Ao
me deitar, para enfim dormir, eu sempre ouvia ele, o cachorro do vizinho,
latir. Não importava o horário. Mais cedo ou mais tarde, ele, o cachorro,
sempre latia. O latido em si não me incomodava. Ao contrário, achava esse fato
muito curioso e até mesmo brincava, comigo mesmo, que o latido do cachorro do
vizinho era uma espécie de alerta, uma espécie de chamado sobrenatural para
algo específico da minha vida. Então, todo dia, com a cabeça no travesseiro, eu
imaginava o que poderia ser esse tal alerta. Eu me entregava à especulação
imagética, todo dia, antes de dormir. Era divertido isso. Só dormia bem assim. Contudo,
um dia, o cachorro não latiu, tampouco no posterior e nos demais seguintes. Fiquei
muito preocupado com isso. Meu sono não foi mais o mesmo. Era aterrorizante me
deitar sem o latido do cachorro do vizinho, o silêncio era sepulcral. Não me aguentando
mais de angustia, fui, pessoalmente, na morada do vizinho perguntar do
cachorro. Desse vizinho, eu nunca soube nada, nem nunca o tinha visto vivo. Bati
três vezes na porta e ela se abriu num grito coletivo: VAMPIRO!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário