domingo, 16 de maio de 2010

Pendrive, Feridas e Cartõezinhos

Pendrive: perdi tudo! Até eu mesmo. Espetei em porta USB alheia e mi fudi.

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Cutuco minhas feridas enquanto teclo. As casquinhas protetoras jogo fora, ao vento, ao léu. O sangue enferrujado que daí escorre, abundantemente, acentua a corado das pontas dos meus dedos. O teclado fica todo manchado. Cada letra, cada ponto e cada acento têm sua porção de sangue – meu sangue! Meu sangue oxidado borra o grafismo plano do tablado plástico. Às vezes não distingo a que cada tecla se corresponde. Fico confuso, me perco nas pequenas superfícies ásperas, outrora lisas, escorregadias... As nódoas não têm dó. Mas, graças a outro tipo de secreção corpórea, consigo, finalmente, reconhecer os caracteres que quero registrar. O suor é o meu desinfetante. Essa substância incolor, salgada e nidorosa é o que tenho de mais vital, agora.

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Os cartõezinhos têm cara e arcada alva. Por isso, careço de mais cuidado ao cortá-los.

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