Imagem: Personagem Chiqueirinho (Pig-Pen) do cartunista Charles Schulz / guiadosquadrinhos.com |
Quem
aí pega metrô, ou trem, tá ligado: a quantidade de pessoas pedindo uma ajuda
pelo amor de deus, ou vendendo alguma coisa, comestível ou não, aumentou
drasticamente de uns tempos pra cá. Óbvio, a pandemia é a causa principal dessa
situação. Porém, não podemos negar, sempre existiu isso, sempre se viu
vendedores ambulantes pelos corredores deslizantes do metrô e dos trens; um
pedinte e outro também sempre se via por lá.
Os que a gente quase não vê hoje são os
seguranças. Antes, sempre se via dois, no mínimo, ali pelas catracas ou até
mesmo andando pelos vagões. Hoje, aquelas pessoas de preto carrancudas e de
porte intimidador só são vistas em dias de grandes jogos futebolísticos, ou de
grandes eventos musicais, que ocasionalmente ocorrem pela cidade. No dia-a-dia
é muito raro ver um par desses.
Mas voltando aos pedintes. Você aí já
deve ter reparado: têm muito pai e muita mãe levando seus filhos nesse corre. Se
não viu, logo aviso: sempre é uma criança de colo. E essa, geralmente, tá com
muito sono, ou muito puta da vida, em estar ali com o pai ou com a mãe. Um mau-humor
é sempre visível nesses pequenos. Ou um puta de um celular grandão em suas
pequenas mãozinhas. Você aí já viu isso? Não? Pois eu sempre vejo. Esses pais,
ou mães, estão sempre com um mochilão, tipo mochila de mochileiro do leste
europeu nas costas, ou uma sacolona de lona a tiracolo típica das sacoleiras da
25 de março, do Brás e/ou do Bom Retiro. É coisa muito comum vê-los por aí
pedindo uma ajuda, uma moeda de cinco, dez centavos neste mundo cada vez mais
hiperconectado que não utiliza mais dinheiro vivo, sequer moedas. Aliás, até
por isso mesmo, muitos desse pessoal aí já aceitam PIX de caridade. Um e outro
vão falando suas chaves ou ostentando plaquinhas no pescoço para o caridoso não
errar o seu tão necessário donativo. Até a esmola já virou high-tech.
Coisa de louco? Coisa trivial de um
sistema capitalista selvagem? Bah! Esses não diferem em nada do pessoal aí das
redes sociais que pedem à exaustão para nós, seus simples seguidores, darmos um
like, um joinha, para nos inscrevermos no canal, que nós precisamos ativar a
porra do sininho e compartilhar a merda toda para todos os nossos contatos.
É gente demais pedindo coisas que quase ninguém tem.
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