terça-feira, 28 de março de 2023

ESPELHO, ESPELHO MEU



Mostre-me a falsidade

Colorida em algoritmos,

Rejuvenescida em telas LED

Para as gentes que se engana

Sabendo enganada mas

Nem aí com isso ou aquilo outro

 

Espelho, espelho meu

 

Mostre-me o reino encantado,

A realidade paralela

Onde todos estão bem e feliz

 

Mostre-me o Narciso de cada um

O umbigo sujo que não é mostrado,

Que é escondido de propósito com adesivo molhado

E o rei na barriga gorda e inchada

De cada um aí que se diz ser

Criador de conteúdo

(fútil, falso e autopromovitório)

 

Mostre-me a perda de tempo

 

Mostre-me o carrasco dos pobres

 

Mostre-me este mundo torto

Que muitos insistem insistentemente em ver

Até o furto traumático do celular por um

Moleque de bicicleta que curte roubar

Porque é uma puta profissão

Que dá respeito e moral

Entre outros moleques

Que também roubam celular

Dos comédias trouxas

Que dão mó vacilo no centrão

 

Mostre-me o monstro

Monstre-me

 

Espelho, espelho meu

 

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