sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Curtindo a vida feito água-viva

Minha vida é um passeio sem rumo
e, se durmo,
acabo trombando
no escuro
do absurdo
e sem juros.

Tenho crédito,
tenho tamanho agigantado
e ainda economizo muita energia.

Deixo a conta corrente me levar!
Sou (quase) dona do mar.
Vivo com alegria
apesar de ser desengonçada,
toda gelatina.

Sou água-viva.
Não sou sardinha,
mas sei que nossa taxa de reprodução
e crescimento
tão ali no mesmo investimento.

Meu sistema de caça é primitivo,
mas ativo,
pois exige contato direto com a presa, o contribuinte.
Minha estratégia é diferente:

Insisto em ser lerda,
uma criatura lenta
e assustadora,
pois assim uso, de maneira eficiente,
a energia obtida.
Sem arrochos
ou câmbio,
apenas poupando,
invertebrando...

E, num futuro próximo,
nesta oceanografia econômica,
serei dominante,
com alíquota líquida
e cheia de plâncton dos acionistas
de anchovas oportunistas.


Referência:

MIRANDA, Giuliana. Águas-vivas podem ser novas “donas” do mar, diz estudo. Folha de S. Paulo. Ciência de sábado, 17 de setembro de 2011, C11.

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