quinta-feira, 4 de março de 2021

BATEU O DESESPERO

Imagem: "O Grito", 1893, de Edvard Munch / wikipedia.org 

Já não agüento

Estou com medo

Essa desgraça

Não passa não

 

Estou preso

Há muito tempo

E não vejo salvação

Só mais mortes

Só mais velórios, vejo na televisão

 

Estou cansado

Numa angústia

Agoniado sem culpa alguma

Revoltado

Enojado

E puto

Estou num estado

Quase antidemocrático

E de luto

 

Quero gritar

Grito

Quero bater

Bato

Quero viver

Sobrevivo

 

E nessa desgraça anunciada

Que não parece ter mais fim

Tento manter a mente sã

Para não acabar num divã

Ou numa UTI

 

...

 

Nem morrer direito

É mais possível

Essa incerteza é muito incômoda

Eh, bateu cá o desespero


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