terça-feira, 22 de outubro de 2019

SOBERANO: O PLANETA DA FOME_PARTE III_OMOTEP_CAPÍTULO XXII

"Omotep não tinha fome."

Omotep era um ancião, era um velho, muito velho, de aspecto abatido, cansado, mas de olhos verdes muito brilhantes. Omotep era nômade, assim como a maioria dos humanos ainda vivos, ele vagava a pé pelo grande deserto que era o planeta Soberano. Ser velho em um mundo de fome é algo louvável e inconveniente. Quem atingia avançada idade, sem dúvidas, lutara e matara adoidado e, justamente por essa quantidade absurda estimada de mortes e assassinatos nas costas, era o que tornava a velhice um estágio desagradável. Ninguém, num planeta de miseráveis, via com bons olhos um velho decrépito perambulando a pé por aí. Omotep caminhava só pelo grande deserto tóxico. Porém, sua saúde era perfeita. Mesmo utilizando um pedaço de pau como bengala, Omotep caminhava firme, sem pressa sobre a areia vermelha. Omotep não tinha fome. Omotep, aliás, nunca tinha sentido fome em toda a sua vida. Omotep era um velho sem estômago.

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