terça-feira, 8 de março de 2022

PARANOIA PAULISTANA

Imagem: pt.wikipedia.org

Hoje em dia, é muito comum dizer aos quatro ventos que ama ou odeia alguma coisa, certo? Até mesmo pessoas, seres vivos, são alvos fáceis de amor ou ódio, hoje em dia, não é mesmo? Pois então. Eu odeio! Eu odeio pessoas. Peraí. Melhor eu me explicar direito, e esquerdo, antes de ser linchado, ou pior, cancelado.

        Eu odeio pessoas que andam atrás de mim! Sério mesmo. Sabe aquelas pessoas que ficam bem atrás de você quando você está andando na calçada, subindo ou descendo uma rua? Cê tá ali de boas, fazendo a caminhada a pé que você sempre faz, ou só de bobeira mesmo, pondo em prática a caminhada obrigatória que o teu médico recomendou pra baixar o colesterol ruim e elevar a sua absorção de vitamina D e, de repente, você sente aquela sensação estranha, incômoda, que tem alguém bem atrás de você, quase no seu encalço, quase no seu cangote, sabe? Odeio demais isso! Poxa vida! Mantenha a distância, pô! Num sabe respeitar o espaço do outro, não?

        Claro. Você aí vai me dizer que isso aí é paranoia de paulistano. Você aí vai dizer que a gente aqui é paranoico com isso, que a gente aqui tem medo de ser assaltado, roubado, morto, assassinado, não é? POIS SOMOS MESMO!!! A gente aqui é meio de interior, meio do nordeste, tá ligado? A gente aqui desconfia até da sombra. A gente aqui quase nem confiamos na própria mãe, cara! Cê acha que a gente vai confiar num desconhecido que tá bem atrás da gente? Nós aqui não caímos no golpe da fruta, não! De mortadela conhecemos até o tempo de maturação de cada marca aí do mercado. Todo paulistano que se preze, digo, os que podem bater no peito e dizer com orgulho e lágrimas nos olhos que é paulistano de raiz, é desconfiado!

        Trabalhamos pra caramba? Sim! Medo é um sentimento constante pra gente? Sim! Todo mundo aqui usa camisa polo? Eh, veja bem. Um e outro aí sim, mas... Não mude de assunto! Foca em mim! Não me faça perder a mão da crônica aqui, cara.

        Pra resumir, só dar um Google aí e ver a bandeira da nossa cidade. Já deu? Pois então veja lá o braço direito armado. Tá vendo? O que tá escrito logo abaixo? NON DVCOR DVCO, né? Meu latim é péssimo, mas acho que se traduz mais ou menos assim: NÃO SOU CONDUZIDO, CONDUZO. Agora você nos entende, meu amigo?

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