Embebida
em sangue, a criatura enrugada tenta respirar. Debaixo da ponte, a chuva forte
não chega, porém inúmeras gotas surgem no concreto cheio de mofo. A mão, fraca,
golpeia o pequeno abdômen do recém-nascido, num desejo desesperado de vê-lo
vivo. Em vão se torna o ato. Seu filho, seu fruto está morto. O parto não fora
natural. Seu sangue abunda suas vestes encardidas e a terra fria donde está.
Seu algoz se aproxima. O vulto caminha em sua direção. Mesmo todo encoberto, a
chuva forte não esconde a faca na sua mão direita. A vítima grita. Seu último
grito não é ouvido por ninguém. O assassino sai debaixo da ponte, caminha
lentamente sob a chuva enquanto esconde a faca suja por dentro das calças. Sobre
a ponte, turistas emburrados, enfurnados em sedans alugados, lamentam o tempo
ruim.
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