Há quem veja o meteorito
Como o resto de algum
planeta,
Poeira cósmica,
Detrito alienígena.
Eu, contudo,
Vejo-o como o embrião,
A arca-mãe
De uma futura civilização
—
Estrela-cadente
Pra mim,
Sempre foi o sinal
De recomeço.
Há quem veja o meteorito
Como o resto de algum
planeta,
Poeira cósmica,
Detrito alienígena.
Eu, contudo,
Vejo-o como o embrião,
A arca-mãe
De uma futura civilização
—
Estrela-cadente
Pra mim,
Sempre foi o sinal
De recomeço.
Pillars of Creation (foto tirada pelo telescópio espacial James Webb em 2022) |
Todos somos filhos de uma Estrela;
A partir dela,
É que vieram os elementos
químicos,
Cósmicos
Que nos fazem ser o que
somos.
Por isso,
A nossa Vida,
Que é tão única, tão rara,
tão estatisticamente impossível
É de uma preciosidade
imensurável.
É uma pena lastimável
Que muitos de nós
Sequer sabem,
Ou que, simplesmente,
Se esqueceram,
Disso.
Para ver o invisível
Não carece ver;
Apenas perceber
O além do impossível...
Se deus existe,
É tema inútil.
Existe sim, acredite!
Não seja fútil.
Deuses e deusas
Envolvem todos nós.
Basta se abrir
A eles; não estamos a sós!
Há de se ouvir
Insistentemente as suas asas...
A maioria pensa que é bem
assistida.
Porém, se enganam, nenhum
plano existe
De fato. Tudo aqui foi um
chiste
Pra ocupar gente
desocupada.
Deus algum existiu por
essas bandas.
Todos foram por nós mesmos
inventados;
Por gente assim cheia de
enfados,
Que queriam amenizar as
próprias charadas.
E até hoje somos levados a
acreditar,
Que acima de nós há um ser
superior
A nos reger a todos a ele
inferior,
E assim creiando e
recreiando o creiar...
Besteira tamanha com eira
camelô
Sem beira complô é a nossa
condição:
Abandonados somos e com
razão,
Até quem criamos nos
abandonou!
Desamparados somos e
estamos há tempos.
O juízo já veio e cá
estamos só farrapos...
Nos suportando já querendo
nos matar,
Pois nem a gente mesmo se
faz atar!
Planeta azul: arca
esférica saliente;
Terceiro mundo reduto
pequenino
De uma raça que se acha
inteligente
Demais, mas seu tempo não
é eterno...
Cedo logo se acabará de
toda,
Afinal, nem de pé mais se aguenta!
Um e outro sempre se
chateia!
Por que és tão tola
Humanidade, querida?
Aqui jaz os esquecidos...
Os deuses nos abandonaram.
Inventamo-nos, mas nos
deixaram...
A Humanidade é de
vencidos.
Quando
subo a São Joaquim
Eu
não os vejo
É de
manhã logo cedo
Janelas
fechadas só se veem
Vou
a pé pro trabalho
Quando
desço a São Joaquim
Eu,
às vezes, os vejo
É fim
de tarde quase noite
Janelas
escancaradas se permitem ver
Vou
a pé pra minha casa
Quando
paro pra vê-los
O que
eu vejo?
Primeiro,
não é o que é quem
Segundo,
tudo dura menos dum segundo:
Lá
de cima de um prédio
Terceiro
ou quarto andar
Um
narizinho se projeta da janela
Dois
olhinhos fitam cá embaixo a rua desperta
Mas
são os cabelos brancos que mais se fazem ver
Lá
de cima
Será
que me veem?
Pois,
cá de baixo
Eu
os vejo
E nesse
ínterim terno quase eterno
Eu
enfim percebo só vendo
Que
a vida assim à vista
É muito
mais vívida, e vivida
Quando
é assim bem quista:
Despretensiosamente na rotina
Há muito tempo estava só.
Tinha se isolado,
autoexílio.
Os filhos pouco apareciam.
Já estava habituado à
solidão.
Porém, um dia, grande dia,
Os filhos voltaram
multiplicados:
Quatro netos lhe exigiam
atenção;
Dois em cada perna, todos
com ele encantados.
A princípio, foi um
choque!
Rostinhos parecidos consigo
Queriam porque queriam seu
carinho.
Aí, se vendo não mais só,
sorriu.
Se vovô era, vovô se
assumiu!
E até hoje é lembrado pelo
sorriso.