- Quer saber? Ando
preocupado, pensativo; ando vendo muita coisa da vida agora que abri uma conta
no Facebook. E quer realmente saber?
É tudo assim uma coisa de doido. Explico: ando vendo uma necessidade assim
desesperada de se mostrar feliz, realizado; vejo uma liberdade medonha de
expressão e de lamentos que beiram à insanidade ou à carência por amizades. Tá todo
mundo querendo se mostrar feliz ou à beira da felicidade plena. Bobagem. Quem
aí me lê sabe que a felicidade não é suficiente. A tristeza faz parte da gente
assim como o ar preenche nossas veias e pulmões. Ok. Pareço um chato dizendo
essas coisas, mas há certas coisas que precisam ser ditas, revistas, e cabe ao
chato a dura tarefa de arauto. Acho bacana ver o pessoal do Face postando
livremente o que pensam - o distanciamento físico da Internet possibilitou isso,
todos aí sabem bem. O que me preocupa são os mal-entendidos que a liberdade de
expressão acaba causando. Gente, é sério. Não falo aqui de erros ortográficos,
na net isso é normal, até aceitável, pois, quem digita, digita com pressa. Falo
aqui da má leitura da pessoa que lê aquilo que outra pessoa posta. Eu mesmo
sofri com isso. Isso mesmo, meu amigo, sofri.
Foi um verdadeiro martírio me explicar a alguém que eu nunca vi mais colorido e/ou
photochapado; é complicado... Fiquei espantado também com a quantidade de fotos
pessoais e de piadinhas que circulam pela rede social. Ok. Uma piadinha ou
outra faz bem, mas tem vez que enche o saco, sério. E, quanto às fotos
pessoais, cara, têm coisas que não precisam vir a público, sério mesmo. A rede
social é que nem o mundo real, têm muita gente boa, bem intencionada, mas
também têm muita gente má, que pode se aproveitar daquilo lá que você mostra
descaradamente. Outra coisa: tudo que vi achei interessante, têm muita coisa lá
estimulante, e broxante também, faz parte, mas o mais curioso, o que mesmo me
marcou, foi perceber que a vida segue, e pra todo mundo. Vi gente que era
magra, do tipo bem fininha mesmo, agora mais carnuda, de bucho farto; vi gente
gordinha mais sequinha; vi gente que se casou e que teve filhos; vi gente na
batalha diária por um trampo melhor remunerado; enfim, vi gente vivendo, e
vivendo bem de certa forma, apesar da ostentação e dos excessos de uns e outros
aí. Contudo, vendo essas coisas, acabei fazendo aquela comparação idiota com a
minha vida. Eh, a inveja, ou sei lá como posso chamar essa atividade
neurológica natural comparativa, se manifestou em mim, e de uma forma meio que
incômoda. Vendo os outros felizes, satisfeitos e realizados, me vi infeliz,
insatisfeito e preocupado. Aquilo lá que eles me mostram não é o que eu vejo
aqui no meu colo, junto a mim, entende? Não? Pois eu entendo bem. A infelicidade
não é atrativa, não vende, por isso, tampouco ti trará mais “amigos” para serem
adicionados, como se fossem uma posse assim contratual do acaso virtual. Quem se
mostra feliz é praticamente garantido o sucesso na rede social. Admito que eu
estava, quero dizer, admito que estou usando o Face para “espalhar felicidade”.
Faço gracinhas com os meus queridos amigos, posto conteúdo que acho relevante,
troco informações, divulgo atividades, sugiro músicas e músicos de boa qualidade,
porém, como já disse, isso não é suficiente. Acho que posso, e devo, fazer bem
mais coisas nesta minha vida, durante esta minha curta existência finita, mas tudo
isso fora dessa rede. A vida ainda é bem mais interessante por fora do sistema
propagandatório dito social. Ainda prefiro o anonimato. Ainda prefiro fazer o
que faço sem ninguém aí saber disso. Isso é bem mais arriscado, sem nenhum
amparo, bem sei, mas já estou acostumado, calejado. A vida é dura, injusta até,
mas, ainda sim, vale muito á pena, principalmente quando você a tem para si, e
só para si.
Pois é... as vezes é mesmo esquisito, na maioria das vezes até.
ResponderExcluirEh, por isso fiz esse texto, pra pôr pra fora essas coisas estranhas que eu vejo. Contudo, acho que a maioria das pessoas têm consciência do risco e das possibilidades que essa ferramenta pode trazer para quem a usa. Este mundo ainda não está perdido, as manifestações, as revoluções atuais são provas disso. Obrigado pelo comentário, amiga Lu! Um GRANDE BEIJO pra você!!
ExcluirNossa! Esse texto tem quase cinco anos e ainda é tão atual, tão vivo. A rede mudou, há muitas aí na praça, porém, os vícios continuam. Saudade de redigir crônicas-protestos-desabafos assim. :)
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