terça-feira, 12 de novembro de 2019

SOBERANO: O PLANETA DA FOME_PARTE III_UIÓP_CAPÍTULO XXXI

"... um sinal de mau presságio..."

Uióp nascera sem sexo. Os anjos de Safir tinham sexo definido, eles fornicavam com gosto, como todas as criaturas nascidas em Soberano. Uióp nascera sem olhos. Em seu lugar havia dois buracos negros como a noite mais escura. Uióp nascera sem cabelo e, mesmo crescendo de corpo, continuava careca. Aliás, nenhum pêlo crescia em seu corpo, Uióp era todo liso, não tinha sequer sobrancelhas, cílios ou qualquer outro cabelinho no seu esguio corpo. Os anjos de Safir não o viam com bons olhos, uns até pensavam que ele era um sinal de mau presságio, porém, mesmo desconfiados, criaram a criatura incomum como se fosse um deles – em Safir nada se mata, tudo se desenvolve. Mesmo deficiente, Uióp crescera saudável. Carente de olhos para ver, seu olfato se tornara seu guia. Mesmo sem sexo para se reproduzir e se divertir, seu tato era o mais aguçado do reino, Uióp podia sentir muito mais do que simples toques angelicais, Uióp podia sentir o cardápio saboroso ao redor de si.

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