quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A ARCA BALUARTE

Vagueia pelo espaço
A nave de ninguém
Vai vazia
Vai além
Abandonada pelo Homem
(ou pelo Alien insone)
A nave vagueia sem destino
Passando incólume por galáxias
Que muitos não imaginavam existir
A nave vã
Vai passando
Até a borda do Universo
E lá
Sem quem a guie
Perde a chance de ser preenchida —
Nem Deus a viu passar

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

CRIA-SE A CRASE SEM CLASSE

nem sempre há lógica na criação
às vezes, quem cria,
cria por diversão

há também quem crie
por esporte, satisfação

criar é uma festa!
ou uma puta decepção
se você cria assim
sem ambição
sem objetivo prático
sem visão

quem não cria assim
nunca é esquecido

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Av.

aqui
tudo acontece

quem passa
até
se esquece

quem fica
também
não guarda memória

quem recorda
são os que
vão embora

só os que
somem
lembram de mim
com nome

somente
esses
fazem sim
o meu renome

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

ONDE OS FRACOS SE APOIAM

há quem se entregue às ilusões,
por não querer viver a verdade

há quem se engane,
porque é mais fácil

quem assim vive,
não vive,
sobrevive

a vida é difícil;
viver bem leva tempo

pena que tem gente
que prefere a mentira
fazer parte da própria vida

quem assim se resolve,
só se dá mal,
e não tem sorte

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

EFEMÉRIDES (2)

Na necessidade de entreter,
O Homem vende a própria alma.
Tão barata ela é que,
Quem a vê, ouve ou sente
Não acha a menor graça.





O mundo só é complicado
Pra você que tem
Gente do seu lado.

Na solidão,
Não há complicação;
Só um vazio
Que persiste no nada.




A vida é curta,
O fim-de-semana também.




Ódio, hoje, é coisa normal,
Como fumar crack na esquina de casa.




Só quem é rico é feliz,
Pois compra a ilusão que quiser —
Não a cria.





Deus é injusto
Pra você que não é justo
Consigo mesmo
E com outros
Que amam/odeiam você.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

TEMPO RUIM

Embebida em sangue, a criatura enrugada tenta respirar. Debaixo da ponte, a chuva forte não chega, porém inúmeras gotas surgem no concreto cheio de mofo. A mão, fraca, golpeia o pequeno abdômen do recém-nascido, num desejo desesperado de vê-lo vivo. Em vão se torna o ato. Seu filho, seu fruto está morto. O parto não fora natural. Seu sangue abunda suas vestes encardidas e a terra fria donde está. Seu algoz se aproxima. O vulto caminha em sua direção. Mesmo todo encoberto, a chuva forte não esconde a faca na sua mão direita. A vítima grita. Seu último grito não é ouvido por ninguém. O assassino sai debaixo da ponte, caminha lentamente sob a chuva enquanto esconde a faca suja por dentro das calças. Sobre a ponte, turistas emburrados, enfurnados em sedans alugados, lamentam o tempo ruim.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

NO CANTEIRO, A LUA CHEIA MOSTRA O MONSTRO

no alto da grua
se via a sombra:
silhueta estreita duma criatura
contorcia-se toda
em movimentos frenéticos,
como se, nela, algo se desprendesse
de repente
duas grandes asas se mostraram
abertas ficaram
pra ganhar voo
a criatura despencou
alçando aos céus da cidade, logo em seguida
desejando sangue virgem
de menina

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

AJA TENTO, SEJA TEMPO

há quem odeie a chuva
por ela “estragar” o dia

há quem a ame
depois de meses
sem vê-la

há quem odeie o sol
por ele matar
toda uma criação

há quem o ame
após anos na neve

há tantas coisas,
tantos sentimentos
que fica difícil
ver alguém satisfeito

aceite o clima
você não tem poder sobre ele
aproveite-o de outro jeito
faça dele uma compreensão de si mesmo

aja tento,
seja tempo

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

A FELICIDADE EM ESTADO SÓLIDO

O mundo inteiro anseia por felicidade, como se ela fosse algo impossível. Torram a semana inteira no aguardo tão esperado do fim dela; delegam ao famigerado “fim de semana” o supra-sumo da felicidade plena. Bobagem. Para ser realmente feliz, basta entender que esse estado de alegria só é uma coisa meio fixa quando a pessoa está em paz com a própria vida. A felicidade é só uma ideia que perdura quando a mente está madura.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

O RÉVEILLON DE QUEM ENTENDE

ano novo
vida nova

gente certa
outros erros

gente errada
outros acertos

novos tempos
mesmos erros?

na retrospectiva
a perspectiva

sempre há
um algo almejado

quase sempre se faz
mais um desgraçado

a vida é
bem diferente
nos outros dias
do ano

quem não se engana
a vida enfim emana