quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Fragmentos do cotidiano (8)

- Quer saber? Posso não ser a melhor pessoa do mundo ou o homem que toda a mulher sonha em ter, mas sou um pai super legal. Tenho lá meus defeitos, tenho cá meus vícios, porém, minha filha me ama. E é isso que realmente vale a pena saber, sabe? O resto é resto. Cuido bem da de menor. Não deixo que falte nada para ela. Ela não é minha princesinha, não gosto dessas alcunhas fresculentas, ela é minha menina, ela é minha filha, simples assim. Posso chegar em casa morto de cansaço, todo estressadinho com alguma picuinha do trampo, é coisa que acontece sempre, mas quando já imagino minha pequena sentadinha no sofá, que fica de frente pra porta de entrada, só no meu aguardo, e, quando abro a porta e a vejo saltar rápido e alegre de encontro a mim, para me abraçar as pernas, não me dando chance alguma de me abaixar pra abraçá-la direito, todos os problemas da minha vida são ex-ter-mi-na-dos, naquele simples gesto, naquela demonstração sincera de afeto. Também amo minha filha. Assim qu’eu chego já bato um bom papo com a pequena. Ela me conta sobre o seu dia e eu só fico na escuta, todo besta, todo sorridente enquanto ela tenta me dizer, com palavras novas recém-aprendidas, as coisas todas que aconteceram com ela durante o dia, durante esse longo tempo em que ficamos separados. Depois qu’eu tomo um bom banho e depois que a gente manda pra dentro um lanche caprichado feito pela gente mesmo, a minha filha e eu brincamos juntos, a gente aproveita algumas horinhas da presença um do outro. Ela não curte brincar de boneca. Criei bem a minha filha. A gente curte jogos. A gente gosta mesmo é de ler histórias juntos. Nós dois jogamos cartas, dados, dominó, xadrez e outras pecinhas aí de tabuleiro. Nós dois lemos gibis, revistas, livros. Nós dois detonamos dezenas de caça-palavras e centenas de palavras-cruzadas. A gente dança juntos também. Batemos cabeça feito loucos ao som de um bom e velho (e novo também, por que não?) rock’n roll!! Fazemos essas coisas e é tão legal vê-la ali aprendendo, se divertindo, às vezes, se enfezando, tadinha, com alguma coisinha tola. Eu faço essas coisas todas com ela e me sinto super bem. Eu faço carinhos nela enquanto a gente brinca. A gente se ama. A gente se quer bem. A gente vive num sonho real. Ela é minha filha e eu sou o pai dela. Somos a dupla perfeita.

4 comentários:

  1. hm... esperando o próximo fragmento, confesso que fiquei com medo desse aí, só relaxei qdo acabou.

    beijo

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    1. medo de violência sexual, sei lá, trauma.

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    2. Ave Maria, Lu!! Que elemento do texto te vez ter essa impressão?? O intuito dele era despertar aquele sentimento agradável da paternidade sem esposa. É curiosa essa sua interpretação. Realmente não dominamos o sentido de um texto após libertá-lo da cachola e expô-lo ao mundo. Obrigado pela visita!!

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