Pensar é surpreendente,
principalmente se você alimenta, constantemente, esse hábito. Mas pensar,
também, pode ser inconveniente, incômodo mesmo, dependendo daquilo que você
pensou.
Por exemplo: às vezes me
pego pensando em como minha simples existência não encaixa na vida que levo, ou
carrego. Intuo que por existir aqui e agora acabo não agradando aquelas pessoas
que me rondam. Parece que, por existir, essa minha presença física é algo
desagradável a quem a presencia.
Para ser mais preciso
quanto ao que estou tentando discutir aqui, assim, o negócio é o seguinte: não
sou normal. Quer dizer, não sou um brasileiro típico. Não curto futebol, não
curto telenovela e não tenho interesse pelas desgraças alheias – fofocas não me
agradam. Digo isso porque o interesse da maioria dos concidadãos, donde vivo,
versa sobre essas coisas. Por isso, quando me apresento logo com um assunto
diferente, meus compatriotas me olham torto. Vai ver me acham um doido, sei lá,
ou um puta dum chato, vai saber...
O fato é: sinto-me
deslocado. Como se a vida que levo não fosse minha. Como se a vida que tenho,
que é minha, foi de outro que me deu sem eu poder escolher. A gente realmente escolhe a vida que tem?
Esse papo me lembra do
pouco que sei sobre Jesus Cristo. Não sei lá muita coisa, reafirmo. Porém, o
pouco que sei, talvez, me ajude como exemplo. Ah! E já vou dizendo, sou ateu
(como se isso fosse importante...).
Jesus não foi concebido,
foi encarnado, no sentido de encarnar mesmo, tornado carne. Seu pai, mesmo
onipresente, não se demonstrou presente fisicamente para ele. Deus é um pai
ausente. Como o meu é (talvez isso sim seja importante...). E, mesmo que ele,
Jesus, tenha seguido fielmente os preceitos desse pai distante, ele só foi
junto dele na morte. Talvez, quando eu falecer, encontre o meu verdadeiro pai,
ou outra coisa... Está lá, no meu registro de nascimento, mãe, fulana de tal,
pai, inexistente.
Se Jesus, mesmo conhecendo
seu destino, afinal, tinha lá suas relações com o divino, escolheu a vida que
teve, e até a morte que acabou tendo, como eu devo proceder já que fui
contemplado com a dádiva da vida? O que isso significa??
Certo, tu dirás, me falta
um propósito, um objetivo; falta-me um algo pra me apegar de vez e não
desagarrar jamais! Pergunto: mas isso é obrigatório? Isso faz parte do pacote
ou eu posso combinar de outra forma isso aí??
Se eu estou vendo o
incômodo que minha simples existência desencadeia, devo eu mesmo dá-la por
encerrado? Papo estranho esse aí... Suicídio não combina com quem é vivo.
Certo. Devo eu então eliminar os incomodados? Esse papo aí já é mais
sinistro... Matar também não combina com os seres vivos. Quer dizer, minha
existência não depende da morte de outro humanoide; não é questão de instinto
de sobrevivência, é de simples convivência mesmo. E isso é igualmente complexo.
Se o incômodo que vejo nos
outros é o fato de eu estar aqui, presente neste mundo, devo então agradá-los
de alguma forma? Tipo: demonstrar interesse pelas coisas que esses curtem?
Hum... Sei não. Aí estarei indo contra a mim mesmo. E mim mesmo não é lá tão
amigável com quem deixa de ser a si mesmo pra satisfazer outrem.
Conviver é foda!
Conviver com as diferenças
é difícil, mas possível quando se tem respeito, tolerância e discernimento. E
eu tenho isso tudo! O problema é que os outros não têm. O que fazer então?
Ignorar? Não se preocupar tanto? Difícil. A vida que há em mim clama por mais
vida que vem dos demais.
Vai ver estou ruminando
bobagens. Dirão: viva a sua vida e que se dane o resto; não se importe com que
os outros pensam de ti, se é que pensam alguma coisa; a vida é sua, ora, não
deles! Aí direi: certo, certo, está bem, mas a vida que tenho não me satisfaz;
a vida dos demais também não me agrada em nada.
Vai ver a vida vivida é um
nada perpétuo que se perde no além; é um arquivo inexistente depois da busca
implacável no inconsciente...
Ah! Não adianta, eu não
consigo!! Penso que se eu não estiver vivo, um aqui e agora inexistente, os
outros seriam mais felizes, até mesmo eu.
Pensar coisas assim
realmente (me) incomoda.
A inteligência é mesmo um dilema, acredito que as pessoas menos "pensantes" são sim mais felizes, mas este não é vc, terá que procurar ser feliz com a inteligência que tem. Para acalmar a mente sugiro meditação, esporte, qqer coisa, menos drogas, vai por mim, elas te fazem pensar ainda mais, é por isso que os drogados ficam doidos mesmo. Isso me cheira a solidão e um pouco de depressão, mas vai passar, o mundo esta cheio de bucetas deliciosas, ainda melhores que a sua última aquisição. beijo
ResponderExcluirMas a minha felicidade já vem da minha inteligência, cara Lu! E eu já pratico uma atividade física regularmente. Quanto às drogas, bem, eu não preciso dessas coisas. Minha imaginação já me entorpece muito bem. Enfim, é Solidão e depressão sim... Mas relaxe. Isso é só um estado de espírito passageiro. Minhas crises existenciais (ou existencialistas?) não duram lá muitos dias. Relaxe. Ficarei bem.
ResponderExcluirAh! Sobre as "bucetas deliciosas", sabe, eh, então, concordo contigo. É tudo uma questão de tempo. ;)
Um beijo pra você também!