contamina toda,
Tanto que fica tapada.
Inveja taí algo bem de
hoje.
Nas redes é a que mais
cresce.
Na quarentena então, nem
esmorece!
A cobiça é uma hiena que jamais foge.
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| Imagem: Mandrágora / veja.com.br / istock / getty images |
Em platôs de grande
estima,
Eles perambulam eretos,
Bem-vestidos, nada
discretos;
São os filhos da mãe que
mima.
Eles estão lá por estar,
Já nasceram ali mesmo;
Seus passeios não são de enfermo.
Gozam de plena saúde, até
matar.
Quando assassinos, a coisa
vira.
Até amigos ficam de boca
caída,
Parecendo caso de novela
mexida.
Quem vê, inflama! Vem a
ira!
Contudo, porém,
entretanto,
Tamanho caso dura pouco.
Logo vem outro e dá o
troco.
No Olímpio não há santo.
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| Imagem: pixabay.com |
faz frio
cai chuva
venta ventania
num rio
lobo uiva
noite vilania
faz frio
cai chuva
venta ventania
o fio
faz curva
agonia
faz frio
cai chuva
venta ventania
covil
saúva
lá jazia
faz frio
cai chuva
venta ventania
o brio
se turva
na ruína
faz frio
cai chuva
venta ventania
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| Imagem: aventurasnahistoria.uol.com.br |
Aproxima-se, lento, o
condenado;
Acompanhado esta, o
desgraçado.
Seu semblante, parece,
nada temer;
Seu corpo, torturado, faz
tremer.
Seus algozes, carregam-no
moído;
Nenhum deles se faz de
distraído.
Eles, e todos ali,
querem-no sofrer.
Justiça enfim é feita!
Pode crer!
No buraco, sua cabeça é
posta.
A lâmina assassina acima
brilha!
Ninguém, pra cena, fecha a
porta.
O de capuz negro ajeita a
palha,
Se aproxima da corda e
solta:
A cabeça rola e vira chacota.
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| Imagem: vix.com |
Eu ainda me lembro
De um tempo, eu pequeno
Sozinho, escuro-rubro
Deitado na cama, sono.
Eu ainda me lembro
Do movimento, barulho
noturno
Sons de louça, mesa,
candelabro
Algo ali era feito no
sereno.
Era de manhã bem cedo
Apesar do frio, eu não
tinha medo
Um cheiro quente me
envolvia.
Era mamãe na cozinha
Esquentando chocolate na
pia
Cedinho era assim, toda
manhã.
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| Imagem: The Dark Side of the Moon from pikist.com |
Nesta crise
em que nos puseram
o que ficou
mais evidente
foi o disparate
entre a gente
Uns têm
tanto
outros têm
tão pouco
miséria e riqueza
são a mesma moeda
Desrespeito,
ganância e
morte
são tudo
parte do pacote
que dizem ser Humano
É isso mesmo?!
