quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

CABELOS BRANCOS NA JANELA

Imagem: Freepik

Quando subo a São Joaquim

Eu não os vejo

É de manhã logo cedo

Janelas fechadas só se veem

Vou a pé pro trabalho

 

Quando desço a São Joaquim

Eu, às vezes, os vejo

É fim de tarde quase noite

Janelas escancaradas se permitem ver

Vou a pé pra minha casa

 

Quando paro pra vê-los

O que eu vejo?

 

Primeiro, não é o que é quem

Segundo, tudo dura menos dum segundo:

 

Lá de cima de um prédio

Terceiro ou quarto andar

Um narizinho se projeta da janela

Dois olhinhos fitam cá embaixo a rua desperta

Mas são os cabelos brancos que mais se fazem ver

 

Lá de cima

Será que me veem?

Pois, cá de baixo

Eu os vejo

 

E nesse ínterim terno quase eterno

Eu enfim percebo só vendo

Que a vida assim à vista

É muito mais vívida, e vivida

Quando é assim bem quista:

Despretensiosamente na rotina


Nenhum comentário:

Postar um comentário