quarta-feira, 11 de setembro de 2019

A GRAÇA DA DESGRAÇA

Fotografia de Sebastião Salgado exibida em 'Gold - Mina de Ouro Serra Pelada', no Sesc Avenida Paulista

Da morte, acho, pouco se sabe;
Da vida, sei, muito se imagina.
Viver encanta, é tipo sina;
Morrer espanta, afã se bebe...

Do nada viemos, se crê, inibe.
De tudo fazemos, mas ruína.
Até parece coisa divina,
Mas isso é mote que não cabe...

Fazemos o que então com isso?
Perdemos de vez nosso juízo?
Que nada! Basta ver toda graça

Que é essa nossa estrada braba:
Acorda, dorme, fala e baba,
Crescendo e sorrindo na desgraça!


Observação

Soneto NÃO selecionado no concurso "Um Libreto e Cem Sonetos" da Cartola Editora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário