sexta-feira, 4 de março de 2022

SUPORTES DE CARNE

Imagem: g1.globo.com


Celular é acessório muito comum hoje me dia, certo? Vira e mexe, ou melhor, pra tudo que é lado, você vê alguém vendo pro próprio celular, seja parado em um canto suspeito ou bem no meio da rua mesmo. Há, por aí também, uns mais radicais que ficam olhando pro dito cujo enquanto estão andando, caminhando em baixo de sol, chuva com ou sem guarda-chuva. É coisa de louco. A telinha luminosa fisga a nossa atenção plena. É no metrô ou no busão, sempre tem alguém olhando pro próprio aparelhinho ou pro alheio, o do vizinho.

        Contudo, porém, entretanto, o fato mesmo curioso é onde as pessoas os apoiam.

        Você aí mesmo já deve ter visto, ou até faz o que vou aqui comentar, têm muita gente por aí apoiando o bichinho no bucho. Sério. Já vi gente olhando pro celular na altura dos zóios, que é prática mais comum, já vi gente olhando pra ele mais abaixo, num ângulo de noventa graus mais ou menos, também já vi gente olhando pro celular o apoiando na cabeça do/a filho/a impaciente, que também quer porque quer ver também o que o/a pai/mãe tá vendo sobre ele/a, mas, sobre o próprio bucho, era caso raro de presenciar.

Hoje, isso tá mais comum, bem mais. E tal fato não é só caso exclusivo de homem, não, viu. Já vi muita mulher apoiando o celular espalhafatoso de colorido sobre a saliência aparente. Ambos os sexos estão mais buchudos mesmo, e mais encurvados, corcundas também. Pergunte aí pro seu alfaiate pessoal, ou pra sua costureira profissional, eles vão lhe confirmar: hoje tá todo mundo mais cheinho e dobrado sobre si. Décadas atrás, as pessoas eram mais esguias, retas, de porte e estatura varapau, olhavam mais para frente, e não para baixo. Pessoa corcunda só se via quem tinha algum problema de saúde. Os buchudos então eram bem raros. Tempos difíceis eram. Chocolate, sorvete, que vinha em pote de isopor (!), eram artigos de luxo. Coisas consideradas de presente para o fim do ano apenas, sabe?

Enfim, tudo isso aí dito, parece até uma involução, não achas? Você já deve ter visto por aí nas estampas das camisetas da molecadinha esperta, aquele desenho do homem caminhando que representa a evolução humana, certo? Lá, na estampa, nos encurvamos aos poucos numa tela de computador, não é? Acho que até esse desenho crítico tá carecendo ser atualizado. Até onde nós nos agacharemos, hein? Tô achando que acabaremos rolando, que nem aquela pedra do Sísifo.

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