segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Carta aberta à ex

Olá, minha cara!

Espero que ao ter esta carta em mãos, tu estejas gozando de plena saúde física e mental. E que teus inesquecíveis familiares também estejam saudáveis e felizes.

Escrevo-lhe com o intuito de desvendar o mistério que ainda nos rodeia; escrevo-lhe para expurgar de vez os fantasmas que ainda me assombram; enfim, escrevo-lhe para tentar sanar nosso caso mal resolvido. Sim, mal resolvido, pois, mesmo que tu estejas praticamente casada há pouco mais de um ano, e, talvez, por isso mesmo, não tenhas respondido minhas correspondências anteriores, ainda sinto certa pendência entre nós.

Dois anos atrás, terminei contigo. Bem sei que a forma desse rompimento não foi lá muito digna de um cavalheiro (já ti admiti isso, na época). Dei por fim o nosso relacionamento promissor baseado em observações empíricas: não ti fazia mais feliz, não ti satisfazia como tu carecias e merecias, não ti inspirava mais... Tu já sabes disso tudo, só quis aqui resumir. Continuando. E, mesmo depois do desfecho surpreendente, lembro-me bem, tu disseste pra sermos amigos ainda (curioso isso, não?). E, aqui, discuto um ponto importante, bem que eu tentei ser teu amigo, minha filha! Pena que tu não quis. Afirmo isso, pois, antes mesmo do teu caso atual, eu tentava manter contato contigo. Mas tu me ignoravas; não me dava mais oportunidades nem nada. Tamanha desfeita me deixou surpreso e profundamente chateado, pois, se querias ser minha amiga realmente, como tu mesma disse, desprezo não condiz com a amizade, né verdade? E tu sempre foste amável, afável e leal. Pois então, por essa atitude turva tua e da minha (em romper indignamente contigo), creio, estarmos em igualdade imoral, ou seja, juntos na mesma barca do inverno! Não ria, é sério. Por mais que a mágoa tenha ti contaminado, isso não justifica a falta de amabilidade, a falta de benevolência, afeição. Se não querias mais contato comigo, bastava ter sido sincera com o teu coração. Ter me iludido não foi legal.

Outra coisa tua me atormenta: o teu fantasma. Quando namorávamos, tua ausência era-me suprida bastando recorrer às belas e fogosas lembranças na tua presença. Agora, ou melhor, há dois anos, essas mesmas cálidas recordações transmutaram-se num fantasma áureo e inconveniente. Nas horas mais inoportunas, ele exibi-se para mim feito uma stripper vulgar e nociva. Danado fico, danado me entrego. Minha melancolia, tu sabes bem, é mais forte, por isso acabo aturdido com essas lembranças no meu colo, me encarando, me acariciando maliciosamente... Anseio que, ao deixar isso aqui impresso, esse teu resquício espectral deixe de me assombrar. Não agüentarei mais dois anos! Meu coração é demasiado frágil, tu sabes.

Por fim, espero francamente que esta seja a última carta que lhe destino. Sei que tu não a responderás, como as anteriores. Contudo, sinto-me mais aliviado, sinto que uma praga se desgarrou do meu pé, da minha alma imortal. Calma, calma, coração, não quero dizer que tu és uma praga parasita. Longe d'eu fazer uma ofensa dessas ao teu ilustre nome! Só exemplifiquei, nada mais. Não quero ti dar mais essa decepção.

Acho que ficou claro que eu ainda te adoro, apesar dos pesares, não é? Se não, digo descaradamente, explicitamente: TE ADORO!!!

Vejo-te por aí, ou não.

Beijos nas maçãs e um forte e demorado abraço pra tu, do lunático, mas inofensivo e sempre teu

Mr. Boo.

2 comentários:

  1. Tu é espontâneo e intenso...
    Boa literatura !


    Abraço

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  2. Sério?! Pôxa vida, Alessandra! Fico mui agradecido, meio acanhado até. Obrigado! Tentarei manter o ritmo, prometo.

    Forte abraço!!

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