![]() |
Imagem: terra.com.br |
Pálida
A estranha figura caminha
Caminhos de sangue
Descalça
Os pés vermelhos ficam
pretos
Com a sujidade da cidade
Centro
Centro velho
Perambulando pela
metrópole
Cosmopolita, desigual,
bárbara
A civilidade é só fachada
Brutal
Animal
A estranha figura trajada
de branco
Ainda caminha
Devagar
Vagando pelo centro
À noite
Madrugada
Somente às sextas
Sexta-feira treze
Meia-noite já é vista
Entre à água-podre
Entre as torres de marfim
luxuosas
Entre os mendigos, os ladrões,
as prostitutas
Entre as crianças, os desempregados,
os estudantes, os baladeiros
A estranha figura caminha
Não pára
Nem no sinal fechado
Abre caminho
Branca
Vermelha
Quem tenta falar com ela
Logo vê
Sua boca
Sangue
Jorrando, vomitando
A sua essência vital
Ancestral
É por ali
Liberdade
Glicério
Cambuci
Bixiga
Bela Vista
A estranha figura
Sempre caminha
E caminhará
Deus algum está com ela
Só demônios
Todos os nossos
Numa estranha figura só
Pandemônio
Branco
E vermelho
Branco
E vermelho
Branco
E vermelho
...
Por alguns segundos durante a leitura me lembrei de quando precisava passar de onibus, à noite, pelo o centro da cidade, aqui em Fortaleza. Eu via quase tudo isso que você pôs no texto. Era uma vitrine, um turismo, daqueles que vivem à margem e eu me sentia muito mais conectada com eles, apesar de ser do ''mundinho'' acima.
ResponderExcluirNossa, PW! Fico feliz por meu poema ter te causado esse gatilho na memória. Muito obrigado! E apareça mais, viu! Tá sumida por aqui. :)
Excluir