Nesta sociedade em que
vivemos, há algo que sempre me instigou o cenho, e desde muito pequeno, é a
danada da separação de entradas e elevadores sociais e de serviços. Você aí,
amigo leitor, já deve de ter trombado com essas ditas cujas em algum momento da
tua vida. Se você aí, que me lê, mora ou conhece alguém que more em prédio, já
sabe muito bem que elevador social é por onde os moradores do prédio e seus
convidados adentram o condomínio. Já o elevador de serviço é destinado aos
empregados assalariados que trabalham no prédio. Curiosa também é a diferença
estética desses meios de transporte. Enquanto um é espaçoso, o outro é
estreitinho, enquanto um tem um enorme espelho embutido, o outro é todo forrado,
de cima à baixo, de um acolchoado de uma cor meio assim acinzentada, neutra.
As entradas sociais e de
serviço também têm lá suas diferenças. Um bom exemplo disso são as entradas dos
hospitais. Penso aqui nesses hospitais de renome, que são referências em
determinadas especialidades, sabe? Pois bem, a entrada social é a principal. É por
ela que os doentes cheios da grana adentram a instituição médica em busca de tratamento.
Já os medicamentos, os equipamentos usados por esses a fim de se curarem de
suas enfermidades, entram pelos fundos do hospital, entram pela entrada de
serviço, ou melhor, entram pela entrada de nome sugestivo: área de carga e
descarga.
Agora você, amigo leitor,
entende o que eu estou tentando expor aqui? Veja bem: aqueles e aquilo que
realmente faz(em) a diferença -- ou bota a porra pra funcionar direito -- no recinto
hospitalar e residencial, entra pelos fundos, pela porta dos fundos.
E, uma analogia aqui é
inevitável, todo mundo tem uma tara por fundos, ou melhor, todo mundo curte um
fundão. Quem aí sentava no fundo da sala de aula? Você aí ainda se lembra de que
era lá que a turma do barulho, os bagunceiros de plantão, sentava? Era por lá
que os mais populares ficavam de pirraça e palhaçada também. Outro exemplo explicativo:
você aí quando vai ao cinema, ainda prefere se sentar, com a sua namorada ou com
o seu namorado, lá no fundão da sala de projeção? Cê tá ligado comé que
funciona o esquema, né? Lá no fundo o bagulho é doido! É quente de gostoso! Cê aí
já manja do negócio, né não?? Safadão. Safadinha...
Enfim, tenho outro
comparativo aqui na manga. Peço desculpas desde já pela minha falta de vergonha
na cara. Mas o que eu gostaria de invocar aqui é algo muito sério. Quero aqui
falar de cu, ou melhor, quero aqui falar um bocadinho de sexo anal. A gente tá
cansado de saber que a maioria das mulheres aí soltinhas não curte essa
modalidade da fornicação saudável. E até compreendemos o motivo: preconceito, falta
de informação, experiência traumática no passado com um ex-namorado retardado,
vá lá... Mas, meu caro amigo leitor angustiado, não se preocupe, o presente texto
foi aqui redigido pra tu ter um bom argumento com a pequena excitante hesitante.
Faça ela se lembrar, ou se tocar, que é na porta dos fundos que as coisas realmente muito boas, coisas importantes pra valer e coisas deveras vitais
entram. A porta dos fundos não é só uma saída de emergência, uma saída de
escape escatológico, ela é uma entrada de prazeres infindáveis, meu bem. Ela é
o portal das sensações mais variáveis, pode crer. Amiga leitora, não renegue a si
mesma mais esse prazer. Libere o cuzinho. Relaxe. Cê vai gostar.
Social rima com banal,
trivial, coisa manjada de normal. Que tal fazer algo mais radical? Serviço dá
mais trabalho, é delicado, é coisa que exige mais esmero e atenção, por isso
mesmo vale o suplício, o sacrifício. Pense direitinho no que eu lhe digo. Pense
melhor no furo, pois você sabe bem, todo furo é manchete, é algo que todo mundo
gostaria de ter dado primeiro, só não teve a coragem, a sorte, ou a
oportunidade para tal. Pense nisso, meu bem, e não me leve a mal. Eu te quero
tanto bem.
Lendo-o agora, esse texto mais parece um devaneio, uma despirocada mal redigida e chula. Contudo, tem lá seus méritos: é datado, então, quando comparado, com os textos de hoje, fica evidente, ao menos para mim, uma pequena evolução.
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